(UFU - 2019 - 1ª FASE )
Olho de lince
quem fala que sou esquisito hermético
é porque não dou sopa estou sempre elétrico
nada que se aproxima nada me é estranho
fulano sicrano beltrano
seja pedra seja planta seja bicho seja humano
quando quero saber o que ocorre à minha volta
ligo a tomada abro a janela escancaro a porta
experimento invento tudo nunca jamais me iludo
quero crer no que vem por aí beco escuro
me iludo passado presente futuro
urro arre i urro
viro balanço reviro na palma da mão o dado
futuro presente passado
tudo sentir total é chave de ouro do meu jogo
é fósforo que acende o fogo de minha mais alta razão
e na sequência de diferentes naipes
quem fala de mim tem paixão
Waly Salomão
MORICONI, Italo. Destino: poesia. 2.ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2016. p. 115.
Sobre o poema acima, de Waly Salomão, é INCORRETO afirmar que
o poeta escreve, a partir de sua “alta razão”, ou seja, é a sua racionalidade que comanda a ação de compor e domina as emoções.
a presença de anacolutos torna a leitura mais “hermética”, ou seja, truncada e complexa.
o poeta cria efeitos de reforço no significado de algumas palavras com a enumeração de sinônimos.
os versos com recuos gráficos à direita geram um destaque de seus significados, por ficarem em evidência gráfica.