(UNESP - 2019 - 2 fase) Texto 1 Qual seria a [religio] menos m? No seria a mais simples? No seria a que ensinasse muita moral e poucos dogmas? A que se empenhasse em tornar os homens justos sem os tornar absurdos? A que no ordenasse a crena em coisas impossveis, contraditrias, injuriosas para a Divindade e perniciosas para o gnero humano e no se atrevesse a ameaar com penas eternas quem quer que tivesse um juzo normal? No seria a que no sustentasse a sua crena com carrascos e no inundasse a terra com sangue por causa de sofismas ininteligveis? [...] A que unicamente ensinasse a adorao de um s Deus, a justia, a tolerncia e a humanidade? (Franois M. A. de Voltaire. Dicionrio filosfico, 1984.) Texto 2 [A religio crist] ensina [...] aos homens estas duas verdades: tanto que h um Deus de que os homens so capazes, quanto que h uma corrupo na natureza que os torna indignos dele. Importa igualmente aos homens conhecer um e outro desses pontos; e igualmente perigoso para o homem conhecer a Deus sem conhecer a prpria misria, e conhecer a prpria misria sem conhecer o Redentor que pode cur-lo dela. Um s desses conhecimentos faz ou a soberba dos filsofos que conheceram a Deus, e no a sua misria, ou o desespero dos ateus, que conhecem a sua misria sem o Redentor. (Blaise Pascal. Pensamentos, 2015.) a) Com base no texto 1, justifique por que Voltaire foi um pensador que defendeu a emancipao do gnero humano. Explique por que o carter dogmtico da religio irracionalista. b) Justifique por que o texto 2 apresenta um olhar positivo sobre a religio, quando comparado ao texto 1. Explique por que Pascal pode ser considerado um telogo.
(UNESP - 2019 - 2 FASE) Texto 1 O Iluminismo no somente uso crtico da razo; tambm o compromisso de utilizar a razo e os resultados que ela pode obter nos vrios campos de pesquisa para melhorar a vida individual e social do homem. O compromisso de transformao, prprio do Iluminismo, leva concepo da histria como progresso, ou seja, como possibilidade de melhoria do ponto de vista do saber e dos modos de vida do homem. Por outro lado, na cultura contempornea, a crena no progresso foi muito abalada pela experincia das duas guerras mundiais e pelas mudanas que elas produziram no campo da histria. (Nicola Abbagnano. Dicionrio de filosofia, 2000. Adaptado.) Texto 2 H um quadro de [Paul] Klee que se chama Angelus Novus. Representa um anjo que parece querer afastar-se de algo que ele encara fixamente. Seus olhos esto escancarados, sua boca dilatada, suas asas abertas. O anjo da histria deve ter esse aspecto. Seu rosto est dirigido para o passado. Onde ns vemos uma cadeia de acontecimentos, ele v uma catstrofe nica, que acumula incansavelmente runa sobre runa e as dispersa a nossos ps. Ele gostaria de deter-se para acordar os mortos e juntar os fragmentos. Mas uma tempestade sopra do paraso e prende-se em suas asas com tanta fora que ele no pode mais fech-las. Essa tempestade o impele irresistivelmente para o futuro, ao qual ele vira as costas, enquanto o amontoado de runas cresce at o cu. Essa tempestade o que chamamos progresso. (Walter Benjamin. Sobre o conceito de histria. In: Magia e tcnica, arte e poltica, 1987.) a) De acordo com o texto 1, qual a relao entre razo e progresso? Explique o papel contraditrio da cincia para a realizao do progresso na histria. b) Cite as informaes do texto 1 que justificam a concepo de Walter Benjamin sobre o progresso. Explique por que, segundo Benjamin, a histria pode ser entendida como progresso da barbrie.
(UNESP - 2019 - 2 fase) Texto 1 Para Ren Descartes, o que fundamenta o mtodo universal para conhecer o mundo a reta razo, que pertence a todos os homens, sendo a coisa mais bem distribuda do mundo. Mas o que essa reta razo? A faculdade de julgar bem e distinguir o verdadeiro do falso propriamente aquilo que se chama bom senso ou razo, que naturalmente igual em todos os homens. A unidade das cincias remete unidade da razo. E a unidade da razo remete unidade do mtodo. O saber deve basear-se na razo e repetir sua clareza e distino, que so os nicos pressupostos irrenunciveis do novo saber. (Giovanni Reale e Dario Antiseri. Histria da filosofia, 1990. Adaptado.) Texto 2 Quase sem exceo, os filsofos colocaram a essncia da mente no pensamento e na conscincia. O homem era o animal consciente, o animal racional. Mas, para Schopenhauer, a conscincia a simples superfcie da nossa mente. Sob o intelecto consciente est a vontade inconsciente, uma fora vital, persistente, uma vontade de desejo imperioso. s vezes, pode parecer que o intelecto dirija a vontade, mas s como um guia conduz o seu mestre. Ns no queremos uma coisa porque encontramos motivos para ela, encontramos motivos para ela porque a queremos; chegamos at a elaborar filosofias e teologias para disfarar os nossos desejos. Da a inutilidade da lgica: ningum jamais convenceu algum usando a lgica. Para convencer um homem, preciso apelar para o seu interesse pessoal, seus desejos, sua vontade. (Will Durant. A histria da filosofia, 1996. Adaptado.) a) Com base no texto 1, justifique por que o mtodo de Descartes aspira universalidade. Explique a importncia da matemtica para a produo de conhecimentos dotados de clareza e distino. b) Em que consiste a ruptura filosfica estabelecida por Schopenhauer na relao entre razo e emoo? Explique a diferena entre Descartes e Schopenhauer quanto ao papel da conscincia na relao com a realidade.
(UNESP - 2019 - 2 fase) Coprnico tira a Terra do centro do Universo e, com ela, o homem. A revoluo cientfica no consistiu somente em adquirir teorias novas e diferentes das anteriores sobre a astronomia, o corpo humano e o planeta. A revoluo cientfica foi uma revoluo da ideia de saber e de cincia. A cincia no mais a intuio privilegiada do mago ou astrlogo iluminado, mas sim investigao e discurso sobre o mundo da natureza. Tratou-se de um processo verdadeiramente complexo que encontra seu resultado mais claro na autonomia da cincia em relao s proposies de f. O discurso qualifica-se porque procede com base nas experincias sensatas e nas demonstraes necessrias. A cincia cincia experimental. atravs do experimento que os cientistas tendem a obter proposies verdadeiras sobre o mundo. (Giovanni Reale e Dario Antiseri. Histria da filosofia, 1990. Adaptado.) a) A qual tese de Coprnico o texto faz referncia? Explique a diferena entre a intuio do mago e a cinciaexperimental. b) Justifique, com base no texto, por que a revoluo cientfica implicou a superao do teocentrismo. Explique a importncia do experimento para a superao de concepes dogmticas de mundo.
(UNESP - 2019 - 2 FASE) Leia o trecho do ensaio A transitoriedade, de Sigmund Freud (1856-1939), para responder a questo. Algum tempo atrs, fiz um passeio por uma rica paisagem num dia de vero, em companhia de um poeta jovem, mas j famoso. O poeta admirava a beleza do cenrio que nos rodeava, porm no se alegrava com ela. Era incomodado pelo pensamento de que toda aquela beleza estava condenada extino, pois desapareceria no inverno, e assim tambm toda a beleza humana e tudo de belo e nobre que os homens criaram ou poderiam criar. Tudo o mais que, de outro modo, ele teria amado e admirado, lhe parecia despojado de valor pela transitoriedade que era o destino de tudo. Sabemos que tal preocupao com a fragilidade do que belo e perfeito pode dar origem a duas diferentes tendncias na psique. Uma conduz ao doloroso cansao do mundo mostrado pelo jovem poeta; a outra, rebelio contra o fato constatado. No, no possvel que todas essas maravilhas da natureza e da arte, do nosso mundo de sentimentos e do mundo l fora, venham realmente a se desfazer. Seria uma insensatez e uma blasfmia acreditar nisso. Essas coisas tm de poder subsistir de alguma forma, subtradas s influncias destruidoras. Ocorre que essa exigncia de imortalidade to claramente um produto de nossos desejos que no pode reivindicar valor de realidade. Tambm o que doloroso pode ser verdadeiro. Eu no pude me decidir a refutar a transitoriedade universal, nem obter uma exceo para o belo e o perfeito. Mas contestei a viso do poeta pessimista, de que a transitoriedade do belo implica sua desvalorizao. Pelo contrrio, significa maior valorizao! Valor de transitoriedade valor de raridade no tempo. A limitao da possibilidade da fruio aumenta a sua preciosidade. incompreensvel, afirmei, que a ideia da transitoriedade do belo deva perturbar a alegria que ele nos proporciona. Quanto beleza da natureza, ela sempre volta depois que destruda pelo inverno, e esse retorno bem pode ser considerado eterno, em relao ao nosso tempo de vida. Vemos desaparecer a beleza do rosto e do corpo humanos no curso de nossa vida, mas essa brevidade lhes acrescenta mais um encanto. Se existir uma flor que floresa apenas uma noite, ela no nos parecer menos formosa por isso. Tampouco posso compreender por que a beleza e a perfeio de uma obra de arte ou de uma realizao intelectual deveriam ser depreciadas por sua limitao no tempo. Talvez chegue o dia em que os quadros e esttuas que hoje admiramos se reduzam a p, ou que nos suceda uma raa de homens que no mais entenda as obras de nossos poetas e pensadores, ou que sobrevenha uma era geolgica em que os seres vivos deixem de existir sobre a Terra; mas se o valor de tudo quanto belo e perfeito determinado somente por seu significado para a nossa vida emocional, no precisa sobreviver a ela, e portanto independe da durao absoluta. (Introduo ao narcisismo, 2010. Adaptado.) a)Explique sucintamente a diferena entre a viso de Freud e a viso do jovem poeta sobre a transitoriedade do belo. b)Transcreva do segundo pargrafo uma orao em que a ocorrncia de vrgula indica a supresso de um verbo. Identifique o verbo suprimido nessa orao.
(UNESP - 2019 - 1 FASE ) Galileu tornou-se o criador da fsica moderna quando anunciou as leis fundamentais do movimento. Formulando tais princpios, ele estruturou todo o conhecimento cientfico da natureza e abalou os alicerces que fundamentavam a concepo medieval do mundo. Destruiu a ideia de que o mundo possui uma estrutura finita, hierarquicamente ordenada e substituiu-a pela viso de um universo aberto, infinito. Ps de lado o finalismo aristotlico e escolstico, segundo o qual tudo aquilo que ocorre na natureza ocorre para cumprir desgnios superiores; e mostrou que a natureza fundamentalmente um conjunto de fenmenos mecnicos. (Jos Amrico M. Pessanha. Galileu Galilei, 2000. Adaptado.) A importncia da obra de Galileu para o surgimento da cincia moderna justifica-se porque seu pensamento
(UNESP - 2019 - 1 FASE ) O zologo Richard Dawkins e o paleontlogo Simon Conway Morris tm muito em comum: lecionam nas mais prestigiadas universidades da Gr-Bretanha [] e compartilham opinies e crenas cientficas quando o tema a origem da vida. Para ambos, a riqueza da biosfera na Terra explicada mais do que satisfatoriamente pela teoria da seleo natural, de Charles Darwin. [] Num encontro realizado na Universidade de Cambridge, porm, eles protagonizaram um novo round de um debate que divide a humanidade desde que o mundo mundo: Deus existe? Morris, cristo convicto, afirmou [em sua palestra] que a misteriosa habilidade da natureza para convergir em criaturas morais e adorveis como os seres humanos uma prova de que o processo evolutivo obra de Deus. J o agnstico Dawkins disse que o poder criativo da evoluo reforou sua convico de que vivemos num mundo puramente material. (Rodrigo Cavalcante. Procura-se Deus. https://super.abril.com.br, 31.10.2016.) O conflito de opinies entre os dois cientistas ilustra a oposio entre
(UNESP - 2019 - 1 FASE) A maior violao do dever de um ser humano consigo mesmo, considerado meramente como um ser moral (a humanidade em sua prpria pessoa), o contrrio da veracidade, a mentira []. A mentira pode ser externa [] ou, inclusive, interna. Atravs de uma mentira externa, um ser humano faz de si mesmo um objeto de desprezo aos olhos dos outros; atravs de uma mentira interna, ele realiza o que ainda pior: torna a si mesmo desprezvel aos seus prprios olhos e viola a dignidade da humanidade em sua prpria pessoa []. Pela mentira um ser humano descarta e, por assim dizer, aniquila sua dignidade como ser humano. [] possvel que [a mentira] seja praticada meramente por frivolidade ou mesmo por bondade; aquele que fala pode, at mesmo, pretender atingir um fim realmente benfico por meio dela. Mas esta maneira de perseguir este fim , por sua simples forma, um crime de um ser humano contra sua prpria pessoa e uma indignidade que deve torn-lo desprezvel aos seus prprios olhos. (Immanuel Kant. A metafsica dos costumes, 2010.) Em sua sentena dirigida mentira, Kant