(UNIFESP - 2005) Para responder s questes, leia o texto de Clarice Lispector. Amor Um pouco cansada, com as compras deformando o novo saco de tric, Ana subiu no bonde. Depositou o volume no colo e o bonde comeou a andar. Recostou-se ento no banco procurando conforto, num suspiro de meia satisfao. Os filhos de Ana eram bons, uma coisa verdadeira e sumarenta. Cresciam, tomavam banho, exigiam para si, mal-criados, instantes cada vez mais completos. A cozinha era enfim espaosa, o fogo enguiado dava estouros. O calor era forte no apartamento que estavam aos poucos pagando. Mas o vento batendo nas cortinas que ela mesma cortara lembrava-lhe que se quisesse podia parar e enxugar a testa, olhando o calmo horizonte. Como um lavrador. Ela plantara as sementes que tinha na mo, no outras, mas essas apenas. E cresciam rvores. Crescia sua rpida conversa com o cobrador de luz, crescia a gua enchendo o tanque, cresciam seus filhos, crescia a mesa com comidas, o marido chegando com os jornais e sorrindo de fome, o canto importuno das empregadas do edifcio. Ana dava a tudo, tranqilamente, sua mo pequena e forte, sua corrente de vida. Certa hora da tarde era mais perigosa. Certa hora da tarde as rvores que plantara riam dela. Quando nada mais precisava de sua fora, inquietava-se. No entanto sentia-se mais slida do que nunca, seu corpo engrossara um pouco e era de se ver o modo como cortava blusas para os meninos, a grande tesoura dando estalidos na fazenda. Todo o seu desejo vaga-mente artstico encaminhara-se h muito no sentido de tornar os dias realizados e belos; com o tempo, seu gosto pelo decorativo se desenvolvera e suplantara a ntima desordem. Pare-cia ter descoberto que tudo era passvel de aperfeioamento, a cada coisa se emprestaria uma aparncia harmoniosa; a vida podia ser feita pela mo do homem. No fundo, Ana sempre tivera necessidade de sentir a raiz firme das coisas. E isso um lar perplexamente lhe dera. Por caminhos tortos, viera a cair num destino de mulher, com a surpresa de nele caber como se o tivesse inventado. O homem com quem casara era um homem verdadeiro, os filhos que tivera eram filhos verdadeiros. Sua juventude anterior parecia-lhe estranha como uma doena de vida. [] De acordo com o texto, pode-se afirmar que a personagem Ana
(UNIFESP-2005) Leia o poema de Mrio Quintana. De gramtica e de linguagem E havia uma gramtica que dizia assim: Substantivo (concreto) tudo quanto indica Pessoa, animal ou cousa: Joo, sabi, caneta. Eu gosto das cousas. As cousas, sim!... As pessoas atrapalham. Esto em toda parte. Multipli- [cam-se em excesso. As cousas so quietas. Bastam-se. No se metem com [ningum. Uma pedra. Um armrio. Um ovo. (Ovo, nem sempre, Ovo pode estar choco: inquietante...) As cousas vivem metidas com as suas cousas. E no exigem nada. Apenas que no as tirem do lugar onde esto. E Joo pode neste mesmo instante vir bater nossa porta. Para qu? no importa: Joo vem! E h de estar triste ou alegre, reticente ou falastro. Amigo ou adverso... Joo s ser definitivo Quando esticar a canela. Morre, Joo... Mas o bom, mesmo, so os adjetivos, Os puros adjetivos isentos de qualquer objeto. Verde. Macio. spero. Rente. Escuro. Luminoso. Sonoro. Lento. Eu sonho Com uma linguagem composta unicamente de adjetivos Como decerto a linguagem das plantas e dos animais. Ainda mais: Eu sonho com um poema Cujas palavras sumarentas escorram Como a polpa de um fruto maduro em tua boca, Um poema que te mate de amor Antes mesmo que tu saibas o misterioso sentido: Basta provares o seu gosto... Observe os pares de versos: Substantivo (concreto) tudo quanto indica Pessoa, animal ou cousa: Joo, sabi, caneta. Antes mesmo que tu saibas o misterioso sentido: Basta provares o seu gosto Considerando-se o ttulo eos sentidos propostos no poema, correto afirmar sobre os versos que
(Unifesp 2005) Leia os versos do poeta português Bocage. Vem, oh Marília, vem lograr comigo Destes alegres campos a beleza, Destas copadas árvores o abrigo. Deixa louvar da corte a vã grandeza; Quanto me agrada mais estar contigo, Notando as perfeições da Natureza! Nestes versos,
(Unifesp/2005) Observe a figura a seguir: A tela de Portinari - A criança morta - tematiza aspecto marcante da vida no sertão nordestino, frequentemente castigado pelas secas, pela miséria e pela fome. Os escritores que se dedicaram também a esse tema foram
(UNIFESP - 2005) Senhor feudal Se Pedro Segundo Vier aqui Com histria Eu boto ele na cadeia. Oswald de Andrade O ttulo do poema de Oswald remete o leitor Idade Mdia. Nele, assim como nas cantigas de amor, a ideia de poder retoma o conceito de
(UNIFESP-2005) Considere as afirmações: I. Os pronomes sua e seu referem-se ao receptor da mensagem, que pode ser uma pessoa do sexo masculino ou do sexo feminino. II. Se a conjunção Quando fosse substituída por Se, os verbos teriam outra flexão. III. Embora possua classificação gramatical diferente da conjunção Quando, Se poderia configurar na propaganda, pois apresentaria a idéia de forma coerente. IV. Num nível de linguagem bastante informal, a última frase poderia assumir a seguinte forma: Facinho agradar sua mãe, né? Estão corretas somente as afirmações: