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(Pucsp 2006)A ANIMALIZAÇÃO DO PAÍSClóvis Rossi, Fo

(Pucsp 2006)

A ANIMALIZAÇÃO DO PAÍS
Clóvis Rossi, Folha de São Paulo, 21 de fevereiro de 2006

SÃO PAULO - No sóbrio relato de Elvira Lobato, lia-se ontem, nesta Folha, a história de um Honda Fit abandonado em uma rua do Rio de Janeiro "com uma cabeça sobre o capô e os corpos de dois jovens negros, retalhados a machadadas, no interior do veículo".
Prossegue o relato: "A reação dos moradores foi tão chocante como as brutais mutilações. Vários moradores buscaram seus celulares para fotografar os corpos, e os mais jovens riram e fizeram troça dos corpos".
Os próprios moradores descreveram a algazarra à reportagem. "Eu gritei: Está nervoso e perdeu a cabeça?", relatou um motoboy que pediu para não ser identificado, enquanto um estudante admitiu ter rido e feito piada ao ver que o coração e os intestinos de uma das vítimas tinham sido retirados e expostos por seus algozes.
"Ri porque é engraçado ver um corpo todo picado", respondeu o estudante ao ser questionado sobre a causa de sua reação.
O crime em si já seria uma clara evidência de que bestas-feras estão à solta e à vontade no país. Mas ainda daria, num esforço de auto-engano, para dizer que crimes bestiais ocorrem em todas as partes do mundo.
Mas a reação dos moradores prova que não se trata de uma perversidade circunstancial e circunscrita. Não. O país perde, crescentemente, o respeito à vida, a valores básicos, ao convívio civilizado. O anormal, o patológico, o bestial, vira normal. "É engraçado", como diz o estudante.
O processo de animalização contamina a sociedade, a partir do topo, quando o presidente da República diz que seu partido está desmoralizado, mas vai à festa dos desmoralizados e confraterniza com trambiqueiros confessos. Também deve achar "engraçado".
Alguma surpresa quando é declarado inocente o comandante do massacre de 111 pessoas, sob aplausos de parcela da sociedade para quem presos não têm direito à vida? São bestas-feras, e deve ser "engraçado" matá-los. É a lei da selva, no asfalto.

No trecho "O país perde, crescentemente, o respeito à vida, a valores básicos, ao convívio civilizado" apresenta uma clara obediência à regência do substantivo "respeito". A alternativa que também apresenta esta mesma obediência é:

 

A

O país perde, crescentemente, o respeito à vida, à valorização do que é básico, à convivência civilizada.

B

O país perde, crescentemente, o respeito à vida, a valorizações básicas, a convivência civilizada.

C

O país perde, crescentemente, o respeito a vida, à valores básicos, ào convívio civilizado.

D

O país perde, crescentemente, o respeito à vida, a valores básicos, à conviver civilizadamente.

E

O país perde, crescentemente, o respeito a vida, aos valores básicos, a convivência civilizada.