(UNICAMP - 2008 - 1a fase - Questo 1) Em 1348 a peste negra invadiu a Frana e, dali para a frente, nada mais seria como antes. Uma terrvel mortalidade atingiu o reino. A escassez de mo-de-obra desorganizou as relaes sociais e de trabalho. Os trabalhadores que restaram aumentaram suas exigncias. Um rogo foi dirigido a Deus, e tambm aos homens incumbidos de preservar Sua ordem na Terra. Mas foi preciso entender que nem a Igreja nem o rei podiam fazer coisa alguma. No era isso uma prova de que nada valiam? De que o pecado dos governantes recaa sobre a populao? Quando o historiador comea a encontrar tantas maldies contra os prncipes, novas formas de devoo e tantos feiticeiros sendo perseguidos, porque de repente comeou a se estender o imprio da dvida e do desvio. (Adaptado de Georges Duby, A Idade Mdia na Frana (987-1460): de Hugo Capeto a Joana dArc. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1992, p. 256-258.) a) A partir do texto, identifique de que maneira a peste negra repercutiu na sociedade da Europa medieval, em seus aspectos econmico e religioso. b) Indique caractersticas da organizao social da Europa medieval que refletiam a ordem de Deus na Terra.
(UNICAMP - 2008 - 1afase - Questo 2) TEXTO 3 COLETNEA Com 800 mil habitantes, o Rio de Janeiro era uma cidade perigosa. Espreitando a vida dos cariocas estavam diversos tipos de doenas, bem como autoridades capazes de promover sem qualquer cerimnia uma invaso de privacidade. A capital da jovem Repblica era uma vergonha para a nao. As polticas de saneamento de Oswaldo Cruz mexeram com a vida de todo mundo. Sobretudo dos pobres. A lei que tornou obrigatria avacinao foi aprovada pelo governo em 31 de outubro de 1904; sua regulamentao exigia comprovantes de vacinao para matrculas em escolas, empregos, viagens, hospedagens e casamentos. A reao popular, conhecida como Revolta da Vacina, se distinguiu pelo trgico desencontro de boas intenes: as de Oswaldo Cruz e as da populao. Mas em nenhum momento podemos acusar o povo de falta de clareza sobre o que acontecia sua volta. Ele tinha noo clara dos limites da ao do Estado. (Adaptado de Jos Murilo de Carvalho, Abaixo a vacina!. Revista Nossa Histria, ano 2, no . 13, novembro de 2004, p. 74.) A partir da leitura do texto 3 da coletnea e de seus conhecimentos, responda s questes abaixo: a) De que maneira as medidas sanitrias, no Rio de Janeiro do incio do sculo XX, mexeram com a vida de todo mundo, sobretudo dos pobres? b) Indique dois fatores que restringiam a participao poltica dos trabalhadores na Primeira Repblica.
(UNICAMP - 2008 - 2aFASE) Nada mais presente na vida cotidiana da coletividade do que a oratria, que partilha com o teatro a caracterstica de ser a manifestao cultural mais popular e mais praticada na Atenas clssica. A civilizao da Atenas clssica uma civilizao do debate. As reaes dos atenienses na Assembleia eram influenciadas por sua experincia como pblico do teatro e vice-versa. Trata-se de uma civilizao substancialmente oral. O grego era educado para escutar. O caminho de Scrates a Aristteles ilustra perfeitamente o percurso da cultura grega da oralidade civilizao da escrita, que corresponde, no plano poltico e social, passagem da cidade-estado ao ecumenismo helenstico. (Adaptado de Agostino Masaracchia, La prosa greca del V e del IV secolo a.C.. In: Giovanni DAnna (org.). Storia della letteratura greca. Roma: Tascabile Economici Newton, 1995, p. 52-54.) a) Estabelea relaes entre o modelo poltico vigente na Atenas clssica e a importncia assumida pelo teatro e pela oratria nesse perodo. b) Aponte caractersticas do perodo helenstico que o diferenciam da Atenas clssica.
(UNICAMP - 2008 - 2fase - Questo 4) Em 1750, o governador do Rio de Janeiro, conde de Bobadela, enviou uma carta ao Rei de Portugal, D. Joo V, na qual comentava a assinatura do Tratado de Madri: No tratado, a nossa demarcao passa por parte das Misses jesutas, e surpreende-me como os jesutas, to poderosos na Corte de Madri, no embaraaram a concluso desse tratado. Porm, pode ser que armem tantas dificuldades execuo do tratado, que tenhamos barreira para muitos anos. Como me persuado, Sua Majestade determinar no seja evacuada a Colnia do Sacramento, enquanto no houverem sido evacuadas as reas das Misses. (Adaptado de http://www.historiacolonial.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm) a) Quais as resolues do Tratado de Madri em relao s fronteiras coloniais? b) Quais as consequncias do Tratado de Madri para a atuao dos jesutas na Amrica portuguesa?
(UNICAMP - 2008 - 2fase - Questo 5) Em meados do sculo XVIII, o abade portugus Diogo Barbosa Machado colecionava vrios tipos de impressos: retratos, mapas e, principalmente, pequenas obras escritas, chamadas de folhetos. Esses folhetos divulgavam os mais diversos acontecimentos naquele mundo aps a inveno da imprensa, em 1450. Eram produzidos em rpidas e pequenas tiragens para agilizar sua difuso, dinamizando assim a comunicao nas sociedades da poca moderna. Essa coleo abrangia muitos folhetos relativos a Portugal e a seu imprio ultramarino, do sculo XVI ao XVIII. (Adaptado de Rodrigo Bentes Monteiro Jorge Miranda Leite, Os manifestos de Portugal. Reflexes acerca de um Estado moderno. In: Martha Abreu, Rachel Soihet, Rebeca Gontijo (orgs.). Cultura poltica e leituras do passado: historiografia e ensino de histria. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 2007, p. 113-114.) a) A partir do texto, explique a importncia dos folhetos em Portugal no sculo XVIII. b) Indique duas caractersticas da cultura letrada na Amrica portuguesa entre os sculos XVI e XVIII.
(UNICAMP - 2008 - 2fase - Questo 6) Sobre a transferncia da Corte de D. Joo VI para o Brasil, o historiador Kenneth Maxwell afirma: Novas instituies foram criadas pela coroa portuguesa, e a maioria delas foi estabelecida no Rio de Janeiro, que, assim, assumiu um papel centralizador dentro de uma Amrica portuguesa que antes era muito fragmentada no sentido administrativo. Houve resistncia a isso, principalmente em Pernambuco, em 1817. Mas, no final, o poder central foi mantido. (Adaptado de Kenneth Maxwell, Para Maxwell, pas no permite leituras convencionais. Entrevista concedida a Marcos Strecker. Folha de So Paulo, 25/11/2007, Mais, p. 5.) a) Segundo o texto, quais as mudanas suscitadas pela transferncia da Corte portuguesa para o Rio de Janeiro em 1808? b) Quais os objetivos do movimento de Pernambuco em 1817?
(UNICAMP - 2008 - 2fase - Questo 7) Na dcada de 1840, com a perspectiva do fim do trfico negreiro, o governo brasileiro comeou a interessar-se por fontes alternativas de mo-de-obra, encorajando a imigrao de trabalhadores pobres, moos e robustos e tentando fix-los nas fazendas de caf. Se os imigrantes tivessem de comprar terras e os preos fossem mantidos em alta, eles seriam obrigados a trabalhar alguns anos antes de poderem comprar seu prprio lote. A Lei de Terras foi aprovada em 18 de setembro de 1850, duas semanas aps a aprovao da lei contra o trfico de escravos. (Adaptado de Leslie Bethell e Jos Murilo de Carvalho, O Brasil da Independncia a meados do sculo XIX. In: Leslie Bethell (org.), Histria da Amrica Latina: da Independncia a 1870, vol. III. So Paulo: Edusp / Imprensa Oficial, 2001, p. 753-54, 766.) a) Como se dava o acesso terra antes e depois da promulgao da Lei de Terras de 1850? b) De que maneira a Lei de Terras de 1850 buscou promover o trabalho livre?
(UNICAMP - 2008 - 2fase - Questo 8) A biologia era essencial para uma ideologia burguesa teoricamente igualitria, pois deslocava a culpa das desigualdades humanas da sociedade para a natureza. As vinculaes entre biologia e ideologia so evidentes no intercmbio entre a eugenia e a gentica. A eugenia era essencialmente um movimento poltico, que acreditava que as condies do homem e da sociedade s poderiam melhorar atravs do incentivo reproduo de tipos humanos valorizados e da eliminao dos indesejveis. A eugenia s passou a ser considerada cientfica aps 1900, com o surgimento da gentica, que parecia sugerir que o cruzamento seletivo dos seres humanos segundo o processo mendeliano era possvel. (Adaptado de Eric Hobsbawm, A Era dos Imprios: 1875-1914. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992, p. 351-353.) a) Quais as implicaes polticas do desenvolvimento da gentica, no incio do sculo XX? b) Relacione a cincia do final do sculo XIX e a poltica externa europeia do perodo.
(UNICAMP - 2008 - 2fase - Questo 9) So Paulo, quem te viu e quem te v! Tinhas ento as tuas ruas sem calamento, iluminadas pela luz baa e amortecida de uns lampies de azeite; tuas casas, quase todas trreas, tinham nas janelas umas rtulas atravs das quais conversavam os estudantes com as namoradas; os carros de bois guinchavam pelas ruas carregando enormes cargas e guiados por mseros cativos. Eras ento uma cidade puramente paulista, hoje s uma cidade italiana!! Ests completamente transformada, com propores agigantadas, possuindo opulentos e lindssimos prdios, praas vastas e arborizadas, ruas todas caladas, cortadas por diversas linhas de bond, centenas de casas de negcios e a locomotiva soltando seus sibilos progressistas. (Adaptado de Alfredo Moreira Pinto, A cidade de So Paulo em 1900. So Paulo: Governo do Estado de So Paulo, 1979, p. 8-10.) a) Cite duas transformaes mencionadas no texto que marcam a oposio entre atraso e progresso. b) De que formas a economia cafeeira contribuiu para as transformaes observadas pelo autor?
(UNICAMP - 2008 - 2fase - Questo 10) De 1550 a 1930, o mercado de trabalho brasileiro est desterritorializado. S nos anos 1930-40 a reproduo ampliada da fora de trabalho passa a ocorrer inteiramente no interior do territrio nacional. (Adaptado de Luiz Felipe de Alencastro, O trato dos viventes: formao do Brasil no Atlntico Sul (sculos XVI e XVII). So Paulo: Companhia das Letras, 2000, p. 354.) a) Quais caractersticas do mercado de trabalho brasileiro, entre 1550 e 1930, permitem consider-lo desterritorializado? b) Indique duas mudanas do mercado de trabalho brasileiro ocorridas nas dcadas de 1930 e 1940.
(UNICAMP - 2008 - 2fase - Questo 11) Alguns comunistas franceses encontravam conforto na idia de que as atitudes de Stalin em relao aos opositores do regime poltico vigente na Unio Sovitica eram to justificadas pela necessidade quanto havia sido o Terror de 1793-1794, liderado por Robespierre. Talvez em outros pases, onde a palavra Terror no sugerisse to prontamente episdios de glria nacional e triunfo revolucionrio, essa comparao entre Robespierre e Stalin no tenha sido feita. (Adaptado de Eric Hobsbawn. Ecos da Marselhesa: dois sculos revem a Revoluo Francesa. So Paulo: Companhia das Letras, 1996, p. 67-68.) a) De acordo com o texto, o que permitiu aos comunistas a comparao entre os regimes de Robespierre e de Stalin? b) Quais os princpios polticos que definiam o regime sovitico?
(UNICAMP - 2008 - 2fase - Questo 12) Socialmente, os governos democratas de John F. Kennedy (1960-63) e Lyndon B. Johnson (1963-68) tentaram consolidar um New Deal suavizado. Ao mesmo tempo, os dois presidentes comprometeram o pas com uma guerra sangrenta no Vietn. (Adaptado de Sean Purdy, O sculo Americano. In: Leandro Karnal, Sean Purdy, Luiz Estevam Fernandes e Marcus Vinicius de Morais (orgs.). Histria dos Estados Unidos. Das origens ao sculo XXI. So Paulo: Contexto, 2007, p. 235.) a) O que foi o New Deal na dcada de 1930? b) Identifique as bandeiras polticas dos movimentos sociais nos Estados Unidos desse perodo.
(UNICAMP - 2008 - 2fase - Questo 2) Em 1478, o Papa Sisto IV assinou uma bula, atravs da qual fundou uma nova Inquisio na Espanha. Redigida como resposta s peties dos Reis catlicos, essa bula atribua a difuso das crenas e dos ritos judaicos entre cristos-novos de Castela e Arago tolerncia dos bispos e autorizava os reis a nomear trs inquisidores para cada uma das cidades ou dioceses dos reinos. Esse poder concedido aos prncipes era at ento reservado ao Papa. (Adaptado de Francisco Bethencourt, Histria das Inquisies. Portugal, Espanha e Itlia. Lisboa: Crculo de Leitores, 1994, p. 17.) a) A partir do texto, identifique os aspectos que definem a novidade da Inquisio fundada pelo papa Sisto IV. b) Quais as mudanas vividas pelos judeus na Espanha entre os sculos XV e XVI?
(UNICAMP - 2008 - 2fase - Questo 3) Como defensor dos ndios e denunciante das atrocidades dos conquistadores, frei Bartolom de Las Casas desenvolveu a imagem da destruio das ndias, que era produto da preocupao do frade com o futuro da sociedade que se organizava: a nova sociedade comeava distorcida, prenhe de desequilbrios e de injustias, carente dos mais elementares direitos. Com exceo de Las Casas, no sculo XVI prevaleceu a viso otimista da conquista: acreditava-se que a nova sociedade era inteiramente benfica para os aborgenes, pois se partia da premissa de que a civilizao europeia era superior civilizao americana. O importante era o resultado final, a propagao de valores cristos e a organizao de uma sociedade alicerada nesses valores. (Adaptado de Hector Hernn Bruit, Bartolom de Las Casas e a simulao dos vencidos: ensaio sobre a conquista hispnica da Amrica. Campinas: Editora da Unicamp; So Paulo: Iluminuras, 1995, p. 17, 55.) a) A partir do texto, identifique duas vises opostas sobre a conquista da Amrica, presentes no sculo XVI. b) Cite dois exemplos de mobilizao poltica das populaes indgenas na Amrica Latina contempornea.