(Unesp 2016) REDAÇÃO Texto 1 Um dos traços característicos da vida moderna é oferecer inúmeras oportunidades de vermos (à distância, por meio de fotos e vídeos) horrores que acontecem no mundo inteiro. Mas o que a representação da crueldade provoca em nós? Nossa percepção do sofrimento humano terá sido desgastada pelo bombardeio diário dessas imagens? Qual o sentido de se exibir essas fotos? Para despertar indignação? Para nos sentirmos mal, ou seja, para consternar e entristecer? Será mesmo necessário olhar para essas fotos? Tornamo-nos melhores por ver essas imagens? Será que elas, de fato, nos ensinam alguma coisa? Muitos críticos argumentam que, em um mundo saturado de imagens, aquelas que deveriam ser importantes para nós têm seu efeito reduzido: tornamo-nos insensíveis. Inundados por imagens que, no passado, nos chocavam e causavam indignação, estamos perdendo a capacidade de nos sensibilizar. No fim, tais imagens apenas nos tornam um pouco menos capazes de sentir, de ter nossa consciência instigada. (Susan Sontag. Diante da dor dos outros, 2003. Adaptado.) Texto 2 Quantas imagens de crianças mortas você precisa ver antes de entender que matar crianças é errado? Eu pergunto isso porque as mídias sociais estão inundadas com o sangue de inocentes. Em algum momento, as mídias terão de pensar cuidadosamente sobre a decisão de se publicar imagens como essas. No momento, há, no Twitter particularmente, incontáveis fotos de crianças mortas. Tais fotos são tuitadas e retuitadas para expressar o horror do que está acontecendo em várias partes do mundo. Isto é obsceno. Nenhuma dessas imagens me persuadiu a pensar diferentemente do modo como eu já pensava. Eu não preciso ver mais imagens de crianças mortas para querer um acordo político. Eu não preciso que você as tuite para me mostrar que você se importa. Um pequeno cadáver não é um símbolo de consumo público. (Suzanne Moore. Compartilhar imagens de cadáveres nas mídias sociais não é o modo de se chegar a um cessar-fogo. www.theguardian.com, 21.07.2014. Adaptado.) Texto 3 A morbidez deve ser evitada a todo custo, mas imagens fotográficas chocantes que podem servir a propósitos humanitários e ajudar a manter vivos na memória coletiva horrores inomináveis (dificultando, com isso, a ocorrência de horrores similares) devem ser publicadas. (Carlos Eduardo Lins da Silva. Muito além de Aylan Kurdi. http://observatoriodaimprensa.com.br, 08.09.2015. Adaptado.) Texto 4 Diretor da ONG Human Rights Watch, Peter Bouckaert publicou em seu Twitter a foto do menino sírio de 3 anos que se afogou. Ele explicou sua decisão: Alguns dizem que a imagem é muito ofensiva para ser divulgada. Mas ofensivo é aparecerem crianças afogadas em nossas praias quando muito mais pode ser feito para evitar suas mortes. (Diretor de ONG explica publicação de foto de criança. Folha de S.Paulo, 03.09.2015. Adaptado.) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: Publicação de imagens trágicas: banalização do sofrimento ou forma de sensibilização?
(UNESP - 2016/2 - 2a fase) REDAO Texto 1 Texto 2 O que o Estatuto da Famlia? um projeto de lei que tramita na Cmara dos Deputados. O texto desse projeto tenta definir o que pode ser considerado uma famlia no Brasil. Ou seja, o projeto prope regras jurdicas para definir quais grupos podem ser considerados uma famlia perante a lei. (O que o Estatuto da Famlia?. www.cartacapital.com.br, 25.10.2015. Adaptado.) Texto 3 famlia como o ncleo social formado a partir da unio entre um homem e uma mulher, por meio de casamento ou unio estvel, ou ainda por comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes. (Anderson Ferreira [deputado federal pelo PR]. Projeto de Lei no 6583/2013. www.camara.gov.br, 16.10.2015. Adaptado.) Texto 4 O Estatuto da Famlia veio num momento bastante oportuno. Nunca a principal instituio da sociedade e o matrimnio foram to atacados como nos dias atuais. Basta ver crianas e adolescentes sendo aliciados para o mundo do crime e das drogas, a violncia domstica, a gravidez na adolescncia, os programas televisivos cada vez mais imorais e violentos, sem falar na visvel deturpao do conceito de matrimnio e na banalizao dos valores familiares conquistados h dcadas. Tudo isso repercute negativamente na dinmica psicossocial do indivduo. O Estatuto da Famlia no deveria causar tanto alvoroo no que se refere ao conceito de famlia. A definio no minha e de nenhum parlamentar. a Carta Constitucional que, assim, restringe sua composio. No tem nada a ver com preconceito ou discriminao. (Sstenes Cavalcante [deputado federal pelo PSD]. Estatuto da Famlia base para sociedade mais justa, fraterna e desenvolvida. http://congressoemfoco.uol.com.br, 08.10.2015. Adaptado.) Texto 5 A ONU no Brasil disse estar acompanhando com preocupao a tramitao, no Congresso Nacional, da Proposio Legislativa que institui o Estatuto da Famlia, especialmente quanto ao conceito de famlia e seus impactos para o exerccio dos direitos humanos. Citando tratados internacionais, a ONU afirmou ser importante assegurar que outros arranjos familiares, alm do formado por casal heteroafetivo, tambm sejam igualmente protegidos como parte dos esforos para eliminar a discriminao: Negar a existncia destas composies familiares diversas, para alm de violar os tratados internacionais, representa uma involuo legislativa. (Brasil: ONU est preocupada com projeto de lei que define conceito de famlia. http://nacoesunidas.org, 27.10.2015.) Com base nos textos apresentados e em seus prprios conhecimentos, escreva uma dissertao, empregando a norma-padro da lngua portuguesa, sobre o tema: O conceito de famlia proposto pelo Estatuto da Famlia: discriminao contra outros arranjos familiares?