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Questões de Português - FUVEST 2007 | Gabarito e resoluções

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Questão 64
2007Português

(FUVEST - 2007 - 1a fase) O anncio luminoso de um edifcio em frente, acendendo e apagando, dava banhos intermitentes de sangue na pele de seu brao repousado, e de sua face. Ela estava sentada junto janela e havia luar; e nos intervalos desse banho vermelho ela era toda plida e suave. Na roda havia um homem muito inteligente que falava muito; havia seu marido, todo bovino; um pintor louro e nervoso; uma senhora recentemente desquitada, e eu. Para que recensear a roda que falava de poltica e de pintura? Ela no dava ateno a ningum. Quieta, s vezes sorrindo quando algum lhe dirigia a palavra, ela apenas mirava o prprio brao, atenta mudana da cor. Senti que ela frua nisso um prazer silencioso e longo. Muito!, disse quando algum lhe perguntou se gostara de um certo quadro - e disse mais algumas palavras; mas mudou um pouco a posio do brao e continuou a se mirar, interessada em si mesma, com um ar sonhador. Rubem Braga, A mulher que ia navegar. Muito!, disse quando algum lhe perguntou se gostara de um certo quadro. Se a pergunta a que se refere o trecho fosse apresentada em discurso direto, a forma verbal correspondente a gostara seria

Questão 65
2007Português

(FUVEST - 2007 - 1a fase) Sou feliz pelos amigos que tenho. Um deles muito sofre pelo meu descuido com o vernculo. Por alguns anos ele sistematicamente me enviava missivas eruditas com precisas informaes sobre as regras da gramtica, que eu no respeitava, e sobre a grafia correta dos vocbulos, que eu ignorava. Fi-lo sofrer pelo uso errado que fiz de uma palavra no ltimo Quarto de Badulaques. Acontece que eu, acostumado a conversar com a gente das Minas Gerais, falei em varreo do verbo varrer. De fato, tratava-se de um equvoco que, num vestibular, poderia me valer uma reprovao. Pois o meu amigo, paladino da lngua portuguesa, se deu ao trabalho de fazer um xerox da pgina 827 do dicionrio (...). O certo varrio, e no varreo. Mas estou com medo de que os mineiros da roa faam troa de mim, porque nunca os ouvi falar de varrio. E se eles rirem de mim no vai me adiantar mostrar-lhes o xerox da pgina do dicionrio (...). Porque para eles no o dicionrio que faz a lngua. o povo. E o povo, l nas montanhas de Minas Gerais, fala varreo, quando no barreo. O que me deixa triste sobre esse amigo oculto que nunca tenha dito nada sobre o que eu escrevo, se bonito ou se feio. Toma a minha sopa, no diz nada sobre ela, mas reclama sempre que o prato est rachado. Rubem Alves http://rubemalves.uol.com.br/quartodebadulaques Ao manifestar-se quanto ao que seja correto ou incorreto no uso da lngua portuguesa, o autor revela sua preocupao em

Questão 66
2007Português

(FUVEST - 2007 - 1a fase) Sou feliz pelos amigos que tenho. Um deles muito sofre pelo meu descuido com o vernculo. Por alguns anos ele sistematicamente me enviava missivas eruditas com precisas informaes sobre as regras da gramtica, que eu no respeitava, e sobre a grafia correta dos vocbulos, que eu ignorava. Fi-lo sofrer pelo uso errado que fiz de uma palavra no ltimo Quarto de Badulaques. Acontece que eu, acostumado a conversar com a gente das Minas Gerais, falei em varreo do verbo varrer. De fato, tratava-se de um equvoco que, num vestibular, poderia me valer uma reprovao. Pois o meu amigo, paladino da lngua portuguesa, se deu ao trabalho de fazer um xerox da pgina 827 do dicionrio (...). O certo varrio, e no varreo. Mas estou com medo de que os mineiros da roa faam troa de mim, porque nunca os ouvi falar de varrio. E se eles rirem de mim no vai me adiantar mostrar-lhes o xerox da pgina do dicionrio (...). Porque para eles no o dicionrio que faz a lngua. o povo. E o povo, l nas montanhas de Minas Gerais, fala varreo, quando no barreo. O que me deixa triste sobre esse amigo oculto que nunca tenha dito nada sobre o que eu escrevo, se bonito ou se feio. Toma a minha sopa, no diz nada sobre ela, mas reclama sempre que o prato est rachado. Rubem Alves http://rubemalves.uol.com.br/quartodebadulaques O amigo chamado de paladino da lngua portuguesa porque

Questão 67
2007Português

(FUVEST - 2007 - 1a fase) Leia: Sou feliz pelos amigos que tenho. Um deles muito sofre pelo meu descuido com o vernculo. Por alguns anos ele sistematicamente me enviava missivas eruditas com precisas informaes sobre as regras da gramtica, que eu no respeitava, e sobre a grafia correta dos vocbulos, que eu ignorava. Fi-lo sofrer pelo uso errado que fiz de uma palavra no ltimo Quarto de Badulaques. Acontece que eu, acostumado a conversar com a gente das Minas Gerais, falei em varreo - do verbo varrer. De fato, tratava-se de um equvoco que, num vestibular, poderia me valer uma reprovao. Pois o meu amigo, paladino da lngua portuguesa, se deu ao trabalho de fazer um xerox da pgina 827 do dicionrio (...). O certo varrio, e no varreo. Mas estou com medo de que os mineiros da roa faam troa de mim, porque nunca os ouvi falar de varrio. E se eles rirem de mim no vai me adiantar mostrar-lhes o xerox da pgina do dicionrio (...). Porque para eles no o dicionrio que faz a lngua. o povo. E o povo, l nas montanhas de Minas Gerais, fala varreo, quando no barreo. O que me deixa triste sobre esse amigo oculto que nunca tenha dito nada sobre o que eu escrevo, se bonito ou se feio. Toma a minha sopa, no diz nada sobre ela, mas reclama sempre que o prato est rachado. Rubem Alves http://rubemalves.uol.com.br/quartodebadulaques Toma a minha sopa, no diz nada sobre ela, mas reclama sempre que o prato est rachado. Considerada no contexto, essa frase indica, em sentido figurado, que, para o autor, a

Questão 68
2007Português

(FUVEST - 2007 - 1a fase) Das vs sutilezas Os homens recorrem por vezes a sutilezas fteis e vs para atrair nossa ateno. (...) Aprovo a atitude daquele personagem a quem apresentaram um homem que com tamanha habilidade atirava um gro de alpiste que o fazia passar pelo buraco de uma agulha sem jamais errar o golpe. Tendo pedido ao outro que lhe desse uma recompensa por essa habilidade excepcional, atendeu o solicitado, de maneira prazenteira e justa a meu ver, mandando entregar-lhe trs medidas de alpiste a fim de que pudesse continuar a exercer to nobre arte. prova irrefutvel da fraqueza de nosso julgamento apaixonarmonos pelas coisas s porque so raras e inditas, ou ainda porque apresentam alguma dificuldade, muito embora no sejam nem boas nem teis em si. Montaigne, Ensaios. O texto revela, em seu desenvolvimento, a seguinte estrutura:

Questão 69
2007Português

(FUVEST - 2007 - 1a fase) Das vs sutilezas Os homens recorrem por vezes a sutilezas fteis e vs para atrair nossa ateno. (...) Aprovo a atitude daquele personagem a quem apresentaram um homem que com tamanha habilidade atirava um gro de alpiste que o fazia passar pelo buraco de uma agulha sem jamais errar o golpe. Tendo pedido ao outro que lhe desse uma recompensa por essa habilidade excepcional, atendeu o solicitado, de maneira prazenteira e justa a meu ver, mandando entregar-lhe trs medidas de alpiste a fim de que pudesse continuar a exercer to nobre arte. prova irrefutvel da fraqueza de nosso julgamento apaixonarmonos pelas coisas s porque so raras e inditas, ou ainda porque apresentam alguma dificuldade, muito embora no sejam nem boas nem teis em si. Montaigne, Ensaios. A expresso sublinhada no trecho ...ou ainda porque apresentam alguma dificuldade, muito embora no sejam nem boas nem teis em si pode ser substituda, sem prejuzo para o sentido, por

Questão 70
2007Português

(FUVEST - 2007 - 1a fase) J a tarde caa quando recolhemos muito lentamente. E toda essa adorvel paz do cu, realmente celestial, e dos campos, onde cada folhinha conservava uma quietao contemplativa, na luz docemente desmaiada, pousando sobre as coisas com um liso e leve afago, penetrava to profundamente Jacinto, que eu o senti, no silncio em que caramos, suspirar de puro alvio. Depois, muito gravemente: - Tu dizes que na Natureza no h pensamento... - Outra vez! Olha que maada! Eu... - Mas por estar nela suprimido o pensamento que lhe est poupado o sofrimento! Ns, desgraados, no podemos suprimir o pensamento, mas certamente o podemos disciplinar e impedir que ele se estonteie e se esfalfe, como na fornalha das cidades, ideando gozos que nunca se realizam, aspirando a certezas que nunca se atingem!... E o que aconselham estas colinas e estas rvores nossa alma, que vela e se agita - que viva na paz de um sonho vago e nada apetea, nada tema, contra nada se insurja, e deixe o mundo rolar, no esperando dele seno um rumor de harmonia, que a embale e lhe favorea o dormir dentro da mo de Deus. Hem, no te parece, Z Fernandes? - Talvez. Mas necessrio ento viver num mosteiro, com o temperamento de S. Bruno, ou ter cento e quarenta contos de renda e o desplante de certos Jacintos Ea de Queirs, A cidade e as serras. Considerado no contexto de A cidade e as serras, o dilogo presente no excerto revela que, nesse romance de Ea de Queirs, o elogio da natureza e da vida rural

Questão 71
2007Português

(FUVEST - 2007 - 1a fase) J a tarde caa quando recolhemos muito lentamente. E toda essa adorvel paz do cu, realmente celestial, e dos campos, onde cada folhinha conservava uma quietao contemplativa, na luz docemente desmaiada, pousando sobre as coisas com um liso e leve afago, penetrava to profundamente Jacinto, que eu o senti, no silncio em que caramos, suspirar de puro alvio. Depois, muito gravemente: - Tu dizes que na Natureza no h pensamento... - Outra vez! Olha que maada! Eu... - Mas por estar nela suprimido o pensamento que lhe est poupado o sofrimento! Ns, desgraados, no podemos suprimir o pensamento, mas certamente o podemos disciplinar e impedir que ele se estonteie e se esfalfe, como na fornalha das cidades, ideando gozos que nunca se realizam, aspirando a certezas que nunca se atingem!... E o que aconselham estas colinas e estas rvores nossa alma, que vela e se agita - que viva na paz de um sonho vago e nada apetea, nada tema, contra nada se insurja, e deixe o mundo rolar, no esperando dele seno um rumor de harmonia, que a embale e lhe favorea o dormir dentro da mo de Deus. Hem, no te parece, Z Fernandes? - Talvez. Mas necessrio ento viver num mosteiro, com o temperamento de S. Bruno, ou ter cento e quarenta contos de renda e o desplante de certos Jacintos... Entre os seguintes fragmentos do excerto, aquele que, tomado isoladamente,mais se coaduna com as ideias expressas na poesia de Alberto Caeiro o que est em

Questão 72
2007Português

(FUVEST - 2007 - 1a fase) Considere as seguintes afirmaes: I. Assim como Jacinto, de A cidade e as serras, passa por uma verdadeira ressurreio ao mergulhar na vida rural, tambm Augusto Matraga, de Sagarana, experimenta um ressurgimento associado a uma renovao da natureza. II. Tambm Fabiano, de Vidas secas, em geral pouco falante, experimenta uma transformao ligada natureza: a chegada das chuvas e a possibilidade de renovao da vida tornam-no loquaz e desejoso de expressar-se. III. J Iracema, quando debilitada pelo afastamento de Martim, no encontra na natureza foras capazes de salvar-lhe a vida. Est correto o que se afirma em:

Questão 73
2007Português

(FUVEST - 2007 - 1a fase) Um tipo social que recebe destaque tanto nas Memrias de um sargento de milcias quanto em Dom Casmurro, merecendo, inclusive, em cada uma dessas obras, um captulo cujo ttulo o designa, o:

Questão 74
2007Português

(FUVEST - 2007 - 1a fase) Procura da Poesia No faas versos sobre acontecimentos. No h criao nem morte perante a poesia. Diante dela, a vida um sol esttico, no aquece nem ilumina. (...) Penetra surdamente no reino das palavras. L esto os poemas que esperam ser escritos. Esto paralisados, mas no h desespero, h calma e frescura na superfcie intata. Ei-los ss e mudos, em estado de dicionrio. (...) Carlos Drummond de Andrade, A rosa do povo. No contexto do livro, a afirmao do carter verbal da poesia e a incitao a que se penetre no reino das palavras, presentes no excerto, indicam que, para o poeta de A rosa do povo,

Questão 75
2007Português

(FUVEST - 2007 - 1 FASE) Quanto concordncia verbal, a frase inteiramente correta :

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