(UEG - 2013)
Meninos carvoeiros
Os meninos carvoeiros
Passam a caminho da cidade.
- Eh, carvoeiro!
E vão tocando os animais com um relho enorme.
Os burros são magrinhos e velhos.
Cada um leva seis sacos de carvão de lenha.
A aniagem é toda remendada.
Os carvões caem.
(Pela boca da noite vem uma velhinha que os recolhe, dobrando-se com um gemido.)
- Eh, carvoeiro!
Só mesmo estas crianças raquíticas
Vão bem com estes burrinhos descadeirados.
A madrugada ingênua parece feita para eles...
Pequenina, ingênua miséria!
Adoráveis carvoeirinhos que trabalhais como se brincásseis!
Quando voltam, vêm mordendo um pão encarvoado,
Encarapitados nas alimárias,
Apostando corrida,
Dançando, bamboleando nas cangalhas como espantalhos desamparados!
BANDEIRA, Manuel. Estrela da Vida Inteira. 20. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993. p. 115-116.
Nos versos “Só mesmo estas crianças raquíticas/Vão bem com estes burrinhos descadeirados”, há um paralelismo que
mostra as relações oligárquicas de poder.
revela a ideologia das classes dominantes.
acentua o caráter exploratório do trabalho infantil.
expressa uma visão de mundo religiosa.