(FUVEST - 2024)
“O plano dos Estados Unidos de derrubarem a Revolução já estava esboçado na ocasião em que Mikoyan [vice-líder no governo soviético de Nikita Kruschev] visitou Havana, em fevereiro de 1960 (...). A CIA propunha a sabotagem das refinarias de açúcar de Cuba, a principal fonte de riqueza da ilha. (...)
Como prometido, Fidel Castro reagiu contra os Estados Unidos (...). Ele anunciou a nacionalização de todas as propriedades norte-americanas importantes da ilha. (...) Numa frase sinistra (...), Castro salientou que a Cuba revolucionária tinha agora o apoio militar de fora do continente. Cuba ‘aceitaria com gratidão’, disse ele, ‘a ajuda dos foguetes da União Soviética (...)’.
Naquele mês, a lenha fora jogada na fogueira, quando Castro chegou a Nova York para falar na Assembleia Geral da ONU, instalando-se no Harlem. (...)
Castro ficou no [hotel] Theresa, cercado por um grupo de admiradores (...) e numa tarde memorável foi visitado pelo líder soviético. (...) Kruschev escreveu nas suas memórias que ‘indo a um hotel negro num bairro negro, nós estávamos fazendo uma dupla demonstração contra as políticas discriminatórias dos Estados Unidos em relação aos negros, assim como em relação a Cuba’”.
GOTT, Richard. Cuba: uma nova história. Rio de Janeiro: Zahar, 2006. p.210-213. Adaptado.
As tensões políticas abordadas no texto referem-se
à indecisão de Fidel Castro sobre o alinhamento político de Cuba na Guerra Fria e ao isolamento da ilha em relação a outros debates políticos da época.
às garantias do governo revolucionário em Cuba aos capitais norte-americanos e à salvaguarda dos direitos civis da população negra na ilha.
à aliança entre Cuba e URSS selada na origem da guerrilha em Sierra Maestra e à consequente oposição dos EUA ao movimento insurgente.
ao gradual alinhamento entre Cuba e a URSS e ao aceno dos dois governantes de apoio ao movimento negro norteamericano.
à articulação entre os governos da URSS e dos EUA para enfraquecer Fidel Castro e os movimentos sociais no Harlem.