(UFPR - 2015 - 2ª FASE)
Segundo Raymond Aron, o fato novo que chama a atenção de todos os observadores da sociedade no princípio do século XIX é a indústria. Todos consideram que algo de original está acontecendo em relação ao passado. Principais traços desse momento: a indústria se baseia na organização científica do trabalho. Em vez de se organizar segundo o costume, a produção é ordenada com vistas ao rendimento máximo. Graças à aplicação da ciência à organização do trabalho, a humanidade desenvolve seus recursos. A produção industrial leva à concentração dos trabalhadores nas fábricas e nas periferias das cidades; surge um novo fenômeno social: as massas operárias. Essas concentrações de trabalhadores nos locais de trabalho determinam uma oposição, latente ou aberta, entre empregados e empregadores, entre proletários de um lado e empresários ou capitalistas do outro. Enquanto a riqueza, graças ao caráter científico do trabalho, não para de aumentar, multiplicam-se crises de superprodução, que têm por consequência criar a pobreza no meio da abundância. Enquanto milhões de indivíduos sofrem as carências da pobreza, mercadorias deixam de ser vendidas, para escândalo do espírito. O sistema econômico, associado à organização industrial e científica do trabalho, se caracteriza pela liberdade de trocas e pela busca do lucro por parte dos empresários e comerciantes. Alguns teóricos concluem daí que a condição essencial do desenvolvimento da riqueza é, precisamente, a busca do lucro e a concorrência, e que quanto menos o Estado intervier na economia, mais rapidamente aumentará a produção e a riqueza.
(ARON, Raymond. As Etapas do Pensamento Sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 1999.)
Caracterize o novo fenômeno social descrito por Aron em relação à industrialização e a organização científica do trabalho no século XIX.