(ITA - 2001 - REDAÇÃO)
INSTRUÇÕES PARA REDAÇÃO
Redija uma dissertação (em prosa, de aproximadamente 25 linhas) sobre o tema:
A ocasião faz o ladrão?
Para elaborar sua redação, você poderá valer-se, total ou parcialmente, dos argumentos contidos nos excertos abaixo, refutando-os ou concordando com os mesmos. Não os copie. (Dê um título ao seu texto. A redação final deve ser feita com caneta azul ou preta.)
Os textos abaixo tem como apontamento o tema acima.
1.
(...) muito se reclama no Brasil da corrupção pública, que vai do guardinha de trânsito ao deputado federal. A corrupção privada, no entanto, é igualmente difusa e danosa, embora ninguém pareça escandalizar-se demais com ela. Quando vou ao Brasil, freqüento jornalistas, cineastas, publicitários, e é impressionante a quantidade de histórias de corrupção privada que eles têm a contar. Na maior parte dos casos, são atravessadores que faturam uma bonificação para cada transação comercial que executam.Acredito que em outros campos de trabalho se verifiquem fatos análogos. Se, em vez de jornalistas, cineastas e publicitários, eu freqüentasse fabricantes de parafusos ou importadores de máquinas agrícolas, acho que acabaria ouvindo o mesmo número de histórias de corrupção.
(Diogo Mainardi, Veja, 5/7/2000.)
2.
No Brasil uma pessoa já é considerada honesta apenas porque é medíocre em sua desonestidade.
(Millôr Fernandes. Folha de S. Paulo, 30/7/2000.)
3.
Não há povos mais ou menos predispostos à desonestidade. Há sim, sistemas mais permissivos, mais frouxos, mais corruptos, nos quais ela encontra terreno fértil para plantar suas raízes profundas — o que estaria ocorrendo no Brasil.
(IstoÉ, 20/5/1992.)
4.
Os excertos abaixo foram extraídos da matéria “O bloco dos honestos”, publicada em IstoÉ de 20/5/1992, e adaptados. (A moeda na época era o Cruzeiro.)
G.B.P. — Funcionária do Metrô de São Paulo
— Salário mensal de Cr$ 640 mil; entre suas funções recolhe roupas doadas para os pobres.
— Trabalhando solitariamente numa sala, encontrou US$ 400* no bolso de um casaco que lhe foi entregue.
— Passou o dinheiro a seu chefe, que aguarda o verdadeiro dono.
(*) US$ 400 correspondia a um pouco mais que o dobro do salário da funcionária, na época.
C.A. — Camareira de hotel
— Ganha mensalmente Cr$ 390 mil, trabalhando 10 horas por dia.
— Entrega à gerência dólares, relógios e jóias esquecidos pelos hóspedes.
— Sua receita para a honestidade é “não dar chance à tentação”.
H.H.F. — Fiscal Aduaneiro
— Cr$ 3 milhões de salário mensal, fiscalizando a fronteira Brasil-Paraguai.
— Por suas mãos passam diariamente US$ 10 milhões em guias de exportação.
— Irredutível, declara: “A corrupção não compensa, tampouco constrói”.
J.A.S. — Engenheiro
— Salário de Cr$ 2 milhões por mês, examinando loteamento fora da lei.
— Já interditou mais de 60 empreendimentos imobiliários irregulares.
— Diz que o menor diálogo com “a pilantragem termina em corrupção”.