ENEM

ITA

IME

FUVEST

UNICAMP

UNESP

UNIFESP

UFPR

UFRGS

UNB

VestibularEdição do vestibular
Disciplina

(ENEM - 2020 - PROVA AMARELA)TEXTO I pau, pedra, o

(ENEM - 2020 - PROVA AMARELA)

TEXTO I

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol
É peroba-do-campo, é o nó da madeira
Caingá, candeia, é o matita-pereira

TOM JOBIM. Águas de março. O Tom de Jobim e o tal de João Bosco. (disco de bolso). Salvador: Zen Produtora, 1972. (fragmento).

 

TEXTO II

A inspiração súbita e certeira do compositor serve ainda de exemplo do lema antigo: nada vem do nada. Para ninguém, nem mesmo para Tom Jobim. Duas fontes são razoavelmente conhecidas. A primeira é o poema O caçador de esmeraldas, do mestre parnasiano Olavo Bilac: "Foi em março, ao findar da chuva, quase à entrada/ do outono, quando a terra em sede requeimada/ bebera longamente as águas da estação [...]". E a outra é um ponto de macumba, gravado com sucesso por J.B. Carvalho, do Conjunto Tupi: "É pau, é pedra, é seixo miúdo, roda a baiana por cima de tudo". Combinar Olavo Bilac e macumba já seria bom; mas o que se vê em Águas de março vai muito além: tudo se transforma numa outra coisa e numa outra música, que recompõem o mundo para nós.

NESTROVSKI, A. O samba mais bonito do mundo. In: Três canções de Tom Jobim. São Paulo: Cosac Naify, 2004.

Ao situar a composição no panorama cultural brasileiro, o Texto II destaca o(a)

A

diálogo que a letra da canção estabelece com diferentes tradições da cultura nacional.

B

singularidade com que o compositor converte referências eruditas em populares.

C

caráter inovador com que o compositor concebe o processo de criação artística.

D

relativização que a letra da canção promove na concepção tradicional de originalidade.

E

resgate que a letra da canção promove de obras pouco conhecidas pelo público no país.