(PUC - SP)
Tu só, tu, puro amor, com força crua
Que os corações humanos tanto obriga,
Deste causa à molesta morte sua,
Como se fora pérfida inimiga.
Se dizem, fero Amor, que a sede tua
Nem com lágrimas tristes se mitiga,
É porque queres, áspero e tirano,
Tuas aras banhar em sangue humano.
Estavas, linda Inês, posta em sossego,
De teus anos colhendo doce fruito,
Naquele engano da alma ledo e cego,
Que a fortuna não deixa durar muito,
Nos saudosos campos do Mondego,
De teus fermosos olhos nunca enxuito,
Aos montes ensinando e às ervinhas,
O nome que no peito escrito tinhas.
"Os Lusíadas", obra de Camões, exemplificam o gênero épico na poesia portuguesa, entretanto oferecem momentos em que o lirismo se expande, humanizando os versos. O episódio de Inês de Castro, do qual o trecho acima faz parte, é considerado o ponto alto do lirismo camoniano inserido em sua narrativa épica. Desse episódio, como um todo, pode afirmar-se que seu núcleo central
personifica e exalta o Amor, mais forte que as conveniências e causa da tragédia de Inês.
celebra os amores secretos de Inês e de D. Pedro e o casamento solene e festivo de ambos.
tem como tema básico a vida simples de Inês de Castro, legítima herdeira do trono de Portugal.
retrata a beleza de Inês, posta em sossego, ensinando aos montes o nome que no peito escrito tinha.
relata em versos livres a paixão de Inês pela natureza e pelos filhos e sua elevação ao trono português.