(Unifesp 2002) TEXTO I: O Vale de Santarém é um destes lugares privilegiados pela natureza, sítios amenos e deleitosos em que as plantas, o ar, a situação, tudo está numa harmonia suavíssima e perfeita; não há ali nada grandioso nem sublime, mas há uma como simetria de cores, de sons, de disposição em tudo quanto se vê e se sente, que não parece senão que a paz, a saúde, o sossego do espírito e o repouso do coração devem viver ali, reinar ali um reinado de amor e benevolência. (...) Imagina-se por aqui o Éden que o primeiro homem habitou com a sua inocência e com a virgindade do seu coração. À esquerda do vale, e abrigado do norte pela montanha que ali se corta quase a pique, está um maciço de verdura do mais belo viço e variedade. (...) Para mais realçar a beleza do quadro, vê-se por entre um claro das árvores a janela meio aberta de uma habitação antiga, mas não dilapidada - (...) A janela é larga e baixa; parece mais ornada e também mais antiga que o resto do edifício, que todavia mal se vê... (Almeida Garrett, Viagens na minha terra.) __________________________________________________________________________________________________________________________________________ TEXTO II: Depois, fatigado do esforço supremo, [o rio] se estende sobre a terra, e adormece numa linda bacia que a natureza formou, e onde o recebe como um leito de noiva, sob as cortinas de trepadeiras e flores agrestes. A vegetação nessas paragens ostentava outrora todo o seu luxo e vigor; florestas virgens se estendiam ao longo das margens do rio, que corria no meio das arcarias de verdura e dos capitéis formados pelos leques das palmeiras. Tudo era grande e pomposo no cenário que a natureza, sublime artista, tinha decorado para os dramas majestosos dos elementos, em que o homem é apenas um simples comparsa. (...) Entretanto, via-se à margem direita do rio uma casa larga e espaçosa, construída sobre uma eminência e protegida de todos os lados por uma muralha de rocha cortada a pique. (José de Alencar, O guarani.) _____________________________________________________________________________________________________________________________________ TEXTO III: Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço De estar a ela um dia reclinado: Ali em vale um monte está mudado: Quanto pode dos anos o progresso! Árvores aqui vi tão florescentes, Que faziam perpétua a primavera: Nem troncos vejo agora decadentes. (Cláudio Manuel da Costa, Sonetos-VII.) _____________________________________________________________________________________________________________________________________ Em algumas histórias de literatura e, até mesmo, em ensaios críticos sobre poesia brasileira, encontram-se afirmações sobre a presença de características barrocas nos sonetos de Cláudio Manuel da Costa. No texto III, pode-se comprovar, de fato, a existência de algumas características barrocas que, todavia, não poderiam ser comprovadas de modo absoluto com:
(UNIFESP -2002) A alternativa que indica texto que faz parte da poesia medieval da fase trovadoresca TEXTO I Ao longo do sereno Tejo, suave e brando, Num vale de altas rvores sombrio, Estava o triste Almeno Suspiros espalhando Ao vento, e doces lgrimas ao rio. (Lus de Cames, Ao longo do sereno.) TEXTO II Bailemos ns ia todas tres, ay irmanas, so aqueste ramo destas auelanas e quen for louana, como ns, louanas, se amigo amar, so aqueste ramo destas auelanas uerr baylar. (Aires Nunes. In Nunes, J. J., Crestomatia arcaica.) TEXTO III To cedo passa tudo quanto passa! morre to jovem ante os deuses quanto Morre! Tudo to pouco! Nada se sabe, tudo se imagina. Circunda-te de rosas, ama, bebe E cala. O mais nada. (Fernando Pessoa, Obra potica.) TEXTO IV Os privilgios que os Reis No podem dar, pode Amor, Que faz qualquer amador Livre das humanas leis. mortes e guerras cruis, Ferro, frio, fogo e neve, Tudo sofre quem o serve. (Lus de Cames, Obra completa.) TEXTO V As minhas grandes saudades So do que nunca enlacei. Ai, como eu tenho saudades Dos sonhos que no sonhei!...) (Mrio de S Carneiro, Poesias.)
(UNIFESP - 2002) Texto I: Perante a Morte empalidece e treme, Treme perante a Morte, empalidece. Coroa-te de lgrimas, esquece O Mal cruel que nos abismos geme. (Cruz e Souza,Perante a morte) Texto II: Tu choraste em presena da morte? Na presena de estranhos choraste? No descende o cobarde do forte; Pois choraste, meu filho no s! (Gonalves Dias,I Juca Pirama.) Texto III: Corrente, que do peito destilada, Sois por dous belos olhos despedida; E por carmim correndo dividida, Deixais o ser, levais a cor mudada. (Gregrio de Matos, Aos mesmos sentimentos.) Texto IV: Chora, irmo pequeno, chora, Porque chegou o momento da dor. A prpria dor uma felicidade... (Mrio de Andrade,Rito do irmo pequeno.) Texto V: Meu Deus! Meu Deus! Mas que bandeira esta, Que impudente na gvea tripudia?!... Silncio! ...Musa! Chora, chora tanto Que o pavilho se lave no teu pranto... (Castro Alves, O navio negreiro.) Dois dos cinco textos transcritos expressam sentimentos de incontida revolta diante de situaes inaceitveis. Esse transbordamento sentimental faz-se por meio de frases e recursos lingusticos que do nfase funo emotiva e funo conativa da linguagem. Esses dois textos so: