Segundo Digenes Larcio, convencido de que o estudo da natureza nada tem a ver conosco, Scrates passou a discutir questes ticas na praa do mercado, e costumava dizer que o objeto de suas indagaes era como se age, se mal ou bem, em casa. Lartios, D. Vidas e doutrinas dos filsofos ilustres, II, 21. Trad. bras. Mrio da Gama Kury. Braslia: Editora da UnB, p. 52 [Adaptado]. Considerando a teoria das virtudes de Scrates, assinale a afirmao verdadeira.
(UECE - 2020) Leia atentamente o trecho a seguir, que um fragmento do pensamento de Francis Bacon a respeito do processo de conhecimento e da relao entre conhecimento contemplativo e conhecimento prtico: Efetivamente construmos no intelecto humano um modelo verdadeiro do mundo, tal qual foi descoberto e no segundo o capricho da razo de fulano ou beltrano. Porm, isso no possvel levar a efeito, sem uma prvia e diligentssima disseco e anatomia do mundo. Por isso, decidimos correr com todas essas imagens ineptas e simiescas que a fantasia humana infundiu nos vrios sistemas filosficos. Saibam os homens como j antes dissemos a imensa distncia que separa os dolos da mente humana das ideias da mente divina. Aqueles, de fato, nada mais so que abstraes arbitrrias; estas, ao contrrio, so as verdadeiras marcas do Criador sobre as criaturas, gravadas e determinadas sobre a matria, atravs de linhas exatas e delicadas. Por conseguinte, as coisas em si mesmas, neste gnero, so verdade e utilidade, e as obras devem ser estimadas mais como garantia da verdade que pelas comodidades que propiciam vida humana. BACON, Francis. Novum Organum ou Verdadeiras Indicaes Acerca da Interpretao da Natureza. Domnio pblico (http://br.egroups.com/group/acropolis/) Levando em considerao o trecho acima e o pensamento de Francis Bacon, correto afirmar que
(UECE - 2020) Atente para o seguinte trecho da obra de Francis Bacon: Nosso mtodo, contudo, to fcil de ser apresentado quanto difcil de se aplicar. Consiste no estabelecer os graus de certeza, determinar o alcance exato dos sentidos e rejeitar, na maior parte dos casos, o labor da mente, calcado muito de perto sobre aqueles, abrindo e promovendo, assim, a nova e certa via da mente, que, de resto, provm das prprias percepes sensveis. Bacon, Francis. Novum Organum ou Verdadeiras Indicaes Acerca da Interpretao da Natureza. http://br.egroups.com/group/acropolis. A passagem acima define a concepo do pensador londrino sobre
(UECE - 2020) Toda a obra de Francis bacon se destina a substituir uma cultura do tipo retrico-literrio por uma do tipo tcnico-cientfico. Bacon est perfeitamente consciente de que a realizao deste programa de reforma comporta numa ruptura com a tradio. De que tal ruptura diz respeito no s ao modo de pensar, mas tambm ao modo de viver dos homens. O tipo de discurso filosfico elaborado no mundo clssico pressupe, segundo Bacon, a superioridade da contemplao sobre as obras, da resignao diante da natureza sobre a conquista da natureza, da reflexo acerca da interioridade sobre a pesquisa voltada para os fatos e as coisas. ROSSI, Paolo. Os filsofos e as mquinas:1400-700. So Paulo: Companhia das Letras, 1989, p.75/adaptado. A passagem acima expe a relao entre o pensamento filosfico moderno, representado por Francis Bacon, e o pensamento filosfico clssico. Sobre essa relao, correto afirmar que
(UECE -2020) O trecho que se apresenta a seguir trata da compreenso de Agostinho de Hipona sobre a origem do mal e do pecado: Logo s me resta concluir: tudo o que igual ou superior mente que exerce seu natural senhorio e acha-se dotada de virtude no pode fazer dela escrava da paixo. No h nenhuma outra realidade que torne a mente cmplice da paixo a no ser a prpria vontade e o livre-arbtrio. Santo Agostinho. O livre-arbtrio. So Paulo: Paulus, 1995. P.52. No que diz respeito ao conceito de livre-arbtrio e origem do mal na obra filosfica de Agostinho de Hipona, considere as seguintes afirmaes: I. Para Agostinho, o livre-arbtrio sempre um bem concedido ao homem por Deus, mesmo que o homem utilize-o de forma errnea, o que provoca o mal. II. Em concordncia com a tradio dos pensamentos maniquesta e neoplatnico, Santo Agostinho defendia a viso dualista de um mundo em perptua luta entre o Bem e o Mal. III. Segundo o bispo de Hipona, o mal no possui ser, no pertence ordem, ele a corrupo do ser e de inteira responsabilidade do homem, enquanto ser livre. correto o que se afirma em
(Uece 2020) Leia a seguinte passagem, que relaciona o regramento democrtico ao desenvolvimento de uma prtica social baseada na razo: A democracia representa exatamente a possibilidade de se resolverem, atravs do entendimento mtuo, e de leis iguais para todos, as diferenas e divergncias existentes em nome de um interesse comum. As decises sero tomadas por consenso, o que acarreta persuadir, convencer, justificar, explicar. Anteriormente, havia a imposio, a violncia, a obedincia. A linguagem, o dilogo e a discusso rompem com a violncia na medida em que todos os falantes tm, no dilogo, os mesmos direitos (isegoria): interrogar, questionar, contra-argumentar. A razo se sobrepe fora. MARCONDES, Danilo. Iniciao histria da Filosofia: dos pr-socrticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Zahar Ed.1998. Adaptado. Considerando a passagem acima, analise as seguintes afirmaes: I. O surgimento de todas as formas de manifestao cultural, entre elas a filosofia, a arte e a narrativa histrica deve ser entendido a partir do contexto social e histrico no qual determinada sociedade est imersa. II. O alvorecer da filosofia, no mundo antigo, teve como motivao o desenvolvimento de uma vida social democrtica, mais voltada harmonia e conciliao de interesses diversos, o que requeria o uso do argumento racional. III. O processo democrtico na Grcia antiga inaugurou a obedincia ao poder de todos e para todos e isso se refletiu no surgimento de um pensamento racional que, embora fosse inovador, continuava prisioneiro de uma viso autoritria de sociedade.
(UECE - 2019/2) Atente para o seguinte trecho de Locke sobre o pacto social: Se todos os homens so, como se tem dito, livres, iguais e independentes por natureza, ningum pode ser retirado deste estado e se sujeitar ao poder poltico de outro sem o seu prprio consentimento. A nica maneira pela qual algum se despoja de sua liberdade natural e se coloca dentro das limitaes da sociedade civil atravs de acordo com outros homens para se associarem e se unirem em uma comunidade para uma vida confortvel, segura e pacfica uns com os outros, desfrutando com segurana de suas propriedades e melhor protegidos contra aqueles que no so daquela comunidade. LOCKE, John. Dois tratados sobre o governo. Petrpolis: Vozes, 1994, p. 139. Coleo clssicos do pensamento poltico. Citao adaptada. No que diz respeito ao estabelecimento da sociedade civil em John Locke, considere as seguintes afirmaes: I. O estabelecimento da sociedade civil amplia a liberdade dos homens. II. O estabelecimento da sociedade civil funda-se no consentimento. III. O estabelecimento da sociedade civil funda-se na liberdade e igualdade que existe entre todos os homens. correto o que se afirma em
(Uece 2019) O maniqueísmo é uma filosofia religiosa sincrética e dualística fundada e propagada por Manes ou Maniqueu, filósofo cristão do século III, que divide o mundo simplesmente entre Bom, ou Deus, e Mau, ou o Diabo. A matéria é intrinsecamente má e o espírito, intrinsecamente bom. Com a popularização do termo, maniqueísta passou a ser um adjetivo para toda doutrina fundada nos dois princípios opostos do Bem e do Mal. Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Manique%C3%ADsmo. Contra o maniqueísmo, Agostinho de Hipona (Santo Agostinho) afirmava que
(Uece 2019) Talvez [...] a verdade nada mais seja do que uma certa purificação das paixões e seja, portanto, a temperança, a justiça, a coragem; e a própria sabedoria não seja outra coisa do que esse meio de purificação. PLATÃO. Fédon, 69b-c, adaptado. Nessa fala de Sócrates, a purificação das paixões ocorre na medida em que a alma se afasta do corpo pela força da sabedoria. Com base nisso, assinale a afirmação FALSA.
(Uece 2019) Leia atentamente a seguinte passagem: A experiência parece um pouco semelhante à ciência (epistéme) e à arte (tékhne). Com efeito, os homens adquirem ciência e arte por meio da experiência. A experiência, como diz Polo, produz a arte, enquanto a inexperiência produz o puro acaso. A arte se produz quando, de muitas observações da experiência, forma-se um juízo geral e único passível de ser referido a todos os casos semelhantes (Aristóteles, Metafísica, 981a5). Com base no texto acima, considere as seguintes afirmações: I. Somente a ciência é conhecimento universal, cujos juízos gerais se aplicam a todos os casos semelhantes. II. A tékhne é uma forma de conhecimento universal, pois, com base nas experiências, se forma um juízo geral. III. Por ser semelhante à experiência, a tékhne não constitui um conhecimento universal. IV. A experiência é pressuposto dos conhecimentos universais (tékhné e epistéme), mas não é ainda um conhecimento universal. É correto somente o que se afirma em
(Uece 2019) Se na Ética a Nicômaco Aristóteles visa encaminhar o indivíduo à felicidade, na Política ele tem por finalidade alcançar o bem comum, o bem viver. Por isso, ele compreende que a origem da polis está na necessidade natural do homem em buscar a felicidade. A comunidade natural mais incipiente é a família, na qual seus membros se unem para facilitar as atividades básicas de sobrevivência. E várias famílias se ligam para formar a aldeia. E as aldeias se juntam para instituir a polis. Sobre isso, é correto afirmar que
(Uece 2019) [É] uma coisa bem notável que não haja homens [...] que não sejam capazes de arranjar em conjunto diversas palavras e de compô-las num discurso pelo qual façam entender seus pensamentos; [...] os homens que, tendo nascido surdos e mudos, são desprovidos dos órgãos que servem aos outros para falar, [...] costumam inventar eles próprios alguns sinais, pelos quais se fazem entender por quem, estando comumente com eles, disponha de lazer para aprender a sua língua. DESCARTES, R. Discurso do método, V. A passagem acima informa sobre a relação entre pensamento e linguagem no racionalismo moderno. Sobre essa relação, pode-se afirmar corretamente que
(Uece 2019) [N]ão existe contraposição maior à exegese e justificação puramente estética do mundo [...] do que a doutrina cristã, a qual é e quer ser somente moral, e com seus padrões absolutos, já com sua veracidade de Deus, por exemplo, desterra a arte, toda arte, ao reino da mentira isto é, nega-a, reprova-a, condena-a. NIETZSCHE, F. O nascimento da tragédia, ou helenismo e pessimismo. Tentativa de autocrítica. São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 19. Nessa passagem, Nietzsche
(Uece 2019) Rodrigo Duarte, um destacado intérprete da Escola de Frankfurt no Brasil, afirma que, na indústria cultural, encontram-se embutidos atos de violência, oriundos do comprometimento tanto econômico quanto ideológico da indústria cultural com o status quo: ela precisa, por um lado, lucrar, justificando sua posição de próspero ramo de negócios; por outro, ela tem de ajudar a garantir a adesão das massas diante da situação precária em que elas se encontram no capitalismo tardio. DUARTE, Rodrigo. Indústria Cultural: uma introdução. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2010, p. 49. Com base no texto acima, é correto afirmar que
(Uece 2019) Atente para as seguintes citaes: Temos assim trs virtudes que foram descobertas na nossa cidade: sabedoria, coragem e moderao para os chefes; coragem e moderao para os guardas; moderao para o povo. No que diz respeito quarta, pela qual esta cidade tambm participa na virtude, que poder ser? evidente que a justia (Plato, Rep., 432b). O princpio que de entrada estabelecemos que se devia observar em todas as circunstncias quando fundamos a cidade, esse princpio , segundo me parece, ou ele ou uma de suas formas, a justia. Ora, ns estabelecemos, segundo suponho, e repetimo-lo muitas vezes, se bem te lembras, que cada um deve ocupar-se de uma funo na cidade, aquela para a qual a sua natureza mais adequada (Plato, Rep., 433a). Considerando a teoria platnica das virtudes, escreva V ou F conforme seja verdadeiro ou falso o que se afirma a seguir: ( ) Nessa teoria das virtudes, cada grupo desenvolve a(s) virtude(s) que lhe (ou so) prpria(s). ( ) S pode ser justa a cidade em que os grupos que dela participam e nela agem o fazem de acordo com sua natureza. ( ) Quando sabedoria, coragem e moderao se realizam de modo adequado, temos a justia. ( ) Existe uma relao entre a natureza dos indivduos, o grupo de que devem fazer parte na cidade, as virtudes que lhes so adequadas e, em consequncia, a funo que nela devem desempenhar. A sequncia correta, de cima para baixo, :