(PUC Campinas - 2012)
Isso tudo se passou conosco. (...)
Nos caminhos jazem dardos quebrados;
Os cabelos são espalhados.
Destelhadas estão as casas,
Incandescentes estão os muros.
Vermes abundam por ruas e praças.
E as paredes estão manchadas de miolos arrebentados.
Vermelhas estão as águas, como se alguém as tivesse
tingido,
E se a bebíamos, eram águas de salitre.
Golpeávamos os muros de adobe em nossa ansiedade
e nos restava por herança uma rede de buracos.
Nos escudos esteve nosso resguardo, mas os escudos não
detêm a desolação.
Temos comido pães de colorim [árvore venenosa],
temos mastigado grama salitrosa,
pedaços de adobe, lagartixas, ratos, e terra em pó e mais os
vermes. (...)
(Miguel León-Portilla. A conquista da América Latina vista pelos índios. Rio de Janeiro: Vozes, 1985. p.41)
Nesses versos, notam-se os seguintes recursos estilísticos:
I. repetição de um mesmo padrão sintático, como em "Destelhadas estão as casas", "Incandescentes estão os muros", "Vermelhas estão as águas";
II. ritmo bem compassado, em virtude da regularidade métrica dos versos;
III. manutenção de um sujeito indeterminado, de modo a revestir de mistério a autoria das ações narradas.
Atende ao enunciado SOMENTE o que está em
I.
II.
III.
I e II.
II e III.