(UEL - 2016)
Leia o fragmento do conto A mulher ramada, a seguir, e responda à questão a seguir.
Em pouco, o jardim vestiu o cetim das folhas novas. Em cada tronco, em cada haste, em cada pedúnculo, a seiva empurrou para fora pétalas e pistilos. E mesmo no escuro da terra os bulbos acordaram, espreguiçando-se em pequenas pontas verdes.
Mas enquanto todos os arbustos se enfeitavam de flores, nem uma só gota de vermelho brilhava no corpo da roseira. Nua, obedecia ao esforço do seu jardineiro que, temendo viesse a floração romper tanta beleza, cortava rente todos os botões.
De tanto contrariar a primavera, adoeceu porém o jardineiro. E ardendo de amor e febre na cama, inutilmente chamou por sua amada.
Muitos dias se passaram antes que pudesse voltar ao jardim. Quando afinal conseguiu se levantar para procurá- -la, percebeu de longe a marca da sua ausência. Embaralhando-se aos cabelos, desfazendo a curva da testa, uma rosa embabadava suas pétalas entre os olhos da mulher. E já outra no seio despontava. Parado diante dela, ele olhava e olhava. Perdida estava a perfeição do rosto, perdida a expressão do olhar. Mas do seu amor nada se perdia. Florida, pareceu-lhe ainda mais linda. Nunca Rosamulher fora tão rosa. E seu coração de jardineiro soube que nunca mais teria coragem de podá-la. Nem mesmo para mantê-la presa em seu desenho.
(COLASANTI, M. Doze reis e a moça no labirinto do vento. 12.ed. São Paulo: Global Editora, 2006. p.26-28.)
Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, a figura de linguagem encontrada na passagem “nem uma só gota de vermelho brilhava no corpo da roseira”.
Elipse, pois ocorreu a supressão do verbo no trecho.
Hipérbole, pois há exagero na ausência da cor vermelha.
Paradoxo, já que falta nexo entre a cor da gota e a da roseira.
Pleonasmo, em razão da redundância viciosa presente na passagem.
Metonímia, pois há contiguidade entre a gota de vermelho e a rosa.