Questões de História - UNICAMP 2017 | Gabarito e resoluções

(UNICAMP - 2017- 2 FASE) Onde est aquela tua prudncia? Onde est a sagacidade nas coisas que se devem discernir? Onde est a grandeza de alma? J as pequenas coisas te afligem? (....) Nenhuma destas coisas inslita, nenhuma inesperada. Ofender-te com estas coisas to ridculo quanto te queixares porque caste em pblico ou porque te sujaste na lama. (...) O inverno faz vir o frio: necessrio gelar. O tempo traz de novo o calor: necessrio arder. A intemprie do cu provoca a sade: necessrio adoecer. Uma fera em algum lugar se aproximar de ns, e um homem mais pernicioso que todas as feras. Algo a gua, algo o fogo nos retirar. Esta condio das coisas no podemos mudar. Mas isto podemos: adotar um esprito elevado e digno do homem nobre para que corajosamente suportemos as coisas fortuitas e nos harmonizemos com a Natureza. (Sneca, Carta de Sneca a Luclio, CVII. Prometeus, Macei, ano 1 - n1, p.121, jan.-jun. 2008. Disponvel em https://www.academia.edu/4204064. Acessado em 19/12/2016.) A partir da leitura do texto escrito pelo filsofo Sneca, a) identifique e explique um princpio do estoicismo latino; b) cite dois legados culturais do mundo romano, alm da filosofia, para a tradio ocidental.

(UNICAMP -2017- 2aFASE) Ao analisar A primeira missa no Brasil, obra de 1860, feita por Victor Meirelles e exposta atualmente no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, o historiador Rafael Cardoso inseriu o quadro no gnero da pintura histrica. Para o autor, tal gnero deveria partir de um grande e elevado tema e mostrar o domnio do pintor de um amplo leque de informaes no pictricas. Ou seja, em meados do sculo XIX, tanto a correo da indumentria representada quanto o esprito cvico da obra eram sujeitos a exame detalhado. O quadro teria grandes formatos, composies complexas e perfeito acabamento. A realizao de uma pintura assim poderia levar anos e geralmente correspondia a um atestado de amadurecimento do pintor. (Adaptado de Rafael Cardoso, A arte brasileira em 25 quadros (1790-1930). Rio de Janeiro/So Paulo: Record, 2008, p. 54-55.) a) Explique as razes pelas quais podemos considerar que a obra em questo baseada em uma noo de histria oficial e heroica. b) Qual era a viso predominante dos integrantes da Semana de Arte Moderna de 1922 em relao arte acadmica? Justifique sua resposta.

(UNICAMP -2017- 2 FASE) Projeto de uma vila agrcola Teresa para dez famlias, que podero chegar a cem. O nome foi dado em homenagem imperatriz d. Teresa Cristina pelo autor do projeto, o mdico Jean Maurice Faivre. A planta mostra, ao centro, uma fonte rodeada de rvores, tendo ao lado uma casa comunitria com biblioteca, gabinete de histria natural e laboratrio de qumica e fsica, tambm cercada de rvores. Ao redor esto dispostas dez casas assobradadas com jardins e rvores circundantes, em meio a uma vrzea aprazvel. Nos arredores situam-se moinhos; um estabelecimento para tecelagem; serraria, forja e carpintaria; olaria e cemitrio. Encorajado pelo imperador, Faivre trouxe da Frana uma leva de imigrantes. Instalou-se com eles no interior do Paran, s margens do rio Iva, onde fundou uma colnia, Teresina, de efmera durao. (Litografia. 32,5 x 18 cm. Rio de Janeiro, s.d. IHGB. Em Joo Antnio de Paula, O processo econmico, em Lilia Moritz Schwarcz (dir.), Histria do Brasil Nao. Vol 2. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012, p. 201.) a) Cite e explique um princpio do discurso da medicina sanitarista desenvolvida no sculo XIX, presente na constituio da vila agrcola Teresa. b) Contextualize o cenrio poltico do Brasil Imprio que incentivou o estabelecimento das colnias agrcolas.

(UNICAMP -2017- 2 FASE) (Disponvel em https://desertpeace.wordpress.com/2016/09/09/assorted-toons-for-the-end-of-the-week/cr1n3uyxeaa1o7f. Acessado em 10/11/2016.) A charge de Carlos Latuff, publicada em 2016, faz associaes sobre diversos processos do mundo contemporneo. A primeira-ministra britnica, Theresa May, ouve uma voz enquanto carrega tijolos para a construo de um polmico muro em Calais, na Frana. a) Explique qual a justificativa histrica para a exclamao hipcritas oriunda do muro de Berlim. b) Por que a questo dos muros tornou-se um assunto recorrente na poltica internacional do sculo XXI? Justifique sua resposta a partir de uma das referncias da charge.

(UNICAMP - 2017- 2 FASE) O ano de 1968 foi modelar: protestos, tumultos e motins em Praga, Chicago, Paris, Tquio, Belgrado, Roma, Mxico, Santiago... Da mesma maneira que as epidemias medievais no respeitavam as fronteiras religiosas nem as hierarquias sociais, a rebelio juvenil anulou as classificaes ideolgicas. No Mxico, as reivindicaes se resumiam a uma palavra: democratizao. Os jovens pediram repetidas vezes dilogo entre o governo e os estudantes. A atitude dos estudantes dava ao governo a possibilidade de reorientar sua poltica. Bastaria ouvir o que o povo dizia por meio das reivindicaes juvenis; ningum esperava uma mudana radical, mas sim maior flexibilidade e uma volta tradio da Revoluo Mexicana, que nunca foi muito dogmtica e sim muito sensvel s mudanas no nimo popular. (Adaptado de Octavio Paz, O labirinto da solido. So Paulo: Cosac Naify, 2014, p. 215; 222.) A partir do texto e de seus conhecimentos, a) caracterize o sistema poltico mexicano em 1968 e indique um aspecto da Revoluo Mexicana (1910- 1917) reivindicado pelos estudantes naquele contexto; b) cite dois instantes do protagonismo juvenil na histria brasileira aps 1960.

(UNICAMP - 2017- 2 FASE) Naquele lugar, a guerra tinha morto a histria. Pelos caminhos s as hienas se arrastavam, focinhando entre cinzas e poeiras. A paisagem se mestiara de tristezas nunca vistas, em cores que se pegavam boca. () Aqui, o cu se tornara impossvel. E os viventes se acostumaram ao cho, em resignada aprendizagem da morte. A estrada que agora se abre aos nossos olhos no se entrecruza com outra nenhuma. (...) Um velho e um mido vo seguindo pela estrada. () Fogem da guerra, dessa guerra que contaminara toda sua terra. Vo na iluso de, mais alm, haver um refgio tranquilo. Avanam descalos, suas vestes tm a mesma cor do caminho. O velho se chama Tuahir. magro, parece ter perdido toda sua substncia. O jovem se chama Muidinga. Caminha frente desde que sara do campo de refugiados. (Mia Couto, Terra sonmbula. So Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 9-10.) O trecho acima, escrito por Mia Couto, traz uma narrativa sobre o cenrio de guerra de Moambique ps-independncia (1977-1992). A partir do texto, responda s questes abaixo. a) O que so refugiados? Explique, relacionando-os ao processo moambicano. b) Apresente dois elementos histricos comuns a Angola e Moambique, aps a independncia do domnio portugus.

(UNICAMP - 2017 - 1FASE)Rios caudalosos, florestas impenetrveis, tribos indgenas desconhecidas e histrias de animais gigantes que se alimentamde seres humanos. Um cenrio assustador para a maioria, masperfeito para aventureiros em busca de fama e riqueza no final dosculo XIX e incio do XX. Foi nessa poca que a Amazniarecebeu milhares de trabalhadores para a indstria de extrao daborracha e para a construo de uma ferrovia de quase 400quilmetros, que escoaria essa produo cortando os rios Madeira e Mamor, a oeste do atual estado de Rondnia. A construo da Estrada de Ferro Madeira-Mamor

(UNICAMP - 2017 - 1 FASE) Era o dia 6 de agosto de 1945. O avio B-29, Enola Gay,comandado pelo coronel Paul Tibbets, sobrevoouHiroshima a 9.448 metros de altitude e, quando os ponteiros do relgio indicaram 8h16, bombardeou-a comuma bomba de fisso nuclear de urnio, com 3 m decomprimento e 71,1 centmetros de dimetro e 4,4toneladas de peso. A bomba foi detonada a 576 metros dosolo. Um colossal cogumelo de fumaa envolveu a regio.Corpos carbonizados jaziam por toda parte. Atnitos,sobreviventes vagavam pelos escombros procura decomida, gua e abrigo. Seus corpos estavam dilacerados,queimados, mutilados. Cerca de 40 minutos aps aexploso, caiu uma chuva radioativa. Muitos se banharame beberam dessa gua. Seus destinos foram selados. A exploso da bomba mencionada no texto

(UNICAMP - 2017 - 1 fase) Leia os versos iniciais do poema The White Mans Burden(O fardo do homem branco). Take up the White Mans burden Send forth the best ye breed - Go send your sons to exile To serve your captives need To wait in heavy harness On fluttered folk and wild- Your new-caught, sullen peoples, Half devil and half child (...) (Rudyard Kipling, Rudyard Kiplings Verse. Disponvel em http://kiplingsociety.co.uk/poems_burden.htm. Acessado em 17/10/2016.) O poema de Rudyard Kipling foi escrito em Londres, em 1898,aps a estadia do autor nos EUA. Considerando-se o contextodo imperialismo do sculo XIX, o poeta expressa

(UNICAMP - 2017 - 1 FASE) A imagem acima retrata parte do mosaico romano de Nennig, um dos mais bem conservados que se encontramat o momento no norte da Europa. A composio contacom mais de e apresenta como tema cenasprprias de um anfiteatro romano. A partir da leitura da imagem e do conhecimento sobre operodo em questo, pode-se afirmar corretamente que aimagem representa

(UNICAMP - 2017 - 1 FASE) O documento abaixo foi redigido pelo governador dePernambuco, Caetano de Melo e Castro, em 18 de agosto de1694, para comunicar ao Rei de Portugal a tomada da Serra daBarriga. (...) No me parece dilatar a Vossa Majestade da gloriosarestaurao dos Palmares, cuja feliz vitria seno avalia pormenos que a expulso dos holandeses, e assim foi festejada por todos estes povos com seis dias de luminrias. (...) Osnegros se achando de modo poderosos que esperavam onosso exrcito metidos na serra (....), fiando-se na aspereza do stio, na multido dos defensores. (...) Temeu-se muito a runadestas Capitanias quando vista de tamanho exrcito erepetidos socorros como haviam ido para aquela campanha deixassem de ser vencidos aqueles rebeldes poisimbativelmente se lhes unir-se os escravos todos destesmoradores (....). Sobre o documento acima e seus significados atuais, corretoafirmar que

(UNICAMP - 2017 - 1 FASE) A dona de casa entre as classes populares urbanas umapersonagem maior e majoritria. A dona de casa no temmuitas papas na lngua. Muitas vezes uma rebelde, tantona vida privada quanto na vida pblica. E no raro paga umalto preo por isso, como alvo principal de violncias quepodem chegar ao crime passional. A mulher das classes populares nas sociedades urbanasdo sculo XIX na Europa

(UNICAMP - 2017- 1 FASE) O escritor Jos de Alencar relata como ocorriam as reunies do Clube da Maioridade, realizadas na casa de seu pai em 1840. Discutia-se nessas ocasies a antecipao da maioridade do imperador D. Pedro II, ento com apenas 14 anos, para que ele pudesse assumir o trono antes do tempo determinado pela Constituio. No fim da vida, Jos de Alencar rememora os episdios de sua infncia e chega a uma surpreendente concluso: os polticos que frequentavam sua casa na ocasio iam l no porque estavam pensando no futuro do pas, mas apenas para devorar tabletes e bombons de chocolate. Conforme o relato do escritor, os membros do Clube da Maioridade, discutindo altos assuntos na sala de sua casa, pareciam realmente gente sria e preocupada com os destinos do Brasil, at que chegava a hora do chocolate. Para Alencar, a discusso poltica no Brasil se resumia a um devorar de chocolate, isto , cada um defendia apenas seus interesses particulares e nada mais. Adaptado de Daniel Pinha Silva, O imprio do chocolate, em http://www.revistadehistoria.com.br/secao/leituras/o-imperio-do-chocolate. Acessado em: 01/08/2016. Sobre o Golpe da Maioridade e a viso de Jos de Alencar a esse respeito, correto afirmar que:

(UNICAMP - 2017 - 1 FASE) Hitler considerava que a propaganda sempre deveria ser popular, dirigida s massas, desenvolvida de modo a levar em conta um nvel de compreenso dos mais baixos. (...) O essencial da propaganda era atingir o corao das grandes massas, compreender seu mundo maniquesta, representar seus sentimentos. Alcir Lenharo, Nazismo: o triunfo da vontade. So Paulo: tica, 1986, p. 47-48. Sobre a propaganda no nazismo, correto afirmar:

(UNICAMP - 2017 - 1 FASE) Compare as duas ilustraes de Angelo Agostini (1843-1910) sobre o reconhecimento da Repblica brasileira pelaArgentina (fig.1) e pela Frana (fig.2). Assinale a alternativa correta.