Leia o trecho a seguir.
Eichmann repetia palavra por palavra as mesmas frases feitas e clichês toda vez que se referia a um incidente ou acontecimento. O que ele dizia era sempre a mesma coisa, expressa com as mesmas palavras. Quanto mais se ouvia Eichmann, mais óbvio ficava que sua incapacidade de falar estava intimamente relacionada com sua incapacidade de pensar.
ARENDT, Hannah. Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. p.62-63.
Ao acompanhar o julgamento do nazista Eichmann no Tribunal de Jerusalém, Hannah Arendt elabora uma nova percepção sobre o réu. Na análise da autora, Eichmann, acusado de crimes contra a humanidade, era um
alienado que desconhecia as práticas genocidas implementadas pelo III Reich devido ao seu baixo cargo na hierarquia nazista.
burocrata que, incapaz de juízo próprio, se restringia a obedecer e a executar ordens condizentes com o sistema legal nazista.
sádico que não conseguia pensar nem refletir devido ao seu ódio antissemita e a sua maldade intrínseca.
técnico que priorizava a eficiência, tornando-se antissocial, lacônico e incapaz de estabelecer empatia com qualquer outro ser humano.