(AFA - 2010)
Leia o Texto I para responder as questões de 21 a 29.
Texto I
Darwin no Brasil Encanto com a Natureza e choque com a escravidão
Na passagem pelo Brasil, especialmente no Rio de Janeiro, Darwin descobre um mundo novo de sedução e horrores.
Em 27 de dezembro de 1832, depois de ser deslocado duas ou três vezes por ventos contrários, o HMS Beagle, um brigue com 10 canhões sob o comando do capitão Fitz-Roy deixou a localidade de Davenport, no sudoeste da Inglaterra, para uma viagem de quatro anos e nove meses ao redor do mundo.
[8] Um personagem, que a história tornaria o passageiro mais importante a bordo do Beagle, tinha [9] pouco mais de 22 anos e havia sofrido alguns reveses profissionais antes de se envolver com a [12] história natural. Charles Robert Darwin (Shrewsbury, 12 de fevereiro de 1809 – Downe, Kent, 19 de abril de 1882), cujo nome seria sinônimo de evolucionismo, ainda era um criacionista [15] despreocupado, quando o Atlântico se abriu a sua frente para a viagem que reformularia não apenas suas convicções pessoais, mas mudaria profundamente toda a história da ciência.
Darwin fez uma parada no arquipélago de Cabo Verde, onde registrou minuciosamente suas observações e se impressionou com o arquipélago de São Pedro e São Paulo, antes de passar por Fernando de Noronha. Mas foi no Rio de Janeiro, especialmente por uma incursão de alguns dias pelo interior, que pôde sentir a diversidade de Natureza que deveria conhecer antes de, inteiramente contra a vontade, tornar-se um evolucionista.
[29] Em Viagens de um naturalista ao redor do mundo (Voyage of a naturalist round the world), em que faz um detalhado registro de sua longa [31] exploração, Darwin dedica menos de dez páginas a Salvador, na Bahia, aonde chegou em 29 de fevereiro de 1833, para uma estada curta, mas já fascinado pela exuberância da natureza tropical.
Em 4 de abril, o Beagle atracou no Rio de Janeiro e aí começaram as descobertas que, do ponto de vista natural, seduziram e encantaram o jovem naturalista, ainda que, do ponto de vista social, tenham sido motivo de frustração, desencanto e, em alguns momentos, de completo horror.
(...)
[43] A incursão começou em 8 de abril, formada por uma equipe de sete pessoas. Darwin conta que, em [44] meio a um calor intenso, o silêncio da mata é completo, quebrado apenas pelo voo preguiçoso de borboletas. A vista e as cores na passagem de Praia Grande (atual Niterói) absorvem toda a atenção de Darwin ao menos até o meio-dia, quando o grupo para, para almoçar em “Ithacaia”, aldeia cercada de choças ocupadas por negros escravos.
Com a lua cheia, que nasce cedo no céu, o grupo decide prosseguir viagem para dormir na Lagoa de Maricá e, no trajeto, passam por regiões escarpadas, entre elas uma meseta em torno de onde escravos formaram quilombos, a que Darwin se refere genericamente como refúgio. Aí, reproduz um relato que diz ter ouvido de alguém. Um grupo de soldados teria sido enviado para recuperar esses fugitivos e todos se renderam, à exceção de uma mulher, já velha, que se atira contra as rochas. Então, ele faz uma das observações que revelam sua profunda repulsa à escravidão que tem diante dos olhos: “Praticado por uma matrona romana esse ato seria interpretado e difundido como amor à liberdade, mas da parte de uma pobre negra, limitaram-se a dizer que não passou de um gesto bruto.”
CAPAZZOLI, Ulisses. Scientfic American Brasil. Fev. 2009, nº 81, ano 7. Edição Especial. Pág.90.(Adaptado)
Assinale a opção cuja justificativa para o uso dos termos sublinhados está correta.
No trecho “Em Viagens de um naturalista ao redor do mundo(...), em que faz um detalhado registro...” (\(l\). 29 a 31), a expressão em que pode ser trocada por em cujo, já que ambas são compostas de pronomes relativos.
Em “Charles Robert Darwin... cujo nome seria sinônimo de evolucionismo...” (\(l\). 12 a 15), o pronome relativo cujo traz uma ideia de posse e sempre concorda em gênero e número com a palavra que o antecede.
No período “A incursão começou em 8 de abril, formada por uma equipe de sete pessoas.” (\(l\). 43 e 44), o verbo formar está no particípio e introduz uma oração substantivada reduzida.
Em “Um personagem, que a história tornaria o passageiro mais importante a bordo do Beagle...” (\(l\). 8 e 9), o tempo do verbo denota um estado não concluído no passado.