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VestibularEdição do vestibular
Disciplina

(PUCSP/2006)Texto 1 - Poemeu(Millr Fernandes)Pedem

Português | Interpretação de texto | noção de texto | fatores linguísticos e pragmáticos | fatores pragmáticos da textualidade
PUC 2006PUC PortuguêsTurma ENEM Kuadro

(PUCSP/2006)

Texto 1 - Poemeu

(Millôr Fernandes)

Pedem-me um Não,
Digo "Pois sim!",
Exigem um Sim,
Digo "Pois não!".
E, entre o Sim e o Não,
O Pois Sim e o Pois não,
Eu me mantenho
Na contramão.

Veja. São Paulo. 26 out. 2005. p. 29


 

Texto 2 - Depois de brincar de referendo...

É hora de falar sério

Ganhe o NÃO ou ganhe o SIM, o problema do crime no Brasil vai continuar do mesmo tamanho. Durante quase um mês as autoridades submeteram o país à propaganda eleitoral de uma questão sobre a qual a opinião das pessoas, por mais bem-intencionadas, não tem o menor poder. O referendo das armas vai ser lembrado como um daqueles momentos em que um país entra em transe emocional e algumas pessoas se convencem de que basta uma torcida muito forte para que se produza um resultado positivo para a sociedade. Em finais de Copa do Mundo essa mobilização é muito apropriada. O referendo das armas no Brasil tem algo dessa ilusão coletiva de que se pode vencer um inimigo poderoso, o crime violento, apenas pela repetição de mantras e mediante sinais feitos com as mãos imitando o voo da pomba branca da paz. Infelizmente a vida real exige mais do que boas intenções para seguir o vetor do progresso social.

Ganhe o SIM ou o NÃO na proposta de proibir a comercialização de armas, continuará intacto e movimentado o principal caminho que elas percorrem das forjas do metal até as mãos dos bandidos. Esse caminho é a corrupção policial. Se quisesse efetivamente diminuir o número de armas em circulação o governo deveria ter optado por agir silenciosa e drasticamente dentro das organizações policiais. São conhecidos os expedientes usados por policiais corruptos que deixam as armas escaparem para as mãos dos bandidos em troca de dinheiro.

O caminho mais comum é a simples venda para os bandidos de armas ilegais apreendidas em operações policiais. A apreensão não é reportada ao comando policial e, em lugar de serem encaminhadas para destruição, elas são vendidas aos bandidos. É frequente criminosos serem soltos em troca de deixarem a arma com policiais. O MESMO vale para cidadãos pegos com armas ilegais ou sem licença para o porte. Eles são liberados pagando como pedágio a arma que portavam. Policiais corruptos também simulam o roubo, furto ou até a perda da arma oficial. Depois raspam sua numeração e a vendem. A corporação cuida de entregar-lhes uma nova, que pode vir a ter o MESMO destino. Enquanto esse tráfico não for interrompido, podem ser organizados milhares de referendos e o problema do crime continuará do MESMO tamanho.

Shelp, Diogo. Veja. São Paulo. 26 out. 2005. p. 62

 


 

De acordo com o discurso gramatical tradicional, advérbio é palavra invariável que expressa circunstância e incide sobre verbos, adjetivos e até mesmo advérbios. No entanto, extrapolando esse discurso, sabe-se que, como modalizador, em vez de exprimir uma circunstância (tempo, lugar, intensidade etc.) relacionada a um verbo, advérbio ou adjetivo, o advérbio pode revelar estados psicológicos do enunciador. Isso se vê em:

A

"[...] basta uma torcida MUITO forte para que se produza um resultado positivo para a sociedade."   

B

"INFELIZMENTE a vida real exige mais do que boas intenções para seguir o vetor do progresso social."   

C

"o governo deveria ter optado por agir SILENCIOSA E DRASTICAMENTE dentro das organizações policiais."   

D

"A apreensão NÃO é reportada ao comando policial [...]"   

E

"DEPOIS raspam sua numeração e a vendem."

F

Não desista.