(ENEM - 2017) Romanos usavam redes sociais h dois mil anos, diz livro Ao tuitar ou comentar em baixo do post de um de seus vrios amigos no Facebook, voc provavelmente se sente privilegiado por viver em um tempo na histria em que possvel alcanar de forma imediata uma vasta rede de contatos por meio de um simples clique no boto enviar. Voc talvez tambm reflita sobre como as geraes passadas puderam viver sem mdias sociais, desprovidas da capacidade de verem e serem vistas, de receber, gerar e interagir com uma imensa carga de informaes. Mas o que voc talvez no saiba que os seres humanos usam ferramentas de interao social h mais de dois mil anos. o que afirma Tom Standage, autor do livro Writing on the Wall Social Media, The first 2.000 Years (Escrevendo no mural mdias sociais, os primeiros 2 mil anos, em traduo livre). Segundo Standage, Marco Tlio Ccero, filsofo e poltico romano, teria sido, junto com outros membros da elite romana, precursor do uso de redes sociais. O autor relata como Ccero usava um escravo, que posteriormente tornou-se seu escriba, para redigir mensagens em rolos de papiro que eram enviados a uma espcie de rede de contatos. Estas pessoas, por sua vez, copiavam seu texto, acrescentavam seus prprios comentrios e repassavam adiante. Hoje temos computadores e banda larga, mas os romanos tinham escravos e escribas que transmitiam suas mensagens, disse Stand age BBC Brasil. Membros da elite romana escreviam entre si constantemente, comentando sobre as ltimas movimentaes polticas e expressando opinies. Alm do papiro, outra plataforma comumente utilizada pelos romanos era uma tbua de cera do tamanho e da forma de um tablet moderno, em que escreviam recados, perguntas ou transmitiam os principais pontos da acta diurna, um jornal exposto diariamente no Frum de Roma. Essa tbua, o iPad da Roma Antiga, era levada por um mensageiro at o destinatrio, que respondia embaixo da mensagem. NIDECKER, F. Disponvel em: www.bbc.co.uk. Acesso em: 7 nov. 2013 (adaptado}. Na reportagem, h uma comparao entre tecnologias de comunicao antigas e atuais. Quanto ao gnero mensagem, identifica-se como caracterstica que perdura ao longo dos tempos o(a)
(ENEM - 2017) Garcia tinha-se chegado ao cadver, levantara o leno e contemplara por alguns instantes as feies defuntas. Depois, como se a morte espiritualizasse tudo, inclinou-se e beijou-a na testa. Foi nesse momento que Fortunato chegou porta. Estacou assombrado; no podia ser o beijo da amizade, podia ser o eplogo de um livro adltero [...]. Entretanto, Garcia inclinou-se ainda para beijar outra vez o cadver, mas ento no pde mais. O beijo rebentou em soluos, e os olhos no puderam conter as lgrimas, que vieram em borbotes, lgrimas de amor calado, e irremedivel desespero. Fortunato, porta, onde ficara, saboreou tranquilo essa exploso de dor moral que foi longa, muito longa, deliciosamente longa. ASSIS, M. A causa secreta. Disponvel em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 9 out. 2015. No fragmento, o narrador adota um ponto de vista que acompanha a perspectiva de Fortunato. O que singulariza esse procedimento narrativo o registro do(a)
(ENEM - 2017) Mas assim que penetramos no universo da web, descobrimos que ele constitui no apenas um imenso territrio em expanso acelerada, mas que tambm oferece inmeros mapas, filtros, selees para ajudar o navegante a orientar-se. O melhor guia para a web a prpria web. Ainda que seja preciso ter a pacincia de explor-la. Ainda que seja preciso arriscar-se a ficar perdido, aceitar a perda de tempo para familiarizar-se com esta terra estranha. Talvez seja preciso ceder por um instante a seu aspecto ldico para descobrir, no desvio de um link, os sites que mais se aproximam de nossos interesses profissionais ou de nossas paixes e que podero, portanto, alimentar da melhor maneira possvel nossa jornada pessoal. LVY, P. Cibercultura. So Paulo: Editora 34, 1999. O usurio iniciante sente-se no raramente desorientado no oceano de informaes e possibilidades disponveis na rede mundial de computadores. Nesse sentido, Pierre Lvy destaca como um dos principais aspectos da internet o(a)
(ENEM - 2017) TEXTO I Terezinha de Jesus De uma queda foi ao cho Acudiu trs cavalheiros Todos os trs de chapu na mo O primeiro foi seu pai O segundo, seu irmo O terceiro foi aquele A quem Tereza deu a mo BATISTA, M. F. B. M.; SANTOS, I. M. F. (Org.). Cancioneiro da Paraba. Joo Pessoa: Grafset, 1993 (adaptado). TEXTO II Outra interpretao feita e partir das condies sociais daquele tempo. Para a ama e para a criana para quem cantava a cantiga, e msica falava do casamento como um destino natural na vida da mulher, na sociedade brasileira do sculo XIX, marcada pelo patriarcalismo. A msica prepara a moa para o seu destino no apenas inexorvel, mas desejvel; o casamento, estabelecendo uma hierarquia de obedincia (pai, irmo mais velho, marido), de acordo com a poca e circunstncias de sua vida. Disponvel em: http://provsjose.blogspot.com.br. Acesso em: 5 dez. 2012. O comentrio do Texto II sobre o Texto I evoca a mobilizao da lngua oral que, em determinados contextos,
(ENEM - 2017) Essas moas tinham o vezo de afirmar o contrrio do que desejavam. Notei a singularidade quando principiaram a elogiar o meu palet cor de macaco. Examinavam-no srias, achavam o pano e os aviamentos de qualidade superior, o feitio admirvel. Envaideci-me: nunca havia reparado em tais vantagens. Mas os gabos se prolongaram, trouxeram-me desconfiana. Percebi afinal que elas zombavam e no me susceptibilizei. Longe disso: achei curiosa aquela maneira de falar pelo avesso, diferente das grosserias a que me habituara. Em geral me diziam com franqueza que e roupa no me assentava no corpo, sobrava nos sovacos. RAMOS, G. Infncia. Rio de Janeiro: Record, 1994. Por meio de recursos lingusticos, os textos mobilizam estratgias para introduzir e retomar ideias, promovendo a progresso do tema. No fragmento transcrito, um novo aspecto do tema introduzido pela expresso
(ENEM - 2017) O consumidor do sculo XXI, chamado de novo consumidor social, tende a se comportar de modo diferente do consumidor tradicional. Pela associao das caractersticas apresentadas no diagrama, infere-se que esse novo consumidor sofre influncia da
(ENEM - 2017) A lngua tupi no Brasil H 300 anos, morar na vila de So Paulo de Piratininga (peixe seco, em tupi) era quase sinnimo de falar lngua de ndio. Em cada cinco habitantes da cidade, s dois conheciam o portugus. Por isso, em 1698, o governador da provncia, Artur de S e Meneses, implorou a Portugal que s mandasse padres que soubessem a lngua geral dos ndios, pois aquela gente no se explica em outro idioma. Derivado do dialeto de So Vicente, o tupi de So Paulo se desenvolveu e se espalhou no sculo XVII, graas ao isolamento geogrfico da cidade e atividade pouco crist dos mamelucos paulistas: as bandeiras, expedies ao serto em busca de escravos ndios. Muitos bandeirantes nem sequer falavam o portugus ou se expressavam mal. Domingos Jorge Velho, o paulista que destruiu o Quilombo dos Palmares em 1694, foi descrito pelo bispo de Pernambuco como um brbaro que nem falar sabe. Em suas andanas, essa gente batizou lugares como Avanhandava (lugar onde o ndio corre), Pindamonhangaba (lugar de fazer anzol) e Itu (cachoeira). E acabou inventando uma nova lngua. Os escravos dos bandeirantes vinham de mais de 100 tribos diferentes, conta o historiador e antroplogo John Monteiro, da Universidade Estadual de Campinas. Isso mudou o tupi paulista, que, alm da influncia do portugus, ainda recebia palavras de outros idiomas. O resultado da mistura ficou conhecido como lngua geral do sul, uma espcie de tupi facilitado. ANGELO. C. Disponvel em: http://super.abril.com.br. Acesso em: 8 ago. 2012 (adaptado). O texto trata de aspectos scio-histricos da formao lingustica nacional. Quanto ao papel do tupi na formao do portugus brasileiro, depreende-se que essa lngua indgena
(ENEM - 2017) O farrista Quando o almirante Cabral Ps as patas no Brasil O anjo da guarda dos ndios Estava passeando em Paris. Quando ele voltou de viagem O holands j est aqui. O anjo respira alegre: No faz mal, isto boa gente, Vou arejar outra vez. O anjo transps a barra, Diz adeus a Pernambuco, Faz barulho, vuco-vuco, Tal e qual o zepelim Mas deu um vento no anjo, Ele perdeu a memria... E no voltou nunca mais. MENDES. M. Histria do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1992 A obra de Murilo Mendes situa-se na fase inicial do Modernismo, cujas propostas estticas transparecem, no poema, por um eu lrico que
(ENEM -2017) PROPAGANDA O exame dos textos e mensagens de Propaganda revela que ela apresenta posies parciais, que refletem apenas o pensamento de uma minoria, como se exprimissem, em vez disso, a convico de uma populao; trata-se, no fundo, de convencer o ouvinte ou o leitor de que, em termos de opinio, est fora do caminho certo, e de induzi-lo a aderir s teses que lhes so apresentadas, por um mecanismo bem conhecido da psicologia social, o do conformismo induzido por presses do grupo sobre o indivduo isolado. BOBBIO, N.; MATTEUCCI, N.; PASQUINO, G. Dicionrio de poltica. Braslia: UnB, 1998 (adaptado). De acordo com o texto, as estratgias argumentativas e o uso da linguagem na produo da propaganda favorecem a
(ENEM - 2017) Stio Gerimum Este o meu lugar [...] Meu Gerimum com g Voc pode ter estranhado Gerimum em abundncia Aqui era plantado E com a letra g Meu lugar foi registrado. OLIVEIRA, H. D. Lngua Portuguesa. n. 88. fev. 2013 (fragmento) Nos versos de um menino de 12 anos, o emprego da palavra Gerimum grafada com a letra g tem por objetivo
(ENEM - 2017) TEXTO I Criatividade em publicidade: teorias e reflexes Resumo: O presente artigo aborda uma questo primordial na publicidade: a criatividade. Apesar de aclamada pelos departamentos de criao das agncias, devemos ter a conscincia de que nem todo anncio , de fato, criativo. A partir do resgate terico, no qual os conceitos so tratados luz da publicidade, busca-se estabelecer a compreenso dos temas. Para elucidar tais questes, analisada uma campanha impressa da marca XXXX. As reflexes apontam que a publicidade criativa essencialmente simples e apresenta uma releitura do cotidiano. DEPEXE, S.D. Travessias: Pesquisas em Educao. Cultura, Linguagem e Artes, n. 2, 2008. TEXTO II Homenagem ao Dia das Mes 2012. Disponvel em: www.comunicacao.com.Acesso em: 3 ago. 2012 (adaptado). Os dois textos apresentados versam sobre o tema criatividade. O Texto I um resumo de carter cientfico e o Texto II, uma homenagem promovida por um site de publicidade. De que maneira o Texto II exemplifica o conceito de criatividade em publicidade apresentado no Texto l?
(ENEM - 2017) Textos e hipertextos: procurando o equilbrio H um medo por parte dos pais e de alguns professores de as crianas desaprenderem quando navegam, medo de elas viciarem, de obterem informao no confivel, de elas se isolarem do mundo real, como se o computador fosse um agente do mal, um vilo. Esse medo reforado pela mdia, que costuma apresentar o computador como um agente negativo na aprendizagem e na socializao dos usurios. Ns sabemos que ningum corre o risco de desaprender quando navega, seja em ambientes digitais ou em materiais impressos, mas preciso ver o que se est aprendendo e algumas vezes interferir nesse processo a fim de otimizar ou orientar a aprendizagem, mostrando aos usurios outros temas, outros caminhos, outras possibilidades diferentes daquelas que eles encontraram sozinhos ou daquelas que eles costumam usar. preciso, algumas vezes, negociar o uso para que ele no seja exclusivo, uma vez que h outros meios de comunicao, outros meios de informao e alternativas de lazer. uma questo de equilibrar e no de culpar. COSCARELLI. C. V. Linguagem em (Dis)curso. n. 3. set.-dez. 2009. A autora incentiva o uso da internet pelos estudantes, ponderando sobre a necessidade de orientao a esse uso, pois essa tecnologia
(ENEM - 2017) O mundo revivido Sobre esta casa e as rvores que o tempo esqueceu de levar. Sobre o curral de pedra e paz e de outras vacas tristes chorando a lua e a noite sem bezerros. Sobre a parede larga deste aude onde outras cobras verdes se arrastavam, e pondo o sol nos seus olhos parados iam colhendo sua safra de sapos. Sob as constelaes do sul que a noite armava e desarmava: as Trs Marias, o Cruzeiro distante e o Sete-Estrelo. Sobre este mundo revivido em vo, a lembrana de primos, de cavalos, de silncio perdido para sempre. DOBAL, H. A provncia deserta. Rio de Janeiro: Artenova, 1974. No processo de reconstituio do tempo vivido, o eu lrico projeta um conjunto de imagens cujo lirismo se fundamenta no
(ENEM - 2017) A ascenso social por meio do esporte mexe com o imaginrio das pessoas, pois em poucos anos um adolescente pode se tornar milionrio caso tenha um bom desempenho esportivo. Muitos meninos de famlias pobres jogam com o objetivo de conseguir dinheiro para oferecer uma boa qualidade de vida famlia. Isso aproximou mais ainda o futebol das camadas mais pobres da sociedade, tornando-o cada vez mais popular. Acontece que esses jovens sonham com fama e dinheiro, enxergando no futebol o nico caminho possvel para o sucesso. No entanto, eles no sabem da grande dificuldade que existe no incio dessa jornada em que a minoria alcana a carreira profissional. Esses garotos abandonam a escola pela iluso de vencer no futebol, qual a maioria sucumbe. O caminho at o profissionalismo acontece por meio de um longo processo seletivo que os jovens tm de percorrer. Caso no seja selecionado, esse atleta poder ter que abandonar a carreira involuntariamente por falta de uma equipe que o acolha. Alguns podem acabar em subempregos, margem da sociedade, ou at mesmo em vcios decorrentes desse fracasso e dessa desiluso. Isso acontece porque no auge da sua formao escolar e na condio juvenil de desenvolvimento, eles no se preparam e no so devidamente orientados para buscar alternativas de experincias mais amplas de ocupao fora e alm do futebol. BALZANO. O. N.; MORAIS, J. S. A formao do jogador de futebol e sua relao com a escola. EFDeportes, n. 172, set. 2012 (adaptado). Ao abordar o fato de, no Brasil, muitos jovens depositarem suas esperanas de futuro no futebol, o texto critica o(a)
(ENEM - 2017) Declarao de amor Esta uma confisso de amor: amo a lngua portuguesa Ela no fcil. No malevel. [...] A lngua portuguesa um verdadeiro desafio para quem escreve. Sobretudo para quem escreve tirando das coisas e das pessoas a primeira capa de superficialismo. s vezes ela reage diante de um pensamento mais complicado. s vezes se assusta com o imprevisvel de uma frase. Eu gosto de manej-la como gostava de estar montada num cavalo e gui-lo pelas rdeas, s vezes a galope. Eu queria que a lngua portuguesa chegasse ao mximo em minhas mos. E este desejo todos os que escrevem tm. Um Cames e outros iguais no bastaram para nos dar para sempre uma herana de lngua j feita. Todos ns que escrevemos estamos fazendo do tmulo do pensamento alguma coisa que lhe d vida. Essas dificuldades, ns as temos. Mas no falei do encantamento de lidar com uma lngua que no foi aprofundada. O que recebi de herana no me chega. Se eu fosse muda e tambm no pudesse escrever, e me perguntassem a que lngua eu queria pertencer, eu diria: ingls, que preciso e belo. Mas, como no nasci muda e pude escrever, tornou-se absolutamente claro para mim que eu queria mesmo era escrever em portugus. Eu at queria no ter aprendido outras lnguas: s para que a minha abordagem do portugus fosse virgem e lmpida. LISPECTOR. C. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro Rocco, 1999 (adaptado). O trecho em que Clarice Lispector declara seu amor pela lngua portuguesa, acentuando seu carter patrimonial e sua capacidade de renovao, :