(Ufg 2014)
Leia o texto a seguir.
Há alguns vocábulos nela (língua tupi) de que não usam senão as mulheres, e outros que não servem senão para os machos; carece de três letras, convém saber, não se acha nela F, nem L, nem R, coisa digna de espanto porque assim não têm Fé, nem Lei, nem Rei e desta maneira vivem desordenadamente sem terem além disto conta nem peso, nem medida.
GÂNDAVO, Pero Magalhães. Do gentio que há nesta Província, da condição e costumes dele e de como se governam na paz. In: História da província de Santa Cruz, a que vulgarmente chamamos de Brasil. 1756. Disponível em: . p. 25. Acesso em: 24 set. 2013. (Adaptado).
O texto do viajante português Pero Magalhães Gândavo relaciona língua e organização social. O tipo de relato e os aspectos da colonização no Brasil expressam-se, no texto apresentado,
pelo uso da prosa, permitindo o desenvolvimento de um método argumentativo para a comunicação entre os nativos e os colonizadores.
pela diferenciação dos gêneros dos falantes, sugerindo a presença de uma sociedade matriarcal entre os nativos.
pelo caráter descritivo, adequando o considerado exotismo nativo às referências europeias para efetivar a colonização cultural.
pelo conteúdo empírico, buscando complexificar a economia de troca dos tupi-guaranis por meio do ensino de cálculo e planejamento.
pela utilização da crônica, buscando elaborar um tipo de relato pedagógico e moralizante usado nas encenações teatrais jesuíticas.