(FUVEST- 2023- 1 fase) A associao de sistemas mltiplos de subordinao tem sido descrita de vrios modos: discriminao composta, cargas mltiplas ou como dupla ou tripla discriminao. A interseccionalidade uma conceituao do problema que busca capturar as consequncias estruturais e dinmicas da interao entre dois ou mais eixos da subordinao. Ela trata especificamente da forma pela qual o racismo, o patriarcalismo, a opresso de classe e outros sistemas discriminatrios criam desigualdades bsicas que estruturam as posies relativas de mulheres, raas, etnias, classes e outras. CRENSHAW, Kimberl W. Documento para o Encontro de Especialistas em Aspectos da Discriminao Racial Relativos ao Gnero. Estudos Feministas, ano 10, n 1/2002. O texto da professora e jurista estadunidense Kimberl Crenshaw define o conceito de interseccionalidade para o estudo das mltiplas discriminaes. A partir dessa definio, possvel dizer que os dados do Dieese sobre o mercado de trabalho brasileiro em 2021 indicam que
(FUVEST - 2023) O quadro Independncia ou Morte retrata o momento em que D. Pedro levanta a espada e proclama a independncia do Brasil. Saliento, nessa obra, a pompa em sua composio que sobressai em todos os detalhes. Alm disso, note-se que a luz esplendorosa que ilumina os personagens vem do alto, do cu. A tela do maom Blanes representa o juramento de 33 homens que, em 25 de agosto de 1825, deram incio reconquista militar da Provncia Oriental [que] culminou com a independncia nacional uruguaia. Enfatizo nesta pintura que os homens pisam num terreno plano e usam roupas comuns. Uma forte luz, que brota da terra, os ilumina, mostrando sua fora e determinao interiores. Assim, Pedro Amrico revestiu seu tema com grandeza, ressaltando as aparncias exteriores. De outra parte, o uruguaio salienta as virtudes que vinham de dentro dos heris, fazendo dos trajes apenas acessrios menores que no ofuscam a magnitude da cena histrica. Na minha viso, as escolhas pictricas de Pedro Amrico esto relacionadas ao imaginrio simblico da monarquia e as de Blanes foram inspiradas pelo iderio republicano. So as afinidades polticas que nos fazem entender as concepes diferentes dos dois pintores sobre o mesmo tema da independncia. PRADO, Maria Ligia C. A pintura e a construo das identidades nacionais na Amrica Latina. Nossa Amrica, Revista do Memorial da Amrica Latina, n. 59, 2022; p. 22 e 23. Adaptado. Com base no texto e na leitura das imagens, responda: a) Como, no tema da tela pintada por Blanes, se articulam as histrias do Brasil e do Uruguai? b) Que elementos corroboram a ideia de pompa na pintura de Pedro Amrico e de despojamento na de Blanes? Indique um elemento de cada imagem. c) Como, na viso da autora, as pinturas se relacionam com os regimes polticos adotados, aps as independncias, no Brasil e no Uruguai?
(FUVEST- 2023- 1 fase) O voto feminino no Brasil completou 90 anos. Desde que a professora Celina Guimares se alistou para votar em Mossor, em 1927, e Alzira Soriano, primeira mulher eleita para um cargo pblico no pas, assumiu a Prefeitura de Lajes, em 1929, ambos municpios do Rio Grande do Norte, muita coisa mudou. Em que pesem os avanos legais, o cenrio nacional segue desfavorvel, e a participao das mulheres na poltica ainda irrisria considerando-se o perfil demogrfico brasileiro. Mulheres somam 52% dos votantes, mas representam apenas 15% dos parlamentares do Congresso. A maioria da populao feminina negra, ao contrrio da parlamentar, que majoritariamente no negra. Indgena, apenas uma. Verdade que o percentual de participao feminina na Cmara e no Senado cresceu na comparao com legislaturas anteriores. Ainda assim, pouco. Na prtica, a poltica no Brasil feita por homens brancos. Dados da Unio Interparlamentar, que rene pases ligados ONU, colocam o Brasil na posio 145 do ranking Mulheres nos Parlamentos Nacionais. Numa nao onde em 2021 quatro mulheres foram vtimas de feminicdio por dia, e os casos de estupro voltaram a crescer, j passou da hora de usar a via democrtica para tentar mudar esse cenrio. necessrio que as mulheres assumam o protagonismo nesse pleito, reivindiquem cabeas de chapas majoritrias e exijam transparncia na distribuio dos recursos do fundo partidrio. Claro que no h garantias de transformao, mas pode ser uma bela oportunidade de ao menos dar uma sacolejada no jogo e incluir em pauta a discusso de alguns problemas reais do Brasil. ROSA, Ana Cristina. Com mulheres na cabea. Folha de S. Paulo. 27.02.2022. Adaptado. correto afirmar que o cenrio nacional ao qual se refere a autora do texto
(FUVEST - 2023) Os operrios no deviam ser proibidos de pensar. Na poca do velho, o mineiro vivia como um animal, enterrado na mina, sem se dar conta do que acontecia. Por isso os ricos podiam chupar o sangue dos operrios. Mas esses j estavam acordando. No fundo da terra germinava uma semente, e um belo dia os homens brotariam da terra, um exrcito de homens que viria restabelecer a justia. Desde a Revoluo Francesa todos os cidados no eram considerados iguais? ZOLA, mile. Germinal. So Paulo: Companhia das Letras, 2008, p.58-59. Com base na leitura do excerto do romance naturalista Germinal publicado na Frana em 1885, a) indique um tema presente no excerto. b) cite dois elementos que evidenciem as mudanas em curso na condio dos operrios. c) exponha duas razes pelas quais a Revoluo Francesa mencionada na denncia das injustias.
(FUVEST- 2023- 1 fase) O Pas abriu quarta-feira em suas colunas o mais interessante dos plebiscitos para soluo de um importante problema social: Como deve ser educada a mulher... Trata-se de saber se devemos ser educadas para, pelo casamento, sermos sustentadas pelo homem, ou para nos tornarmos hbeis e prover nossa prpria subsistncia pelo nosso nico trabalho. Se admitis a primeira hiptese, em que consiste a educao feminina para o casamento? Se preferis a segunda, quais so os gneros de trabalho em que a mulher pode, semdecair, ganhar a vida em nossa terra? (...) Esta forma de educao requer toda uma ordem de conhecimento que no sejam apenas frvolos. (...) Os nossos costumes, por isso mesmo, so ingnuos e se apoiam em preconceitos e tradies, no admitem ainda a mulher que trabalha. (...) Assim mesmo as professoras j lograram subir um pouco na cotao social. As mdicas vo impondo-se pouco a pouco.... Carmem Dolores. A Semana. Rio de Janeiro, 08/04/1906. In: VASCONCELLOS, Eliane (org.). Carmem Dolores. Crnicas, 1905-1910. Rio de Janeiro: Arquivo Pblico do Estado do Rio de Janeiro, 1998. De acordo com o excerto, assinale a alternativa mais adequada para expressar o processo de insero das mulheres no mundo do trabalho no incio do sculo XX.
(FUVEST - 2023) O reino do Congo se formou a partir da mistura, por meio de casamentos, de uma elite tradicional com uma elite nova, descendente dos estrangeiros que vieram do outro lado do rio. Isso ocorreu no incio do sculo XV, e quando os portugueses a ele chegaram (o primeiro contato se deu em 1483), encontraram uma sociedade hierarquizada, com aglomerados populacionais que funcionavam como capitais regionais e uma capital central, na qual o mani Congo, como o ob do Benin e muitos outros chefes de grupos diversos, vivia em construes grandiosas, cercado de suas mulheres e filhos, conselheiros, escravos e ritos. SOUZA, Marina de Mello e. frica e Brasil africano. So Paulo: tica, 2008. p. 38. A partir da leitura da imagem e do texto, responda s questes a seguir: a) De que forma a caracterizao do reino do Congo como uma sociedade hierarquizada representada na imagem? b) Cite dois elementos da imagem que remetem a smbolos europeus de realeza. c) Como a imagem representa as relaes entre as naes europeias e os reinos africanos no incio da Idade Moderna?
(FUVEST- 2023- 1 fase) FAMLIA Trs meninos e duas meninas, sendo uma ainda de colo. A cozinheira preta, a copeira mulata, o papagaio, o gato, o cachorro, as galinhas gordas no palmo de horta e a mulher que trata de tudo. A espreguiadeira, a cama, a gangorra, o cigarro, o trabalho, a reza, a goiabada na sobremesa de domingo, o palito nos dentes contentes, o gramofone rouco toda noite e a mulher que trata de tudo. O agiota, o leiteiro, o turco, o mdico uma vez por ms, o bilhete todas as semanas branco! mas a esperana sempre verde. A mulher que trata de tudo e a felicidade. Carlos Drummond de Andrade. Alguma poesia. No poema de Drummond,
(FUVEST - 2023) Sobre o movimento cultural denominado Tropiclia que se desenvolveu nos anos 1960 associado era dos Festivais, responda: a) Cite o nome de um(a) artista ou de uma cano identificada com o movimento. b) Aponte duas caractersticas do movimento. c) Indique uma diferena da Tropiclia em relao s denominadas canes de protesto e outro em relao Jovem Guarda.
(FUVEST - 2023) A Biblioteca de Alexandria cria um espao abstrato do qual sbios de origens diversas vo poder apropriar-se. Esse espao o do helenismo, horizonte comum de textos, crenas, modelos intelectuais e tradies, que dependem, doravante, de tarefas coletivas arquivar, editar, comentar, elaborar mapas, escrever a histria, recensear. Poder-se-ia dizer que uma das chaves da cultura alexandrina a relao paradoxal que ela mantm com a memria. A ausncia de uma tradio e de uma memria locais explica talvez como a biblioteca, esse lugar de memria artificial, criado por uma poltica voluntarista, ter podido atrair e reter gregos de todas as origens. JACOB, Christian. Ler para escrever: navegaes alexandrinas. In: BARATIN, Marc e JACOB, Christian. O poder das bibliotecas. Rio de Janeiro: Ed.UERJ, 2000, p.53-54. Adaptado. Com base na leitura do texto, responda s questes: a) O que foi o helenismo? b) Cite dois exemplos que indicam a relao entre a cultura alexandrina e a memria. c) Indique dois elementos que tornaram possvel aos pensadores humanistas (sculos XIV-XVI) se apropriarem do patrimnio cultural clssico.
(FUVEST- 2023- 1 fase) TEXTO PARA AS QUESTES 05 E 06 Luc Boltanski e ve Chiapello demonstram com clareza e sagacidade a capacidade antropofgica do capitalismo financeiro que engole a linguagem do protesto e da libertao para transform-la e utiliz-la para legitimar a dominao social e poltica a partir do prprio mercado. Na dimenso do mundo do trabalho, por exemplo, todo um novo vocabulrio teve que ser inventado para escamotear as novas transformaes e melhor oprimir o trabalhador. Com essa linguagem aparentemente libertadora, passa-se a impresso de que o ambiente de trabalho melhorou e o trabalhador se emancipou. Assim houve um esforo dirigido para transformar o trabalhador em colaborador, para eufemizar e esconder a conscincia de sua superexplorao; tenta-se tambm exaltar os supostos valores de liderana para possibilitar que, a partir de agora, o prprio funcionrio, no mais o patro, passe a controlar e vigiar o colega de trabalho. Ou, ainda, h a inteno de difundir a cultura do empreendedorismo, segundo a qual todo mundo pode ser empresrio de si mesmo. E, o mais importante, se ele falhar nessa empreitada, a culpa apenas dele. necessrio sempre culpar individualmente a vtima pelo fracasso socialmente construdo. SOUZA, Jess. Como o racismo criou o Brasil. Rio de Janeiro: Estao Brasil, 2021. De acordo com o texto, o uso de colaborador no lugar de trabalhador, no campo das relaes de trabalho, indica
(FUVEST - 2023) Com base na leitura da Carta das Estradas de Ferro da Provncia de So Paulo (ca. 1880), responda: a) Que atividade econmica subsidia a configurao da rede ferroviria na provncia de S. Paulo? b) Indique dois elementos que atestam a importncia da cidade de Santos nessa rede de transporte. c) Relacione o traado das ferrovias com as dinmicas econmicas e sociais da provncia paulista no sculo XIX.
(FUVEST- 2023- 1 fase) A Exposio Internacional do Centenrio de 1922 no Rio de Janeiro constituiu uma verso brasileira grandiosa, embora anacrnica, das exposies do sculo XIX, destinadas a celebrar o ideal nacional. Para essa mostra o Mxico enviou uma importante delegao, com farto material de exposio, tendo inclusive construdo um pavilho especial para abrigar seus produtos. Jos Vasconcelos (1881-1952), o filsofo e intelectual mexicano de maior destaque (...), chefiou a delegao mexicana. No final da exposio, o Mxico deixou no Rio um Cuauhtmoc carioca olhando para a baa da Guanabara, e Vasconcelos partiu levando uma bagagem de mitos nacionais brasileiros (...). TENORIO TRILLO, Mauricio. Um Cuahtmoc Carioca: comemorando o Centenrio da independncia do Brasil e a raa csmica. Estudos Histricos, Rio de Janeiro, v. 7, n. 14, 1994. No ano seguinte celebrao do centenrio da independncia do Mxico, o governo mexicano enviou ao Brasil uma delegao para participar dos festejos do centenrio da independncia brasileira e escolheu, para simbolizar seu pas, a figura de Cuahtmoc, imperador asteca que morreu na luta de resistncia contra os conquistadores espanhis. A partir do excerto, correto atestar a seguinte semelhana entre os dois pases:
(FUVEST- 2023- 1 fase) Eu quase fui um ndio sacana, como meu tio. (...) Desses ndio que so ndio pela metade. Ou seja, qui nem ndio, nem branco, nem cholo, nem negro, nem serrano, nem costeiro, nem campons, nem equatoriano, nem estrangeiro, nem nada. ndio sacana, claro. ndio quest vista de toda gente e ningum v, quest mesminho nas ruas todos os dias, caminhando pra l pra c, buscando trabalho nas porta de gente rica, de jardineiro, de mensageiro, cuidador de cachorros, saloneiro, caseiro, criador de crianas, de toda classe de trabalho. Chofer. O Equador est cheinho de ndio sacana assim. Desse tipo dndio que no nada. CARVALHO-NETO, Paulo de. Meu tio Atahualpa. Rio de Janeiro: Salamandra, 1978. A expresso ndio sacana, presente no texto, faz referncia a:
(FUVEST- 2023- 1 fase) Os vadios so o dio de todas as naes civilizadas, e contra eles se tem muitas vezes legislado; porm as regras comuns relativas a este ponto no podem ser aplicveis ao territrio de Minas; porque estes vadios, que em outra parte seriam prejudiciais, so ali teis. Desembargador J.J. Teixeira Coelho. Instrues para o governo da capitania de Minas Gerais (1780). Apud SOUZA, Laura de Mello e. Os desclassificados do ouro. A pobreza mineira no sculo XVIII. Rio de Janeiro: Graal, 1982. A partir da leitura do excerto, que aborda aspectos da sociedade mineira do sculo XVIII, correto afirmar que, nessa sociedade,
(FUVEST- 2023- 1 fase) I. indispensvel romper com todas as diplomacias nocivas, mandar pro diabo qualquer forma de hipocrisia, suprimir as polticas literrias e conquistar uma profunda sinceridade pra com os outros e pra consigo mesmo. A convico dessa urgncia foi pra mim a melhor conquista at hoje do movimento que chamam de modernismo. Foi ela que nos permitiu a intuio de que carecemos, sob pena de morte, de procurar uma arte de expresso nacional. HOLANDA, Srgio Buarque de. O lado oposto e outros lados, 1926. II. Trazendo de pases distantes nossas formas de convvio, nossas instituies, nossas ideias, e timbrando em manter tudo isso em ambiente muitas vezes desfavorvel e hostil, somos ainda hoje uns desterrados em nossa terra. HOLANDA, Srgio Buarque de. Razes do Brasil, 1936. Os dois excertos do historiador e crtico literrio Srgio Buarque de Holanda salientam que a cultura brasileira somente completar a sua formao quando