(EsPCEx - 2010) Considere a equao balanceada: 4 NH3 + 5 O2 4 NO + 6 H2O Admita a variao de concentrao em mol por litro (mol L-1)do monxido de nitrognio (NO) em funo do tempo em segundos (s), conforme os dados, da tabela abaixo: [NO] (molL-1) 0 0,15 0,25 0,31 0,34 Tempo (s) 0 180 360 540 720 A velocidade mdia, em funo do monxido de nitrognio (NO), e a velocidade mdia da reao acima representada, no intervalo de tempo de 6 a 9 minutos (min), so, respectivamente, em mol L-1 min-1:
(EsPCEx - 2010) A fabricao industrial do cido sulfrico envolve trs etapas reacionais consecutivas que esto representadas abaixo pelas equaes no balanceadas: Etapa I: S8(s)+ O2(g) SO2(g) Etapa II:SO2(g)+O2(g) SO3(g) Etapa III: SO3(g)+ H2O(l) H2SO4(aq) Considerando as etapas citadas e admitindo que o rendimento de cada etapa da obteno do cido sulfrico por esse mtodo de 100%, ento a massa de enxofre (S8(s))necessria para produzir 49 g de cido sulfrico (H2SO4(aq)) : Dados: Massas atmicas H S O 1u 32u 16u
(EsPCEx - 2010) O Outro Marido 14Era conferente da Alfndega mas isso no tem importncia. Somos todos alguma coisa fora de ns; o eu irredutvel nada tem a ver com as classificaes profissionais. Pouco importa que nos avaliem pela casca.9Por dentro, sentia-se diferente, capaz de mudar sempre, enquanto a situao exterior e familiar no mudava. Nisso est o espinho do homem: ele muda, os outros no percebem. Sua mulher no tinha percebido. Era a mesma de h 23 anos, quando se casaram (quanto ao ntimo, claro).3Por falta de filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem derivativo. To perto que se desconheciam mutuamente, como um objeto desconhece outro, na mesma prateleira de armrio.10Santos doa-se de ser um objeto aos olhos de Dona Laurinha. Se ela tambm era um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a diferena de que Dona Laurinha no procurava fugir a essa simplificao, nem reparava; era de fato, objeto. Ele, Santos, sentia-se vivo e desagradado. 1Ao aparecerem nele as primeiras dores, Dona Laurinha penalizou-se, mas esse interesse no beneficiou as relaes do casal. Santos parecia6comprazer-se em estar doente.11No propriamente em queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doena era para ele ocupao, emprego suplementar. O mdico da Alfndega dissera-lhe que certas formas reumticas levam anos para ser dominadas, exigem adaptao e disciplina. Santos comeou a cuidar do corpo como de uma planta delicada. E mostrou a Dona Laurinha a nevoenta radiografia da coluna vertebral com certo orgulho de estar assim to afetado. Quando voc ficar bom... No vou ficar. Tenho doena para o resto da vida. Para Dona Laurinha, a melhor maneira de curar-se tomar remdio e entregar o caso alma de Padre Eustquio, que vela por ns.2Comeou a fatigar-se com a importncia que o reumatismo assumira na vida do marido. E no se amolou muito12quando ele anunciou que ia internar-se no hospital Gaffr e Guinle. Voc no sentir falta de nada assegurou-lhe Santos. Tirei licena com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo comeo de ms trazer o dinheiro. Hospital no priso. Vou visitar voc todo domingo, quer? melhor no ir. Eu descanso, voc descansa, cada qual no seu canto. Ela tambm achou melhor, e nunca foi l. Pontualmente, Santos trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram at um pouco amigos nessa breve conversa a longos intervalos.4Ele chegava e saa curvado, sob a garra do reumatismo que nem melhorava nem matava. A visita no era de todo desagradvel, desde que a doena deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital pode ser distrada: os internados sabem de tudo c de fora. Pelo rdio explicou Santos. Um dia, ela se sentiu to nova, apesar do tempo e das separaes fundamentais, que imaginou uma alterao: por que ele no ficava at o dia seguinte, s essa vez? 5 tarde respondeu Santos. E ela no entendeu se ele se referia hora ou a toda a vida passada sem compreenso. certo que vagamente o compreendia agora, e recebia dele mais que a mesada: uma hora de companhia por ms. Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia no veio.13Dona Laurinha preocupou-se. No s lhe faziam falta os cruzeiros; ele tambm fazia. Tomou o nibus, foi ao hospital pela primeira vez, em alvoroo. L ele no era conhecido. Na Alfndega informaram-lhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o endereo da viva? Sou eu a viva disse Dona Laurinha, espantada. O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a viva do Santos, Dona Crislia, fizera bons piqueniques com o casal na Ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e de pescaria. Grande praa. Ele era padrinho do filho mais velho de Santos. Deixara trs rfos, coitado. E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. L estavam Santos, muito lpido, sorrindo, a outra mulher, os trs garotos. No havia dvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo,7a outra realidade de Santos era to destacada da sua, que o tornava outro homem, completamente desconhecido, irreconhecvel. Desculpe, foi engano.8A pessoa a que me refiro no esta disse Dona Laurinha, despedindo- se. (Carlos Drummond de Andrade) Considere as palavras destacadas no perodo a seguir: Comeou a fatigar-se com a importncia que o reumatismo assumira na vida do marido. E no se amolou muito quando ele anunciou que ia internar-se no hospital Gaffr e Guinle... (linha 21) Elas introduzem, respectivamente, oraes
(EsPCEx - 2010) O Outro Marido 14Era conferente da Alfndega mas isso no tem importncia. Somos todos alguma coisa fora de ns; o eu irredutvel nada tem a ver com as classificaes profissionais. Pouco importa que nos avaliem pela casca.9Por dentro, sentia-se diferente, capaz de mudar sempre, enquanto a situao exterior e familiar no mudava. Nisso est o espinho do homem: ele muda, os outros no percebem. Sua mulher no tinha percebido. Era a mesma de h 23 anos, quando se casaram (quanto ao ntimo, claro).3Por falta de filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem derivativo. To perto que se desconheciam mutuamente, como um objeto desconhece outro, na mesma prateleira de armrio.10Santos doa-se de ser um objeto aos olhos de Dona Laurinha. Se ela tambm era um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a diferena de que Dona Laurinha no procurava fugir a essa simplificao, nem reparava; era de fato, objeto. Ele, Santos, sentia-se vivo e desagradado. 1Ao aparecerem nele as primeiras dores, Dona Laurinha penalizou-se, mas esse interesse no beneficiou as relaes do casal. Santos parecia6comprazer-se em estar doente.11No propriamente em queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doena era para ele ocupao, emprego suplementar. O mdico da Alfndega dissera-lhe que certas formas reumticas levam anos para ser dominadas, exigem adaptao e disciplina. Santos comeou a cuidar do corpo como de uma planta delicada. E mostrou a Dona Laurinha a nevoenta radiografia da coluna vertebral com certo orgulho de estar assim to afetado. Quando voc ficar bom... No vou ficar. Tenho doena para o resto da vida. Para Dona Laurinha, a melhor maneira de curar-se tomar remdio e entregar o caso alma de Padre Eustquio, que vela por ns.2Comeou a fatigar-se com a importncia que o reumatismo assumira na vida do marido. E no se amolou muito12quando ele anunciou que ia internar-se no hospital Gaffr e Guinle. Voc no sentir falta de nada assegurou-lhe Santos. Tirei licena com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo comeo de ms trazer o dinheiro. Hospital no priso. Vou visitar voc todo domingo, quer? melhor no ir. Eu descanso, voc descansa, cada qual no seu canto. Ela tambm achou melhor, e nunca foi l. Pontualmente, Santos trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram at um pouco amigos nessa breve conversa a longos intervalos.4Ele chegava e saa curvado, sob a garra do reumatismo que nem melhorava nem matava. A visita no era de todo desagradvel, desde que a doena deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital pode ser distrada: os internados sabem de tudo c de fora. Pelo rdio explicou Santos. Um dia, ela se sentiu to nova, apesar do tempo e das separaes fundamentais, que imaginou uma alterao: por que ele no ficava at o dia seguinte, s essa vez? 5 tarde respondeu Santos. E ela no entendeu se ele se referia hora ou a toda a vida passada sem compreenso. certo que vagamente o compreendia agora, e recebia dele mais que a mesada: uma hora de companhia por ms. Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia no veio.13Dona Laurinha preocupou-se. No s lhe faziam falta os cruzeiros; ele tambm fazia. Tomou o nibus, foi ao hospital pela primeira vez, em alvoroo. L ele no era conhecido. Na Alfndega informaram-lhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o endereo da viva? Sou eu a viva disse Dona Laurinha, espantada. O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a viva do Santos, Dona Crislia, fizera bons piqueniques com o casal na Ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e de pescaria. Grande praa. Ele era padrinho do filho mais velho de Santos. Deixara trs rfos, coitado. E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. L estavam Santos, muito lpido, sorrindo, a outra mulher, os trs garotos. No havia dvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo,7a outra realidade de Santos era to destacada da sua, que o tornava outro homem, completamente desconhecido, irreconhecvel. Desculpe, foi engano.8A pessoa a que me refiro no esta disse Dona Laurinha, despedindo- se. (Carlos Drummond de Andrade) Ao aparecerem nele as primeiras dores, D. Laurinha penalizou-se, mas esse interesse no beneficiou as relaes do casal. (ref.1) Assinale a alternativa que contm a classificao sinttica correta das oraes do perodo transcrito acima.
(EsPCEx - 2010) Considere as seguintes informaes: I. A configurao eletrnica, segundo o diagrama de Linus Pauling, do nion trivalente denitrognio (7N3-), que se origina do tomo nitrognio, 1s2 2s2 2p6 . II. Num mesmo tomo, no existem dois eltrons com os quatro nmeros qunticos iguais. III. O on possui 19 nutrons. IV. Os ons Fe2+ e Fe3+do elemento qumico ferro diferem somente quanto ao nmero deprtons. Das afirmaes feitas, est(o) correta(s)
(EsPCEx - 2010) O Outro Marido 14Era conferente da Alfndega mas isso no tem importncia. Somos todos alguma coisa fora de ns; o eu irredutvel nada tem a ver com as classificaes profissionais. Pouco importa que nos avaliem pela casca.9Por dentro, sentia-se diferente, capaz de mudar sempre, enquanto a situao exterior e familiar no mudava. Nisso est o espinho do homem: ele muda, os outros no percebem. Sua mulher no tinha percebido. Era a mesma de h 23 anos, quando se casaram (quanto ao ntimo, claro).3Por falta de filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem derivativo. To perto que se desconheciam mutuamente, como um objeto desconhece outro, na mesma prateleira de armrio.10Santos doa-se de ser um objeto aos olhos de Dona Laurinha. Se ela tambm era um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a diferena de que Dona Laurinha no procurava fugir a essa simplificao, nem reparava; era de fato, objeto. Ele, Santos, sentia-se vivo e desagradado. 1Ao aparecerem nele as primeiras dores, Dona Laurinha penalizou-se, mas esse interesse no beneficiou as relaes do casal. Santos parecia6comprazer-se em estar doente.11No propriamente em queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doena era para ele ocupao, emprego suplementar. O mdico da Alfndega dissera-lhe que certas formas reumticas levam anos para ser dominadas, exigem adaptao e disciplina. Santos comeou a cuidar do corpo como de uma planta delicada. E mostrou a Dona Laurinha a nevoenta radiografia da coluna vertebral com certo orgulho de estar assim to afetado. Quando voc ficar bom... No vou ficar. Tenho doena para o resto da vida. Para Dona Laurinha, a melhor maneira de curar-se tomar remdio e entregar o caso alma de Padre Eustquio, que vela por ns.2Comeou a fatigar-se com a importncia que o reumatismo assumira na vida do marido. E no se amolou muito12quando ele anunciou que ia internar-se no hospital Gaffr e Guinle. Voc no sentir falta de nada assegurou-lhe Santos. Tirei licena com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo comeo de ms trazer o dinheiro. Hospital no priso. Vou visitar voc todo domingo, quer? melhor no ir. Eu descanso, voc descansa, cada qual no seu canto. Ela tambm achou melhor, e nunca foi l. Pontualmente, Santos trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram at um pouco amigos nessa breve conversa a longos intervalos.4Ele chegava e saa curvado, sob a garra do reumatismo que nem melhorava nem matava. A visita no era de todo desagradvel, desde que a doena deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital pode ser distrada: os internados sabem de tudo c de fora. Pelo rdio explicou Santos. Um dia, ela se sentiu to nova, apesar do tempo e das separaes fundamentais, que imaginou uma alterao: por que ele no ficava at o dia seguinte, s essa vez? 5 tarde respondeu Santos. E ela no entendeu se ele se referia hora ou a toda a vida passada sem compreenso. certo que vagamente o compreendia agora, e recebia dele mais que a mesada: uma hora de companhia por ms. Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia no veio.13Dona Laurinha preocupou-se. No s lhe faziam falta os cruzeiros; ele tambm fazia. Tomou o nibus, foi ao hospital pela primeira vez, em alvoroo. L ele no era conhecido. Na Alfndega informaram-lhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o endereo da viva? Sou eu a viva disse Dona Laurinha, espantada. O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a viva do Santos, Dona Crislia, fizera bons piqueniques com o casal na Ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e de pescaria. Grande praa. Ele era padrinho do filho mais velho de Santos. Deixara trs rfos, coitado. E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. L estavam Santos, muito lpido, sorrindo, a outra mulher, os trs garotos. No havia dvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo,7a outra realidade de Santos era to destacada da sua, que o tornava outro homem, completamente desconhecido, irreconhecvel. Desculpe, foi engano.8A pessoa a que me refiro no esta disse Dona Laurinha, despedindo- se. (Carlos Drummond de Andrade) Comeou a fatigar-se com a importncia que o reumatismo assumira na vida do marido. (ref. 2) A palavra sublinhada indica um estado de
(EsPCEx - 2010) Considere trs tomos cujos smbolos so M, X e Z, e que estonos seus estados fundamentais. Os tomos M e Z so istopos, isto , pertencem ao mesmo elemento qumico; os tomos X eZ so isbaros e os tomos M e X so istonos. Sabendo que o tomo M tem 23 prtons enmero de massa 45 e que o tomo Z tem 20 nutrons, ento os nmeros qunticos do eltronmais energtico do tomo X so: Observao: Adote a conveno de que o primeiro eltron a ocupar um orbital possui o nmero quntico despin igual a -1/2.
(EsPCEx - 2010) O Outro Marido 14Era conferente da Alfndega mas isso no tem importncia. Somos todos alguma coisa fora de ns; o eu irredutvel nada tem a ver com as classificaes profissionais. Pouco importa que nos avaliem pela casca.9Por dentro, sentia-se diferente, capaz de mudar sempre, enquanto a situao exterior e familiar no mudava. Nisso est o espinho do homem: ele muda, os outros no percebem. Sua mulher no tinha percebido. Era a mesma de h 23 anos, quando se casaram (quanto ao ntimo, claro).3Por falta de filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem derivativo. To perto que se desconheciam mutuamente, como um objeto desconhece outro, na mesma prateleira de armrio.10Santos doa-se de ser um objeto aos olhos de Dona Laurinha. Se ela tambm era um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a diferena de que Dona Laurinha no procurava fugir a essa simplificao, nem reparava; era de fato, objeto. Ele, Santos, sentia-se vivo e desagradado. 1Ao aparecerem nele as primeiras dores, Dona Laurinha penalizou-se, mas esse interesse no beneficiou as relaes do casal. Santos parecia6comprazer-se em estar doente.11No propriamente em queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doena era para ele ocupao, emprego suplementar. O mdico da Alfndega dissera-lhe que certas formas reumticas levam anos para ser dominadas, exigem adaptao e disciplina. Santos comeou a cuidar do corpo como de uma planta delicada. E mostrou a Dona Laurinha a nevoenta radiografia da coluna vertebral com certo orgulho de estar assim to afetado. Quando voc ficar bom... No vou ficar. Tenho doena para o resto da vida. Para Dona Laurinha, a melhor maneira de curar-se tomar remdio e entregar o caso alma de Padre Eustquio, que vela por ns.2Comeou a fatigar-se com a importncia que o reumatismo assumira na vida do marido. E no se amolou muito12quando ele anunciou que ia internar-se no hospital Gaffr e Guinle. Voc no sentir falta de nada assegurou-lhe Santos. Tirei licena com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo comeo de ms trazer o dinheiro. Hospital no priso. Vou visitar voc todo domingo, quer? melhor no ir. Eu descanso, voc descansa, cada qual no seu canto. Ela tambm achou melhor, e nunca foi l. Pontualmente, Santos trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram at um pouco amigos nessa breve conversa a longos intervalos.4Ele chegava e saa curvado, sob a garra do reumatismo que nem melhorava nem matava. A visita no era de todo desagradvel, desde que a doena deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital pode ser distrada: os internados sabem de tudo c de fora. Pelo rdio explicou Santos. Um dia, ela se sentiu to nova, apesar do tempo e das separaes fundamentais, que imaginou uma alterao: por que ele no ficava at o dia seguinte, s essa vez? 5 tarde respondeu Santos. E ela no entendeu se ele se referia hora ou a toda a vida passada sem compreenso. certo que vagamente o compreendia agora, e recebia dele mais que a mesada: uma hora de companhia por ms. Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia no veio.13Dona Laurinha preocupou-se. No s lhe faziam falta os cruzeiros; ele tambm fazia. Tomou o nibus, foi ao hospital pela primeira vez, em alvoroo. L ele no era conhecido. Na Alfndega informaram-lhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o endereo da viva? Sou eu a viva disse Dona Laurinha, espantada. O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a viva do Santos, Dona Crislia, fizera bons piqueniques com o casal na Ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e de pescaria. Grande praa. Ele era padrinho do filho mais velho de Santos. Deixara trs rfos, coitado. E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. L estavam Santos, muito lpido, sorrindo, a outra mulher, os trs garotos. No havia dvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo,7a outra realidade de Santos era to destacada da sua, que o tornava outro homem, completamente desconhecido, irreconhecvel. Desculpe, foi engano.8A pessoa a que me refiro no esta disse Dona Laurinha, despedindo- se. (Carlos Drummond de Andrade) No trecho, Por falta de filhos, os dois viveram demasiado perto, sem derivativo (ref. 3), o termo sublinhado pode ser classificado morfologicamente como
(EsPCEx - 2010) O Outro Marido 14Era conferente da Alfndega mas isso no tem importncia. Somos todos alguma coisa fora de ns; o eu irredutvel nada tem a ver com as classificaes profissionais. Pouco importa que nos avaliem pela casca.9Por dentro, sentia-se diferente, capaz de mudar sempre, enquanto a situao exterior e familiar no mudava. Nisso est o espinho do homem: ele muda, os outros no percebem. Sua mulher no tinha percebido. Era a mesma de h 23 anos, quando se casaram (quanto ao ntimo, claro).3Por falta de filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem derivativo. To perto que se desconheciam mutuamente, como um objeto desconhece outro, na mesma prateleira de armrio.10Santos doa-se de ser um objeto aos olhos de Dona Laurinha. Se ela tambm era um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a diferena de que Dona Laurinha no procurava fugir a essa simplificao, nem reparava; era de fato, objeto. Ele, Santos, sentia-se vivo e desagradado. 1Ao aparecerem nele as primeiras dores, Dona Laurinha penalizou-se, mas esse interesse no beneficiou as relaes do casal. Santos parecia6comprazer-se em estar doente.11No propriamente em queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doena era para ele ocupao, emprego suplementar. O mdico da Alfndega dissera-lhe que certas formas reumticas levam anos para ser dominadas, exigem adaptao e disciplina. Santos comeou a cuidar do corpo como de uma planta delicada. E mostrou a Dona Laurinha a nevoenta radiografia da coluna vertebral com certo orgulho de estar assim to afetado. Quando voc ficar bom... No vou ficar. Tenho doena para o resto da vida. Para Dona Laurinha, a melhor maneira de curar-se tomar remdio e entregar o caso alma de Padre Eustquio, que vela por ns.2Comeou a fatigar-se com a importncia que o reumatismo assumira na vida do marido. E no se amolou muito12quando ele anunciou que ia internar-se no hospital Gaffr e Guinle. Voc no sentir falta de nada assegurou-lhe Santos. Tirei licena com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo comeo de ms trazer o dinheiro. Hospital no priso. Vou visitar voc todo domingo, quer? melhor no ir. Eu descanso, voc descansa, cada qual no seu canto. Ela tambm achou melhor, e nunca foi l. Pontualmente, Santos trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram at um pouco amigos nessa breve conversa a longos intervalos.4Ele chegava e saa curvado, sob a garra do reumatismo que nem melhorava nem matava. A visita no era de todo desagradvel, desde que a doena deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital pode ser distrada: os internados sabem de tudo c de fora. Pelo rdio explicou Santos. Um dia, ela se sentiu to nova, apesar do tempo e das separaes fundamentais, que imaginou uma alterao: por que ele no ficava at o dia seguinte, s essa vez? 5 tarde respondeu Santos. E ela no entendeu se ele se referia hora ou a toda a vida passada sem compreenso. certo que vagamente o compreendia agora, e recebia dele mais que a mesada: uma hora de companhia por ms. Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia no veio.13Dona Laurinha preocupou-se. No s lhe faziam falta os cruzeiros; ele tambm fazia. Tomou o nibus, foi ao hospital pela primeira vez, em alvoroo. L ele no era conhecido. Na Alfndega informaram-lhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o endereo da viva? Sou eu a viva disse Dona Laurinha, espantada. O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a viva do Santos, Dona Crislia, fizera bons piqueniques com o casal na Ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e de pescaria. Grande praa. Ele era padrinho do filho mais velho de Santos. Deixara trs rfos, coitado. E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. L estavam Santos, muito lpido, sorrindo, a outra mulher, os trs garotos. No havia dvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo,7a outra realidade de Santos era to destacada da sua, que o tornava outro homem, completamente desconhecido, irreconhecvel. Desculpe, foi engano.8A pessoa a que me refiro no esta disse Dona Laurinha, despedindo- se. (Carlos Drummond de Andrade) No trecho, Ele chegava e saa curvado, sob a garra do reumatismo que nem melhoravanem matava. (ref.4), os verbos sublinhados indicam, respectivamente:
(EsPCEx - 2010) O Outro Marido 14Era conferente da Alfndega mas isso no tem importncia. Somos todos alguma coisa fora de ns; o eu irredutvel nada tem a ver com as classificaes profissionais. Pouco importa que nos avaliem pela casca.9Por dentro, sentia-se diferente, capaz de mudar sempre, enquanto a situao exterior e familiar no mudava. Nisso est o espinho do homem: ele muda, os outros no percebem. Sua mulher no tinha percebido. Era a mesma de h 23 anos, quando se casaram (quanto ao ntimo, claro).3Por falta de filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem derivativo. To perto que se desconheciam mutuamente, como um objeto desconhece outro, na mesma prateleira de armrio.10Santos doa-se de ser um objeto aos olhos de Dona Laurinha. Se ela tambm era um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a diferena de que Dona Laurinha no procurava fugir a essa simplificao, nem reparava; era de fato, objeto. Ele, Santos, sentia-se vivo e desagradado. 1Ao aparecerem nele as primeiras dores, Dona Laurinha penalizou-se, mas esse interesse no beneficiou as relaes do casal. Santos parecia6comprazer-se em estar doente.11No propriamente em queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doena era para ele ocupao, emprego suplementar. O mdico da Alfndega dissera-lhe que certas formas reumticas levam anos para ser dominadas, exigem adaptao e disciplina. Santos comeou a cuidar do corpo como de uma planta delicada. E mostrou a Dona Laurinha a nevoenta radiografia da coluna vertebral com certo orgulho de estar assim to afetado. Quando voc ficar bom... No vou ficar. Tenho doena para o resto da vida. Para Dona Laurinha, a melhor maneira de curar-se tomar remdio e entregar o caso alma de Padre Eustquio, que vela por ns.2Comeou a fatigar-se com a importncia que o reumatismo assumira na vida do marido. E no se amolou muito12quando ele anunciou que ia internar-se no hospital Gaffr e Guinle. Voc no sentir falta de nada assegurou-lhe Santos. Tirei licena com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo comeo de ms trazer o dinheiro. Hospital no priso. Vou visitar voc todo domingo, quer? melhor no ir. Eu descanso, voc descansa, cada qual no seu canto. Ela tambm achou melhor, e nunca foi l. Pontualmente, Santos trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram at um pouco amigos nessa breve conversa a longos intervalos.4Ele chegava e saa curvado, sob a garra do reumatismo que nem melhorava nem matava. A visita no era de todo desagradvel, desde que a doena deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital pode ser distrada: os internados sabem de tudo c de fora. Pelo rdio explicou Santos. Um dia, ela se sentiu to nova, apesar do tempo e das separaes fundamentais, que imaginou uma alterao: por que ele no ficava at o dia seguinte, s essa vez? 5 tarde respondeu Santos. E ela no entendeu se ele se referia hora ou a toda a vida passada sem compreenso. certo que vagamente o compreendia agora, e recebia dele mais que a mesada: uma hora de companhia por ms. Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia no veio.13Dona Laurinha preocupou-se. No s lhe faziam falta os cruzeiros; ele tambm fazia. Tomou o nibus, foi ao hospital pela primeira vez, em alvoroo. L ele no era conhecido. Na Alfndega informaram-lhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o endereo da viva? Sou eu a viva disse Dona Laurinha, espantada. O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a viva do Santos, Dona Crislia, fizera bons piqueniques com o casal na Ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e de pescaria. Grande praa. Ele era padrinho do filho mais velho de Santos. Deixara trs rfos, coitado. E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. L estavam Santos, muito lpido, sorrindo, a outra mulher, os trs garotos. No havia dvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo,7a outra realidade de Santos era to destacada da sua, que o tornava outro homem, completamente desconhecido, irreconhecvel. Desculpe, foi engano.8A pessoa a que me refiro no esta disse Dona Laurinha, despedindo- se. (Carlos Drummond de Andrade) No trecho, tarde respondeu Santos. (ref. 5), o sujeito do verbo sublinhado
(EsPCEx - 2010) O on nitrato (NO3-), a molcula de amnia (NH3) , a molcula de dixido de enxofre (SO2) e a molcula de cido bromdrico (HBr) apresentam, respectivamente, a seguinte geometria: Elemento qumico N (Nitrognio) O (Oxignio) H (hidrognio) S (enxofre) Br (bromo) Nmero atmico (Z) 7 8 1 16 35
(EsPCEx - 2010) O Outro Marido 14Era conferente da Alfndega mas isso no tem importncia. Somos todos alguma coisa fora de ns; o eu irredutvel nada tem a ver com as classificaes profissionais. Pouco importa que nos avaliem pela casca.9Por dentro, sentia-se diferente, capaz de mudar sempre, enquanto a situao exterior e familiar no mudava. Nisso est o espinho do homem: ele muda, os outros no percebem. Sua mulher no tinha percebido. Era a mesma de h 23 anos, quando se casaram (quanto ao ntimo, claro).3Por falta de filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem derivativo. To perto que se desconheciam mutuamente, como um objeto desconhece outro, na mesma prateleira de armrio.10Santos doa-se de ser um objeto aos olhos de Dona Laurinha. Se ela tambm era um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a diferena de que Dona Laurinha no procurava fugir a essa simplificao, nem reparava; era de fato, objeto. Ele, Santos, sentia-se vivo e desagradado. 1Ao aparecerem nele as primeiras dores, Dona Laurinha penalizou-se, mas esse interesse no beneficiou as relaes do casal. Santos parecia6comprazer-se em estar doente.11No propriamente em queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doena era para ele ocupao, emprego suplementar. O mdico da Alfndega dissera-lhe que certas formas reumticas levam anos para ser dominadas, exigem adaptao e disciplina. Santos comeou a cuidar do corpo como de uma planta delicada. E mostrou a Dona Laurinha a nevoenta radiografia da coluna vertebral com certo orgulho de estar assim to afetado. Quando voc ficar bom... No vou ficar. Tenho doena para o resto da vida. Para Dona Laurinha, a melhor maneira de curar-se tomar remdio e entregar o caso alma de Padre Eustquio, que vela por ns.2Comeou a fatigar-se com a importncia que o reumatismo assumira na vida do marido. E no se amolou muito12quando ele anunciou que ia internar-se no hospital Gaffr e Guinle. Voc no sentir falta de nada assegurou-lhe Santos. Tirei licena com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo comeo de ms trazer o dinheiro. Hospital no priso. Vou visitar voc todo domingo, quer? melhor no ir. Eu descanso, voc descansa, cada qual no seu canto. Ela tambm achou melhor, e nunca foi l. Pontualmente, Santos trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram at um pouco amigos nessa breve conversa a longos intervalos.4Ele chegava e saa curvado, sob a garra do reumatismo que nem melhorava nem matava. A visita no era de todo desagradvel, desde que a doena deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital pode ser distrada: os internados sabem de tudo c de fora. Pelo rdio explicou Santos. Um dia, ela se sentiu to nova, apesar do tempo e das separaes fundamentais, que imaginou uma alterao: por que ele no ficava at o dia seguinte, s essa vez? 5 tarde respondeu Santos. E ela no entendeu se ele se referia hora ou a toda a vida passada sem compreenso. certo que vagamente o compreendia agora, e recebia dele mais que a mesada: uma hora de companhia por ms. Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia no veio.13Dona Laurinha preocupou-se. No s lhe faziam falta os cruzeiros; ele tambm fazia. Tomou o nibus, foi ao hospital pela primeira vez, em alvoroo. L ele no era conhecido. Na Alfndega informaram-lhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o endereo da viva? Sou eu a viva disse Dona Laurinha, espantada. O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a viva do Santos, Dona Crislia, fizera bons piqueniques com o casal na Ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e de pescaria. Grande praa. Ele era padrinho do filho mais velho de Santos. Deixara trs rfos, coitado. E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. L estavam Santos, muito lpido, sorrindo, a outra mulher, os trs garotos. No havia dvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo,7a outra realidade de Santos era to destacada da sua, que o tornava outro homem, completamente desconhecido, irreconhecvel. Desculpe, foi engano.8A pessoa a que me refiro no esta disse Dona Laurinha, despedindo- se. (Carlos Drummond de Andrade) O verbo comprazer-se (ref.6), de forma geral, classificado como
(EsPCEx - 2010) O Outro Marido 14Era conferente da Alfndega mas isso no tem importncia. Somos todos alguma coisa fora de ns; o eu irredutvel nada tem a ver com as classificaes profissionais. Pouco importa que nos avaliem pela casca.9Por dentro, sentia-se diferente, capaz de mudar sempre, enquanto a situao exterior e familiar no mudava. Nisso est o espinho do homem: ele muda, os outros no percebem. Sua mulher no tinha percebido. Era a mesma de h 23 anos, quando se casaram (quanto ao ntimo, claro).3Por falta de filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem derivativo. To perto que se desconheciam mutuamente, como um objeto desconhece outro, na mesma prateleira de armrio.10Santos doa-se de ser um objeto aos olhos de Dona Laurinha. Se ela tambm era um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a diferena de que Dona Laurinha no procurava fugir a essa simplificao, nem reparava; era de fato, objeto. Ele, Santos, sentia-se vivo e desagradado. 1Ao aparecerem nele as primeiras dores, Dona Laurinha penalizou-se, mas esse interesse no beneficiou as relaes do casal. Santos parecia6comprazer-se em estar doente.11No propriamente em queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doena era para ele ocupao, emprego suplementar. O mdico da Alfndega dissera-lhe que certas formas reumticas levam anos para ser dominadas, exigem adaptao e disciplina. Santos comeou a cuidar do corpo como de uma planta delicada. E mostrou a Dona Laurinha a nevoenta radiografia da coluna vertebral com certo orgulho de estar assim to afetado. Quando voc ficar bom... No vou ficar. Tenho doena para o resto da vida. Para Dona Laurinha, a melhor maneira de curar-se tomar remdio e entregar o caso alma de Padre Eustquio, que vela por ns.2Comeou a fatigar-se com a importncia que o reumatismo assumira na vida do marido. E no se amolou muito12quando ele anunciou que ia internar-se no hospital Gaffr e Guinle. Voc no sentir falta de nada assegurou-lhe Santos. Tirei licena com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo comeo de ms trazer o dinheiro. Hospital no priso. Vou visitar voc todo domingo, quer? melhor no ir. Eu descanso, voc descansa, cada qual no seu canto. Ela tambm achou melhor, e nunca foi l. Pontualmente, Santos trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram at um pouco amigos nessa breve conversa a longos intervalos.4Ele chegava e saa curvado, sob a garra do reumatismo que nem melhorava nem matava. A visita no era de todo desagradvel, desde que a doena deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital pode ser distrada: os internados sabem de tudo c de fora. Pelo rdio explicou Santos. Um dia, ela se sentiu to nova, apesar do tempo e das separaes fundamentais, que imaginou uma alterao: por que ele no ficava at o dia seguinte, s essa vez? 5 tarde respondeu Santos. E ela no entendeu se ele se referia hora ou a toda a vida passada sem compreenso. certo que vagamente o compreendia agora, e recebia dele mais que a mesada: uma hora de companhia por ms. Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia no veio.13Dona Laurinha preocupou-se. No s lhe faziam falta os cruzeiros; ele tambm fazia. Tomou o nibus, foi ao hospital pela primeira vez, em alvoroo. L ele no era conhecido. Na Alfndega informaram-lhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o endereo da viva? Sou eu a viva disse Dona Laurinha, espantada. O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a viva do Santos, Dona Crislia, fizera bons piqueniques com o casal na Ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e de pescaria. Grande praa. Ele era padrinho do filho mais velho de Santos. Deixara trs rfos, coitado. E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. L estavam Santos, muito lpido, sorrindo, a outra mulher, os trs garotos. No havia dvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo,7a outra realidade de Santos era to destacada da sua, que o tornava outro homem, completamente desconhecido, irreconhecvel. Desculpe, foi engano.8A pessoa a que me refiro no esta disse Dona Laurinha, despedindo- se. (Carlos Drummond de Andrade) ...a outra realidade de Santos era to destacada da sua, que o tornava outro homem, completamente desconhecido, irreconhecvel. (ref. 7) Os termos sublinhados so
(EsPCEx - 2010) O quadro a seguir relaciona algumas substncias qumicas e sua(s) aplicao(es) ou caracterstica(s) frequentes no cotidiano. Ordem Substncias Aplicao(es)/Caracterstica(s) I Hipoclorito de sdio Alvejante, agente antissptico II cido ntrico Indstria de explosivos III Hidrxido de amnio Produo de fertilizantes e produtos de limpeza IV xido de clcio Controle de acidez do solo e caiao As frmulas qumicas das substncias citadas nesse quadro so, na ordem, respectivamente:
(EsPCEx - 2010) O Outro Marido 14Era conferente da Alfndega mas isso no tem importncia. Somos todos alguma coisa fora de ns; o eu irredutvel nada tem a ver com as classificaes profissionais. Pouco importa que nos avaliem pela casca.9Por dentro, sentia-se diferente, capaz de mudar sempre, enquanto a situao exterior e familiar no mudava. Nisso est o espinho do homem: ele muda, os outros no percebem. Sua mulher no tinha percebido. Era a mesma de h 23 anos, quando se casaram (quanto ao ntimo, claro).3Por falta de filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem derivativo. To perto que se desconheciam mutuamente, como um objeto desconhece outro, na mesma prateleira de armrio.10Santos doa-se de ser um objeto aos olhos de Dona Laurinha. Se ela tambm era um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a diferena de que Dona Laurinha no procurava fugir a essa simplificao, nem reparava; era de fato, objeto. Ele, Santos, sentia-se vivo e desagradado. 1Ao aparecerem nele as primeiras dores, Dona Laurinha penalizou-se, mas esse interesse no beneficiou as relaes do casal. Santos parecia6comprazer-se em estar doente.11No propriamente em queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doena era para ele ocupao, emprego suplementar. O mdico da Alfndega dissera-lhe que certas formas reumticas levam anos para ser dominadas, exigem adaptao e disciplina. Santos comeou a cuidar do corpo como de uma planta delicada. E mostrou a Dona Laurinha a nevoenta radiografia da coluna vertebral com certo orgulho de estar assim to afetado. Quando voc ficar bom... No vou ficar. Tenho doena para o resto da vida. Para Dona Laurinha, a melhor maneira de curar-se tomar remdio e entregar o caso alma de Padre Eustquio, que vela por ns.2Comeou a fatigar-se com a importncia que o reumatismo assumira na vida do marido. E no se amolou muito12quando ele anunciou que ia internar-se no hospital Gaffr e Guinle. Voc no sentir falta de nada assegurou-lhe Santos. Tirei licena com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo comeo de ms trazer o dinheiro. Hospital no priso. Vou visitar voc todo domingo, quer? melhor no ir. Eu descanso, voc descansa, cada qual no seu canto. Ela tambm achou melhor, e nunca foi l. Pontualmente, Santos trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram at um pouco amigos nessa breve conversa a longos intervalos.4Ele chegava e saa curvado, sob a garra do reumatismo que nem melhorava nem matava. A visita no era de todo desagradvel, desde que a doena deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital pode ser distrada: os internados sabem de tudo c de fora. Pelo rdio explicou Santos. Um dia, ela se sentiu to nova, apesar do tempo e das separaes fundamentais, que imaginou uma alterao: por que ele no ficava at o dia seguinte, s essa vez? 5 tarde respondeu Santos. E ela no entendeu se ele se referia hora ou a toda a vida passada sem compreenso. certo que vagamente o compreendia agora, e recebia dele mais que a mesada: uma hora de companhia por ms. Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia no veio.13Dona Laurinha preocupou-se. No s lhe faziam falta os cruzeiros; ele tambm fazia. Tomou o nibus, foi ao hospital pela primeira vez, em alvoroo. L ele no era conhecido. Na Alfndega informaram-lhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o endereo da viva? Sou eu a viva disse Dona Laurinha, espantada. O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a viva do Santos, Dona Crislia, fizera bons piqueniques com o casal na Ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e de pescaria. Grande praa. Ele era padrinho do filho mais velho de Santos. Deixara trs rfos, coitado. E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. L estavam Santos, muito lpido, sorrindo, a outra mulher, os trs garotos. No havia dvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo,7a outra realidade de Santos era to destacada da sua, que o tornava outro homem, completamente desconhecido, irreconhecvel. Desculpe, foi engano.8A pessoa a que me refiro no esta disse Dona Laurinha, despedindo- se. (Carlos Drummond de Andrade) A pessoa a que me refiro no esta (ref. 8) A alternativa que classifica corretamente a palavra sublinhada