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Questões de Redação - UNICAMP 2011 | Gabarito e resoluções

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Questão 1
2011Redação

(UNICAMP - 2011) TEXTO 1 Imagine-se como um jovem que, navegando pelo site da MTV, se depara com o grfico Os valores de uma gerao da pesquisa Dossi MTV Universo Jovem, e resolve comentar os dados apresentados, por meio do fale conosco da emissora. Nesse comentrio, voc, necessariamente, dever: a) comparar os trs anos pesquisados, indicando dois (2) valores relativamente estveis e duas (2) mudanas significativas de valores; b) manifestar-se no sentido de reconhecer-se ou no no perfil revelado pela pesquisa.

Questão 2
2011Redação

(UNICAMP - 2011) TEXTO 2 Coloque-se no lugar de um lder de grmio estudantil que tem recebido reclamaes dos colegas sobre o ensino de cincias em sua escola e que, depois de ler a entrevista com Tatiana Nahas na revista de divulgao cientfica Cincia Hoje, decide convid-la a dar uma palestra para os alunos e professores da escola. Escreva um discurso de apresentao do evento, adequado modalidade oral formal. Voc, necessariamente, dever: a) apresentar um diagnstico com trs (3) problemas do ensino de cincias em sua escola; e b) justificar a presena da convidada, mostrando em que medida as ideias por ela expressas na entrevista podem oferecer subsdios para a superao dos problemas diagnosticados. Escola na mdia Tatiana Nahas. Biloga e professora de ensino mdio, tuiteira e blogueira. Aos 34 anos, ela cuida da pgina Cincia na mdia, que, nas suas palavras, prope um olhar analtico sobre como a cincia e o cientista so representados na mdia. Cincia Hoje: perceptvel que seu blogue d destaque, cada vez mais, educao e ao ensino de cincias. Tatiana Nahas: Na verdade, uma retomada dessa direo. Eu j tinha um histrico de trabalho em projetos educacionais diversos. Mas, mais que isso tudo, acho que antes ainda vem o fato de que no dissocio sobremaneira pesquisa de ensino. E nem de divulgao cientfica. CH: Como voc leva a sua experincia na rede e com novas tecnologias para os seus alunos? TH: Eu no fao nenhuma separao que fique ntida entre o que est relacionado a novas tecnologias e o que no est. Simplesmente ora estamos usando um livro, ora os alunos esto criando objetos de aprendizagem relacionados a determinado contedo, como jogos. Um exemplo do que quero dizer: outro dia estvamos em uma aula de microscopia no laboratrio de biologia. Os alunos viram o microscpio, aprenderam a manipul-lo, conheceram um pouco sobre a histria dos estudos citolgicos caminhando em paralelo com a histria do desenvolvimento dos equipamentos pticos, etc. Em dado ponto da aula, tinham que resolver o problema de como estimar o tamanho das clulas que observavam. Contas feitas, discusso encaminhada, passamos para a projeo de uma ferramenta desenvolvida para a internet por um grupo da Universidade de Utah. Foi um complemento perfeito para a aula. Os alunos no s adoraram, como tiveram a possibilidade de visualizar diferentes clulas, objetos, estruturas e tomos de forma comparativa, interativa, divertida e extremamente clara. Por melhor que fosse a aula, no teria conseguido o alcance que essa ferramenta propiciou. Veja, no estou competindo com esses recursos e nem usando-os como muleta. Esses recursos so exatamente o que o nome diz: recursos. Tm que fazer parte da educao porque fazem parte do mundo, simples assim. Ah, mas e o monte de bobagens que encontramos na internet? Bom, mas h um monte de bobagens tambm nos jornais, nos livros e em outros meios mais consolidados. H um monte de bobagens mesmo nos livros didticos. A questo est no que deve ser o foco da educao: o contedo puro e simples ou as habilidades de relacionar, de interpretar, de extrapolar, de criar, etc.? CH: Voc acha que necessrio mudar muita coisa no ensino de cincias, especificamente? TN: Eu diria que h duas principais falhas no nosso ensino de cincias. Uma reside no quase completo esquecimento da histria da cincia na sala de aula, o que faz com que os alunos desenvolvam a noo de que ideias e teorias surgem repentinamente e prontas na mente dos cientistas. Outra falha que vejo est no fato de que pouco se exercita o mtodo cientfico ao ensinar cincias. No d para esperar que o aluno entenda o modus operandi da cincia sem mostrar o mtodo cientfico e o processo de pesquisa, incluindo os percalos inerentes a uma investigao cientfica. Sem mostrar a construo coletiva da cincia. Sem mostrar que a controvrsia faz parte do processo de construo do conhecimento cientfico e que h muito desenvolvimento na cincia a partir dessas controvrsias. Caso contrrio, teremos alunos que faro coro com a mdia da populao que se queixa, ao ouvir notcias de jornal, que os cientistas no se resolvem e uma hora dizem que manteiga faz bem e outra hora dizem que manteiga faz mal. Ou seja, j temos alguns meios de divulgao que no compreendem o funcionamento da cincia e a divulgam de maneira equivocada. Vamos tambm formar leitores acrticos? (Adaptado de Thiago Camelo, Cincia Hoje On-line. Disponvel em http.cienciahoje.com.br. Acesso em: 04/03/2010.)

Questão 3
2011Redação

(UNICAMP - 2011) TEXTO 3 Coloque-se na posio de um articulista que, ao fazer uma pesquisa sobre as recentes catstrofes ocorridas em funo das chuvas que afetaram o Brasil a partir do final de 2009, encontra a crnica de Drummond, publicada em 1966, e decide dialogar com ela em um artigo jornalstico opinativo para uma srie especial sobre cidades, publicada em revista de grande circulao. Nesse artigo voc, necessariamente, dever: a) relacionar trs (3) problemas enfrentados recentemente pelas cidades brasileiras em funo das chuvas com aqueles trabalhados na crnica; b) mostrar em que medida concorda com a viso do cronista sobre a questo. Os dias escuros Carlos Drummond de Andrade Amanheceu um dia sem luz mais um e h um grande silncio na rua. Chego janela e no vejo as figuras habituais dos primeiros trabalhadores. A cidade, ensopada de chuva, parece que desistiu de viver. S a chuva mantm constante seu movimento entre montono e nervoso. hora de escrever, e no sinto a menor vontade de faz-lo. No que falte assunto. O assunto a est, molhando, ensopando os morros, as casas, as pistas, as pessoas, a alma de todos ns. Barracos que se desmancham como armaes de baralho e, por baixo de seus restos, mortos, mortos, mortos. Sobreviventes mariscando na lama, pesquisa de mortos e de pobres objetos amassados. Depsito de gente no cho das escolas, e toda essa gente precisando de colcho, roupa de corpo, comida, medicamento. O calhau solto que fez parar a adutora. Ruas que deixam de ser ruas, porque no do mais passagem. Carros submersos, avies e nibus interestaduais paralisados, corrida a mercearias e supermercados como em dia de revoluo. O desabamento que acaba de acontecer e os desabamentos programados para daqui a poucos instantes. Este, o Rio que tenho diante dos olhos, e, se no saio rua, nem por isso a imagem menos ostensiva, pois a televiso traz para dentro de casa a variada pungncia de seus horrores. Sim, admirvel o esforo de todo mundo para enfrentar a calamidade e socorrer as vtimas, esforo que chega a ser perturbador pelo excesso de devotamento desprovido de tcnica. Mas se no fosse essa mobilizao espontnea do povo, determinada pelo sentimento humano, revelia do governo incitando-o ao, que seria desta cidade, to rica de galas e bens suprfluos, e to miservel em sua infraestrutura de submoradia, de subalimentao e de condies primitivas de trabalho? Mobilizao que de certo modo supre o eterno despreparo, a clssica desarrumao das agncias oficiais, fazendo surgir de improviso, entre a dor, o espanto e a surpresa, uma corrente de afeto solidrio, participante, que procura abarcar todos os flagelados. Chuva e remorso juntam-se nestas horas de pesadelo, a chuva matando e destruindo por um lado, e, por outro, denunciando velhos erros sociais e omisses urbansticas; e remorso, por que escond-lo? Pois deve existir um sentimento geral de culpa diante de cidade to desprotegida de armadura assistencial, to vazia de meios de defesa da existncia humana, que temos o dever de implantar e entretanto no implantamos, enquanto a chuva cai e o bueiro entope e o rio enche e o barraco desaba e a morte se instala, abatendo-se de preferncia sobre a mo de obra que dorme nos morros sob a ameaa contnua da natureza; a mo de obra de hoje, esses trabalhadores entregues a si mesmos, e suas crianas que nem tiveram tempo de crescer para cumprimento de um destino annimo No dia escuro, de ms notcias esvoaando, com a esperana de milhes de seres posta num raio de sol que teima em no romper, no h alegria para a crnica, nem lhe resta outro sentido seno o triste registro da fragilidade imensa da rica, poderosa e martirizada cidade do Rio de Janeiro. Correio da Manh, 14/01/1966

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