(UNICAMP - 2024) A negao da plena humanidade do Outro, o seu enclausuramento em categorias que lhe so estranhas, a afirmao de sua incapacidade inata para o desenvolvimento e aperfeioamento humano, a destituio da sua capacidade de produzir cultura e civilizao prestam-se a afirmar uma razo racializada, que hegemoniza e naturaliza a superioridade europeia. (CARNEIRO, Sueli. Dispositivo de racialidade. A construo do outro como no ser como fundamento do ser. So Paulo: Zahar, p. 91, 2023.) Escolha a alternativa que apresenta crtica semelhante de Sueli Carneiro.
(UNICAMP - 2024) Excerto 1 Quase todos esto de acordo que a felicidade o maior de todos os bens que se pode alcanar pela ao; diferem, porm, quanto ao que seja a felicidade. A julgar pela vida que os homens levam em geral, a maioria deles, e os homens de tipo mais vulgar, parecem identificar o bem ou a felicidade com o prazer, e por isso amam a vida dos gozos. (Adaptado de: Aristteles. tica a Nicomaco, Livro I, sees 4 e 5.) Excerto 2 O conhecimento seguro dos desejos leva a direcionar toda a escolha e toda recusa para a sade do corpo e para a serenidade do esprito, visto que essa a finalidade da vida feliz. O prazer o incio e o fim de uma vida feliz. Embora o prazer seja nosso primeiro bem inato, nem por isso escolhemos qualquer prazer. (Adaptado de: Epicuro. Carta sobre a felicidade. So Paulo: Editora UNESP, p. 35-37, 2002.) Considerando os excertos dos filsofos gregos Aristteles e Epicuro, ambos do sculo IV a.C., possvel afirmar que
(UNICAMP - 2024) Apesar de sua presumida evidncia, a articulao entre liberdade e igualdade mais complicada do que parece. Sua reunio em um mesmo indivduo, que seria, ao mesmo tempo, livre e igual a seus semelhantes, esconde tenses significativas. Como, por exemplo, algum poderia ser livre em um contexto no qual prevalecem desigualdades aberrantes? Em contrapartida, o que resta da liberdade se os indivduos no puderem singularizar-see diferenciar-se uns dos outros? (FIGUEIREDO, V. A paixo da Igualdade: uma genealogia do indivduo moral na Frana. Belo Horizonte: Relicrio, p. 9, 2021.) Escolha, dentre as alternativas a seguir, aquela que sintetiza melhor a ideia expressa na citao de Figueiredo:
(UNICAMP - 2024) Texto 1 No h motivo para duvidar de nossa atual capacidade para destruir toda a vida orgnica na Terra. A questo apenas se desejamos usar nessa direo nosso novo conhecimento cientfico e tcnico, e essa questo no pode ser decidida por meios cientficos; uma questo poltica de primeira grandeza, cuja deciso, portanto, no pode ser deixada a cientistas profissionais ou a polticos profissionais (...). Se for comprovado o divrcio entre o conhecimento (no sentido moderno de conhecimento tcnico) e o pensamento, ento passaramos a ser, sem dvida, escravos indefesos do nosso conhecimento tcnico; nos tornaramos criaturas desprovidas de pensamento merc de qualquer engenhoca tecnicamente possvel, at mesmo da mais mortfera. (Adaptado de: ARENDT, H. A condio humana. Rio de Janeiro: Editora Forense Universitria, p. 3-4, 2010. Obra publicada pela primeira vez em 1958.) Texto 2 A manifestao do pensamento no o conhecimento, a capacidade de distinguir o certo do errado, o belo do feio. E isso, na verdade, pode impedir catstrofes (...). (ARENDT, H. Pensamento e Consideraes Morais. In: Responsabilidade e Julgamento. So Paulo: Companhia das Letras, p. 257, 2003. Texto publicado em 1971.) Hannah Arendt escreveu o texto 1 ainda sob o impacto da catstrofe humanitria sem precedentes causada pelo lanamento de bombas atmicas sobre Hiroshima e Nagazaki em agosto de 1945. A bomba atmica foi produzida nos Estados Unidos, por uma equipe de cientistas liderados por Julius Robert Oppenheimer, e lanada sobre as cidades japonesas por deciso do governo norte-americano. Considerando os seus conhecimentos e os textos 1 e 2 acima, responda: a) De acordo com Arendt, qual questo no deve ser deixada a cientistas e polticos profissionais? Justifique relacionando a questo com o contexto em que o texto 1 foi escrito. b) Por que o conhecimento cientfico e tcnico no pode ser divorciado do pensamento? Justifique com base na noo de pensamento apresentada pela autora.
(UNICAMP - 2024 - 2 FASE) A rotina do trabalho dirio e a falta de tempo para dormir e sonhar, que acometem a maioria dos trabalhadores, so cruciais para o mal-estar da civilizao contempornea. gritante o contraste entre a relevncia do sonho, que marcou o passado da humanidade, e sua total banalizao no mundo industrial globalizado. No sculo XXI, a busca pelo sono perdido envolve rastreadores de sono, colches high-tech e uma variedade de remdios. Mesmo assim, a insnia impera. Com a falta do sono e dos sonhos, perdemos mais do que nossa sade. O sono e o sonho possuem papis culturais de compatibilizao do passado, presente e futuro. Simplificando muito, como se os sonhos fossem geradores de cenrios e solues com base na experincia passada e nas velhas estruturas vividas: sonhar com um futuro melhor est na essncia do sonhar. A dificuldade humana de imaginar futuros alternativos se deve ao abandono do sonho. No prestamos ateno aos sonhos, seja em casa, na escola ou no trabalho. E mesmo quando conseguimos lembrar nossos sonhos, muitas vezes eles retratam apenas desejos e medos individuais, ao invs de uma viso coletiva de um futuro melhor. Com nossa introspeco amortecida e nossa empatia sufocada, obstinadamente continuamos a avanar em direo ao momento mais perigoso da aventura humana. (Adaptado de: RIBEIRO. S. O orculo da noite: A histria e a cincia do sonho. So Paulo: Companhia das Letras, 2019. Marcelo Leite. Para neurocientista Sidarta Ribeiro, sonhos so antdoto para extino da espcie. Folha de So Paulo. mai. 2022. Rebouas J. P. Sonhar preciso. Agncia de comunicao. UFRN, nov. 2022.) Aps a leitura do trecho acima, produzido a partir de livros e entrevistas do neurocientista brasileiro Sidarta Ribeiro, a) explique a importncia cultural do sono e do sonho para a histria da humanidade, remetendo a quatro argumentos explorados no texto. b) explique se possvel afirmar que Sidarta Ribeiro constri uma utopia para o tempo presente. Na sua resposta, defina o conceito de utopia e d um exemplo de utopia produzida no mundo contemporneo.
(UNICAMP - 2021 - 2 FASE) As imagens produzidas por artistas europeus, tal como vemos na pintura do holands Jan Davidsz de Heem, tiveram um papel importante na construo do conceito de extico no imaginrio da Europa na poca moderna. Naquele contexto, a pintura apresentava itens obtidos quando se exploravam e se colonizavam pases em cantos distantes do mundo. A natureza (os elementos que a representam) , assim, quase um estudo cientfico e, novamente, uma aluso abundncia obtida graas ao vitorioso comrcio holands. (Adaptado de Rolf Winkes. Natura Morta. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, So Paulo, 10: 145-161, 2000. p. 149.) Os colonizadores exerceram diversas operaes que levaram configurao de um novo universo de relaes intersubjetivas de dominao entre a Europa e as demais regies e populaes do mundo, s quais estavam sendo atribudas, no mesmo processo, novas identidades geoculturais. (Adaptado e traduzido de Anibal Quijano. Colonialismo, eurocentrismo y Amrica Latina. In Colonialidad del saber: eurocentrismos e ciencias sociales. Buenos Aires, CLACSO. 2005, p. 209.) (Jan Davidsz de Heem. Natureza Morta com Papagaios. The Ringling Museum, fim da dcada de 1640.) a) O extico estabelecido a partir de uma relao assimtrica entre universos diferentes. Justifique por que a imagem ao lado apresentaria caractersticas exticas e relacione essa adjetivao ao pensamento colonial da poca. b) Apresente uma semelhana e uma diferena entre a experincia colonial holandesa e a portuguesa.
(UNICAMP - 2020 - 2 fase) As reflexes de Aristteles e Plato revelam uma descrena em relao ao regime democrtico. O cidado, diz Aristteles, quem toma parte na experincia de governar e de ser governado. Para o filsofo, o animal falante um animal poltico. Mas o escravo, mesmo sendo falante, no um animal poltico. Os artesos, diz Plato, no podem participar das coisas comuns porque no tm tempo para se dedicar a outra atividade que no seja o seu trabalho. Assim, ter esta ou aquela ocupao define competncias ou incompetncias para a participao nas decises sobre a vida comum. (Adaptado de Flvia Maria Schlee Eyler, Histria antiga: Grcia e Roma. Petrpolis: Editora Vozes/Rio de Janeiro: Editora PUC-Rio, 2014, p.15.) A partir do texto e de seus conhecimentos sobre a Antiguidade Clssica, responda s questes. a) Segundo Aristteles e Plato, como se define o animal poltico no contexto da cidadania ateniense? b) Identifique e explique uma crtica dos filsofos citados ao regime democrtico.
(UNICAMP - 2020- 1 FASE) Uma cidade viva no obra de um gnio: obra de trabalhadores simples e de suas constantes conversas consigo prpria. Uma cidade um tecido em contnua evoluo, retocado e reparado para nosso uso, no qual a ordem emerge atravs de uma mo invisvel proveniente do desejo das pessoas em se relacionar bem com seus vizinhos. (Adaptado de Roger Scruton, Confisses de um hertico. Belo Horizonte: yin, 2017, p.133.) No trecho acima, a figura de linguagem mo invisvel
(UNICAMP - 2020 - 1 FASE) O que ento o verossmil? Para encurtar: tudo aquilo em que a confiana presumida. Por exemplo, os juzes nem sempre so independentes, os mdicos nem sempre capazes, os oradores nem sempre sinceros. Mas presume-se que o sejam; e, se algum afirmar o contrrio, cabe-lhe o nus da prova. Sem esse tipo de presuno, a vida seria impossvel; e a prpria vida que rejeita o ceticismo. (Olivier Reboul, Introduo retrica. So Paulo: Martins Fontes, 1998, p. 97-98.) Considerando o segundo Sermo da Quarta-feira de Cinza (1673), de Antonio Vieira, correto afirmar que a presuno de confiana por parte do auditrio cristo do sculo XVII decorre da
(UNICAMP - 2019 - 1 FASE) O texto a seguir, extrado de uma reportagem publicada em um jornal paulista, apresenta concluses sobre a incluso de Filosofia e Sociologia no Ensino Mdio, a partir de dados levantados pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada). A incluso de Filosofia e Sociologia como disciplinas obrigatrias no Ensino Mdio em 2009 prejudicou a aprendizagem de matemtica dos jovens brasileiros,principalmente os de baixa renda. A concluso de um estudo indito que ser publicado pelo IPEA. Segundo ele, a mudana levou as notas de jovens residentes em municpios com muito baixo ndice de Desenvolvimento Humano (IDH), que engloba aspectos da renda, escolaridade e sade, a cair 11,8%, 8,8% e 7,7% em redao, matemtica e linguagens (que inclui portugus, lngua estrangeira e outras linguagens), respectivamente. (Adaptado de rica Fraga, Filosofia e Sociologia obrigatrias derrubam notas em Matemtica; em Folha de So Paulo. 16/04/2018.) A partir das relaes histricas entre as disciplinas mencionadas na reportagem e de uma anlise crtica da concluso da pesquisa, marque a alternativa correta.
(UNICAMP - 2017 - 1 FASE) Muitos polticos veem facilitado seu nefasto trabalho pelaausncia da filosofia. Massas e funcionrios so maisfceis de manipular quando no pensam, mas to somenteusam de uma inteligncia de rebanho. preciso impedirque os homens se tornem sensatos. Mais vale, portanto,que a filosofia seja vista como algo entediante. Karl Jaspers, Introduo ao pensamento filosfico.So Paulo: Cultrix, 1976, p.140. Assinale a alternativa correta.
(UNICAMP - 2016- 1 FASE) Quanto seja louvvel a um prncipe manter a f, aparentar virtudes e viver com integridade, no com astcia, todos o compreendem; contudo, observa-se, pela experincia, em nossos tempos, que houve prncipes que fizeram grandes coisas, mas em pouca conta tiveram a palavra dada, e souberam, pela astcia, transtornar a cabea dos homens, superando, enfim, os que foram leais (...). Um prncipe prudente no pode nem deve guardar a palavra dada quando isso se lhe torne prejudicial e quando as causas que o determinaram cessem de existir. (Nicolau Maquiavel, O Prncipe. So Paulo: Nova Cultural, 1997, p. 73-85.) A partir desse excerto da obra, publicada em 1513, correto afirmar que:
(UNICAMP - 2016- 1 FASE) Por que a tica voltou a ser um dos temas maistrabalhados do pensamento filosfico contemporneo? Nosanos 1960 a poltica ocupava esse lugar e muitoscometeram o exagero de afirmar que tudo era poltico. (Jos Arthur Gianotti, Moralidade Pblica e Moralidade Privada, emAdauto Novaes, tica. So Paulo: Companhia das Letras, 1992, p.239.) A partir desse fragmento sobre a tica e o pensamentofilosfico, correto afirmar que:
(UNICAMP - 2015) A maneira pela qual adquirimos qualquer conhecimento constitui suficiente prova de que no inato. LOCKE, John. Ensaio acerca do entendimento humano. So Paulo: Nova Cultural, 1988, p.13. O empirismo, corrente filosfica da qual Locke fazia parte,
(UNICAMP - 2014 - 1 FASE ) A dvida uma atitude que contribui para o surgimento do pensamento filosfico moderno. Neste comportamento, a verdade atingida atravs da supresso provisria de todo conhecimento, que passa a ser considerado como mera opinio. A dvida metdica agua o esprito crtico prprio da Filosofia. (Adaptado de Gerd A. Bornheim, Introduo ao filosofar. Porto Alegre: Editora Globo, 1970, p. 11.) A partir do texto, correto afirmar que: