(Fuvest – 1999)
Transforma-se o amador na cousa amada,
por virtude do muito imaginar;
não tenho, logo, mais que desejar,
pois em mim tenho a parte desejada.
Se nela está minh’alma transformada,
que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar,
pois consigo tal alma está liada.
Mas esta linda e pura semideia,
que, como um acidente em seu sujeito,
assi co a alma minha se conforma,
está no pensamento como ideia:
e o vivo e puro amor de que sou feito,
como a matéria simples busca a forma.
(Camões, ed. A. J. da Costa Pimpão)
A relação semântica expressa pelo termo LOGO no verso “Não tenho, LOGO, mais que desejar” ocorre igualmente em:
Não se lembrou de ter um retrato do menino. E LOGO o retrato que tanto desejara.
Acendia, tão LOGO anoitecia, um candeeiro de querosene.
É um ser humano, LOGO merece nosso respeito.
E era LOGO ele que chegava a esta conclusão.
Adoeceu, e LOGO naquele mês, quando estava cheio de compromissos.