(UNICAMP - 2003 - 2 fase - Questão 22)
“Estico o braço para o chuveiro, ponho a mão na torneira [...] fazendo-a girar para a esquerda. Acabo de acordar, [...] mas estou perfeitamente consciente de que o gesto que faço [...] me põe em contato ao mesmo tempo com a cultura e a natureza. [...] é preciso agüentar a espera de um segundo inteiro, um segundo de incerteza em que nada me garante que o mundo ainda tenha água [...] ou que pelo menos exista água suficiente para que eu possa recebê-la aqui, no vão de minhas mãos, longe como estou de qualquer represa e nascente no coração dessa fortaleza de cimento e asfalto [...]. Vem-me o pensamento de que a abundância em que nadei até hoje é precária e ilusória.”
(Italo Calvino, Um general na biblioteca, São Paulo, Cia. das Letras, 2001.)
a) Por que o ato de abrir a torneira coloca-nos em contato com a cultura e a natureza?
b) Por que a relativa abundância de água pode ser considerada precária e ilusória?