(PUC/Camp - 2004)
As ordens já são mandadas,
já se apressam os meirinhos.
Entram por salas e alcovas,
relatam roupas e livros:
(...)
Compêndios e dicionários,
e tratados eruditos
sobre povos, sobre reinos,
sobre invenções e Concílios...
E as sugestões perigosas
da França e Estados Unidos,
Mably, Voltaire e outros tantos,
que são todos libertinos...
(Cecília Meireles, Romance XLVII ou Dos sequestros. Romanceiro da Inconfidência)
A respeito da caracterização dos inconfidentes, tema presente em todo o Romanceiro, considere o texto adiante.
A análise da extração social dos revolucionários indica, claramente, que em Minas a inquietação está lastreada pela prosperidade (de lavras, terras de lavoura, de gado e de escravos): a revolução é intentada por homens de posse.
(Carlos Guilherme Mota. "A ideia da revolução no Brasil (1789-1801)". São Paulo: Cortez, 1989, p. 115)
A medida da Coroa que incidiu sobre essas posses e acirrou os desejos de rompimento com a metrópole foi a
resolução da rainha, D. Maria I, de proibir a agricultura de subsistência na região de Minas Gerais.
ameaça da Derrama, cobrança de 100 arrobas de ouro anuais a todos os habitantes, de forma indiscriminada.
nomeação de Contratadores, encarregados de cobrar todos os tributos destinados à metrópole.
oficialização do Quinto, imposto que incidia sobre a produção mineradora, da qual 20% destinava-se a Portugal.
instituição da Devassa, apuração dos proprietários suspeitos de conspirarem contra a Coroa.