No era feio o lugar, mas no era belo. Tinha, entretanto, o aspecto tranquilo e satisfeito de quem se julga bem com a sua sorte. A casa erguia-se sobre um socalco, uma espcie de degrau, formando a subida para a maior altura de uma pequena colina que lhe corria nos fundos. Em frente, por entre os bambus da cerca, olhava uma plancie a morrer nas montanhas que se viam ao longe; um regato de guas paradas e sujas cortava-as paralelamente testada da casa; mais adiante, o trem passava vincando a plancie com a fita clara de sua linha campinada [...]. BARRETO, Lima. Triste fim de Policarpo Quaresma. So Paulo: Penguin Companhia das Letras. p.175. No excerto, narrao e descrio
(UEG - 2013) Meninos carvoeiros Os meninos carvoeiros Passam a caminho da cidade. - Eh, carvoeiro! E vo tocando os animais com um relho enorme. Os burros so magrinhos e velhos. Cada um leva seis sacos de carvo de lenha. A aniagem toda remendada. Os carves caem. (Pela boca da noite vem uma velhinha que os recolhe, dobrando-se com um gemido.) - Eh, carvoeiro! S mesmo estas crianas raquticas Vo bem com estes burrinhos descadeirados. A madrugada ingnua parece feita para eles... Pequenina, ingnua misria! Adorveis carvoeirinhos que trabalhais como se brincsseis! Quando voltam, vm mordendo um po encarvoado, Encarapitados nas alimrias, Apostando corrida, Danando, bamboleando nas cangalhas como espantalhos desamparados! BANDEIRA, Manuel. Estrela da Vida Inteira. 20. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993. p. 115-116. Nos versos S mesmo estas crianas raquticas/Vo bem com estes burrinhos descadeirados, h um paralelismo que