(FUVEST- 2023 - 1ª fase)
“Eu quase fui um índio sacana, como meu tio. (...) Desses índio que são índio pela metade. Ou seja, qui nem índio, nem branco, nem cholo, nem negro, nem serrano, nem costeiro, nem camponês, nem equatoriano, nem estrangeiro, nem nada. Índio sacana, claro. Índio qu’está à vista de toda gente e ninguém vê, qu’está mesminho nas ruas todos os dias, caminhando pra lá pra cá, buscando trabalho nas porta de gente rica, de jardineiro, de mensageiro, cuidador de cachorros, saloneiro, caseiro, criador de crianças, de toda classe de trabalho. Chofer. O Equador está cheinho de índio sacana assim. Desse tipo d’índio que não é nada”.
CARVALHO-NETO, Paulo de. Meu tio Atahualpa. Rio de Janeiro: Salamandra, 1978.
A expressão “índio sacana”, presente no texto, faz referência a:
Uma parcela da população indígena caracterizada por sua autonomia e resistência às formas pós-coloniais de dominação.
Um grupo social cuja inserção na sociedade equatoriana foi complexa e limitada.
Uma etnia que historicamente alcançou a emancipação política e social por meio da assimilação da cultura europeia.
Um conjunto de indivíduos de nacionalidade estrangeira cujos hábitos e costumes contrastavam com os da população local.
Um segmento que ganhou visibilidade por ocupar posições sociais de prestígio.