(UEL 2010) Na minha frente, ficamos nos olhando. Eu tambm danava agora, acompanhando o movimento dele. Assim: quadris, coxas, ps, onda que desce olhar para baixo, voltando pela cintura at os ombros, onda que sobe, ento sacudir os cabelos molhados, levantar a cabea e encarar sorrindo. Ele encostou o peito suado no meu. Tnhamos pelos, os dois. Os pelos molhados se misturavam. Ele estendeu a mo aberta, passou no meu rosto, falou qualquer coisa. O que, perguntei. Voc gostoso, ele disse. E no parecia bicha nem nada: apenas um corpo que por acaso era de homem gostando de outro corpo, o meu, que por acaso era de homem tambm. Eu estendi a mo aberta, passei no rosto dele, falei qualquer coisa. O que, perguntou. Voc gostoso, eu disse. Eu era apenas um corpo que por acaso era de homem gostando de outro corpo, o dele, que por acaso era de homem tambm. (Adaptado de: ABREU, C. F. Tera-feira gorda. In: . Morangos mofados. So Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 51.) A respeito da viso apresentada pelo conto, considere as afirmativas a seguir: I. A palavra bicha propicia o questionamento do narrador acerca de si mesmo. II. A palavra pelos um sinal de preconceito de gnero. III. O desejo sexual no est vinculado ao gnero do corpo. IV. O narrador, devido a sua sexualidade, coloca-se em posio de inferioridade. Assinale a alternativa correta.
(Uel 2010) Leia os textos a seguir: [...] a nossa escrevivncia [escrita das mulheres negras] no pode ser lida como histrias para ninar os da casa-grande e sim para incomod-los em seus sonos injustos. (EVARISTO, C. Da grafia-desenho de minha me, um dos lugares de nascimento de minha escrita. In ALEXANDRE, M. A. (Org.) Representaes performticas brasileiras: teorias, prticas e suas interfaces. Belo Horizonte: Maza Edies, 2007. p. 21.) Descobria tambm que no bastava saber ler e assinar o nome. Da leitura era preciso tirar outra sabedoria. Era preciso autorizar o texto da prpria vida, assim como era preciso ajudar a construir a histria dos seus. E que era preciso continuar decifrando nos vestgios do tempo os sentidos de tudo que ficara para trs. E perceber que, por baixo da assinatura do prprio punho, outras letras e marcas havia. (EVARISTO, C. Ponci Vicncio. Belo Horizonte: Maza Edies, 2003. p. 127.) A partir das consideraes dos dois textos, correto afirmar: