(UNESP - 2013/2 - 1 fase) Instruo: As questes de nmeros 16 a 20 tomam por base uma passagem de um livro de Jos Ribeiro sobre o folclore nacional. Curupira Na teogonia* tupi, o anhang, gnio andante, esprito andejo ou vagabundo, destinava-se a proteger a caa do campo. Era imaginado, segundo a tradio colhida pelo Dr. Couto de Magalhes, sob a figura de um veado branco, com olhos de fogo. Todo aquele que perseguisse um animal que estivesse amamentando corria o risco de ver Anhang e a viso determinava logo a febre e, s vezes, a loucura. O caapora o mesmo tipo mtico encontrado nas regies central e meridional e a representado por um homem enorme coberto de pelos negros por todo o rosto e por todo o corpo, ao qual se confiou a proteo da caa do mato. Tristonho e taciturno, anda sempre montado em um porco de grandes dimenses, dando de quando em vez um grito para impelir a vara. Quem o encontra adquire logo a certeza de ficar infeliz e de ser mal sucedido em tudo que intentar. Dele se originaram as expresses portuguesas caipora e caiporismo, como sinnimo de m sorte, infelicidade, desdita nos negcios. Bilac assim o descreve: Companheiro do curupira, ou sua duplicata, o Caapora, ora gigante, ora ano, montado num caititu, e cavalgando frente de varas de porcos do mato, fumando cachimbo ou cigarro, pedindo fogo aos viajores; frente dele voam os vaga-lumes, seus batedores, alumiando o caminho. Ambos representam um s mito com diferente configurao e a mesma identidade com o curupira e o jurupari, numes que guardam a floresta. Todos convergem mais ou menos para o mesmo fim, sendo que o curupira representado na regio setentrional por um pequeno tapuio com os ps voltados para trs e sem os orifcios necessrios para as secrees indispensveis vida, pelo que a gente do Par diz que ele msico. O Curupira ou Currupira, como chamado no sul, alis erroneamente, figura em uma infinidade de lendas tanto no norte como no sul do Brasil. No Par, quando se viaja pelos rios e se ouve alguma pancada longnqua no meio dos bosques, os romeiros dizem que o Curupira que est batendo nas sapupemas, a ver se as rvores esto suficientemente fortes para sofrerem a ao de alguma tempestade que est prxima. A funo do Curupira proteger as florestas. Todo aquele que derriba, ou por qualquer modo estraga inutilmente as rvores, punido por ele com a pena de errar tempos imensos pelos bosques, sem poder atinar com o caminho de casa, ou meio algum de chegar at os seus. Como se v, qualquer desses tipos a manifestao de um s mito em regies e circunstncias diferentes. (O Brasil no folclore, 1970.) (*) Teogonia, s.f.: 1. Filos. Doutrina mstica relativa ao nascimento dos deuses, e que frequentemente se relaciona com a formao do mundo. 2. Conjunto de divindades cujo culto forma o sistema religioso dum povo politesta. (Dicionrio Aurlio Eletrnico Sculo XXI.) Todo aquele que perseguisse um animal que estivesse amamentando corria o risco de ver Anhang [...]. Se a frase apresentada for reescrita trocando-se perseguisse, que est no pretrito imperfeito do modo subjuntivo, por perseguir, futuro do mesmo modo, as formas estivesse e corria assumiro, por correlao de modos e tempos, as seguintes flexes:
(UNESP - 2013 - 1a fase) Software Livre, isto , software que respeita as liberdades dos usurios de executar o software para qualquer propsito, de estudar o cdigo fonte do software e adapt-lo para que faa o que o usurio deseje, de fazer e distribuir cpias do software, e de melhor-lo e distribuir as melhorias, permite que pessoas usem computadores sem abrir mo de serem livres e independentes, sem aceitar condies que os impeam de obter ou criar conhecimento desejado. Software que priva o usurio de qualquer dessas liberdades no Livre, privativo, e mantm usurios divididos, dependentes e impotentes. No uma questo tcnica, no tem nada a ver com preo nem com a tarefa prtica desempenhada pelo software. Um mesmo programa de computador pode ser Livre para alguns usurios e no-Livre para outros, e tanto os Livres quanto os privativos podem ser grtis ou no. Mas alm do conhecimento que foram projetados para transmitir, um deles ensinar liberdade, enquanto o outro ensinar servido. [...] Se o usurio depender de permisso do desenvolvedor do software para instal-lo ou utiliz-lo num computador qualquer, o desenvolvedor que decida neg-la, ou exija contrapartida para permiti-la, efetivamente ter controle sobre o usurio. Pior ainda se o software armazenar informao do usurio de maneira secreta, que somente o fornecedor do software saiba decodificar: ou o usurio paga o resgate imposto pelo fornecedor, ou perde o prprio conhecimento que confiou ao seu controle. Seja qual for a escolha, restaro menos recursos para utilizar na educao. Ter acesso negado ao cdigo fonte do programa impede o educando de aprender como o software funciona. Pode parecer pouco, para algum j acostumado com essa prtica que pretende tambm controlar e, por vezes, enganar o usurio: de posse do cdigo fonte, qualquer interessado poderia perceber e evitar comportamento indesejvel, inadequado ou incorreto do software. Atravs dessa imposio de impotncia, o fornecedor cria um monoplio sobre eventuais adaptaes ao software: s podero ser desenvolvidas sob seu controle. Pior ainda: cerceia a curiosidade e a criatividade do educando. Crianas tm uma curiosidade natural para saber como as coisas funcionam. Assim como desmontam um brinquedo para ver suas entranhas, poderiam querer entender o software que utilizam na escola. Mas se uma criana pedir ao professor, mesmo o de informtica, que lhe ensine como funciona um determinado programa privativo, o professor s poder confessar que um segredo guardado pelo fornecedor do software, que a escola aceitou no poder ensinar ao aluno. Limites artificiais ao que os alunos podero almejar descobrir ou aprender so a anttese da educao, e a escolha de modelos de negcio de software baseados numa suposta necessidade de privao e controle desse conhecimento no deve ser incentivada por ningum, muito menos pelo setor educacional. (Alexandre Oliva. Software privativo falta de educao. http://revista.espiritolivre.org) De acordo com a argumentao do especialista Alexandre Oliva, a principal caracterstica de um software livre consiste em
(UNESP - 2013/2 - 1a fase) Instruo: As questes de nmeros 16 a 20 tomam por base uma passagem de um livro de Jos Ribeiro sobre o folclore nacional. Curupira Na teogonia* tupi, o anhang, gnio andante, esprito andejo ou vagabundo, destinava-se a proteger a caa do campo. Era imaginado, segundo a tradio colhida pelo Dr. Couto de Magalhes, sob a figura de um veado branco, com olhos de fogo. Todo aquele que perseguisse um animal que estivesse amamentando corria o risco de ver Anhang e a viso determinava logo a febre e, s vezes, a loucura. O caapora o mesmo tipo mtico encontrado nas regies central e meridional e a representado por um homem enorme coberto de pelos negros por todo o rosto e por todo o corpo, ao qual se confiou a proteo da caa do mato. Tristonho e taciturno, anda sempre montado em um porco de grandes dimenses, dando de quando em vez um grito para impelir a vara. Quem o encontra adquire logo a certeza de ficar infeliz e de ser mal sucedido em tudo que intentar. Dele se originaram as expresses portuguesas caipora e caiporismo, como sinnimo de m sorte, infelicidade, desdita nos negcios. Bilac assim o descreve: Companheiro do curupira, ou sua duplicata, o Caapora, ora gigante, ora ano, montado num caititu, e cavalgando frente de varas de porcos do mato, fumando cachimbo ou cigarro, pedindo fogo aos viajores; frente dele voam os vaga-lumes, seus batedores, alumiando o caminho. Ambos representam um s mito com diferente configurao e a mesma identidade com o curupira e o jurupari, numes que guardam a floresta. Todos convergem mais ou menos para o mesmo fim, sendo que o curupira representado na regio setentrional por um pequeno tapuio com os ps voltados para trs e sem os orifcios necessrios para as secrees indispensveis vida, pelo que a gente do Par diz que ele msico. O Curupira ou Currupira, como chamado no sul, alis erroneamente, figura em uma infinidade de lendas tanto no norte como no sul do Brasil. No Par, quando se viaja pelos rios e se ouve alguma pancada longnqua no meio dos bosques, os romeiros dizem que o Curupira que est batendo nas sapupemas, a ver se as rvores esto suficientemente fortes para sofrerem a ao de alguma tempestade que est prxima. A funo do Curupira proteger as florestas. Todo aquele que derriba, ou por qualquer modo estraga inutilmente as rvores, punido por ele com a pena de errar tempos imensos pelos bosques, sem poder atinar com o caminho de casa, ou meio algum de chegar at os seus. Como se v, qualquer desses tipos a manifestao de um s mito em regies e circunstncias diferentes. (O Brasil no folclore, 1970.) (*) Teogonia, s.f.: 1. Filos. Doutrina mstica relativa ao nascimento dos deuses, e que frequentemente se relaciona com a formao do mundo. 2. Conjunto de divindades cujo culto forma o sistema religioso dum povo politesta. (Dicionrio Aurlio Eletrnico Sculo XXI.) Segundo o texto, a lenda do Caapora foi responsvel pela criao de uma palavra no portugus com o significado de dor, sofrimento, m sorte, fracasso. Tal palavra :
(UNESP - 2013 - 1a fase) Software Livre, isto , software que respeita as liberdades dos usurios de executar o software para qualquer propsito, de estudar o cdigo fonte do software e adapt-lo para que faa o que o usurio deseje, de fazer e distribuir cpias do software, e de melhor-lo e distribuir as melhorias, permite que pessoas usem computadores sem abrir mo de serem livres e independentes, sem aceitar condies que os impeam de obter ou criar conhecimento desejado. Software que priva o usurio de qualquer dessas liberdades no Livre, privativo, e mantm usurios divididos, dependentes e impotentes. No uma questo tcnica, no tem nada a ver com preo nem com a tarefa prtica desempenhada pelo software. Um mesmo programa de computador pode ser Livre para alguns usurios e no-Livre para outros, e tanto os Livres quanto os privativos podem ser grtis ou no. Mas alm do conhecimento que foram projetados para transmitir, um deles ensinar liberdade, enquanto o outro ensinar servido. [...] Se o usurio depender de permisso do desenvolvedor do software para instal-lo ou utiliz-lo num computador qualquer, o desenvolvedor que decida neg-la, ou exija contrapartida para permiti-la, efetivamente ter controle sobre o usurio. Pior ainda se o software armazenar informao do usurio de maneira secreta, que somente o fornecedor do software saiba decodificar: ou o usurio paga o resgate imposto pelo fornecedor, ou perde o prprio conhecimento que confiou ao seu controle. Seja qual for a escolha, restaro menos recursos para utilizar na educao. Ter acesso negado ao cdigo fonte do programa impede o educando de aprender como o software funciona. Pode parecer pouco, para algum j acostumado com essa prtica que pretende tambm controlar e, por vezes, enganar o usurio: de posse do cdigo fonte, qualquer interessado poderia perceber e evitar comportamento indesejvel, inadequado ou incorreto do software. Atravs dessa imposio de impotncia, o fornecedor cria um monoplio sobre eventuais adaptaes ao software: s podero ser desenvolvidas sob seu controle. Pior ainda: cerceia a curiosidade e a criatividade do educando. Crianas tm uma curiosidade natural para saber como as coisas funcionam. Assim como desmontam um brinquedo para ver suas entranhas, poderiam querer entender o software que utilizam na escola. Mas se uma criana pedir ao professor, mesmo o de informtica, que lhe ensine como funciona um determinado programa privativo, o professor s poder confessar que um segredo guardado pelo fornecedor do software, que a escola aceitou no poder ensinar ao aluno. Limites artificiais ao que os alunos podero almejar descobrir ou aprender so a anttese da educao, e a escolha de modelos de negcio de software baseados numa suposta necessidade de privao e controle desse conhecimento no deve ser incentivada por ningum, muito menos pelo setor educacional. (Alexandre Oliva. Software privativo falta de educao. http://revista.espiritolivre.org) Conforme aponta o autor no terceiro pargrafo, um dos problemas dos programas privativos
(UNESP - 2013/2 - 1a fase) Instruo: As questes de nmeros 16 a 20 tomam por base uma passagem de um livro de Jos Ribeiro sobre o folclore nacional. Curupira Na teogonia* tupi, o anhang, gnio andante, esprito andejo ou vagabundo, destinava-se a proteger a caa do campo. Era imaginado, segundo a tradio colhida pelo Dr. Couto de Magalhes, sob a figura de um veado branco, com olhos de fogo. Todo aquele que perseguisse um animal que estivesse amamentando corria o risco de ver Anhang e a viso determinava logo a febre e, s vezes, a loucura. O caapora o mesmo tipo mtico encontrado nas regies central e meridional e a representado por um homem enorme coberto de pelos negros por todo o rosto e por todo o corpo, ao qual se confiou a proteo da caa do mato. Tristonho e taciturno, anda sempre montado em um porco de grandes dimenses, dando de quando em vez um grito para impelir a vara. Quem o encontra adquire logo a certeza de ficar infeliz e de ser mal sucedido em tudo que intentar. Dele se originaram as expresses portuguesas caipora e caiporismo, como sinnimo de m sorte, infelicidade, desdita nos negcios. Bilac assim o descreve: Companheiro do curupira, ou sua duplicata, o Caapora, ora gigante, ora ano, montado num caititu, e cavalgando frente de varas de porcos do mato, fumando cachimbo ou cigarro, pedindo fogo aos viajores; frente dele voam os vaga-lumes, seus batedores, alumiando o caminho. Ambos representam um s mito com diferente configurao e a mesma identidade com o curupira e o jurupari, numes que guardam a floresta. Todos convergem mais ou menos para o mesmo fim, sendo que o curupira representado na regio setentrional por um pequeno tapuio com os ps voltados para trs e sem os orifcios necessrios para as secrees indispensveis vida, pelo que a gente do Par diz que ele msico. O Curupira ou Currupira, como chamado no sul, alis erroneamente, figura em uma infinidade de lendas tanto no norte como no sul do Brasil. No Par, quando se viaja pelos rios e se ouve alguma pancada longnqua no meio dos bosques, os romeiros dizem que o Curupira que est batendo nas sapupemas, a ver se as rvores esto suficientemente fortes para sofrerem a ao de alguma tempestade que est prxima. A funo do Curupira proteger as florestas. Todo aquele que derriba, ou por qualquer modo estraga inutilmente as rvores, punido por ele com a pena de errar tempos imensos pelos bosques, sem poder atinar com o caminho de casa, ou meio algum de chegar at os seus. Como se v, qualquer desses tipos a manifestao de um s mito em regies e circunstncias diferentes. (O Brasil no folclore, 1970.) (*) Teogonia, s.f.: 1. Filos. Doutrina mstica relativa ao nascimento dos deuses, e que frequentemente se relaciona com a formao do mundo. 2. Conjunto de divindades cujo culto forma o sistema religioso dum povo politesta. (Dicionrio Aurlio Eletrnico Sculo XXI.) [...] frente dele voam os vaga-lumes, seus batedores, alumiando o caminho. Eliminando-se o aposto, a frase em destaque apresentar, de acordo com a norma-padro, a seguinte forma:
(UNESP - 2013 - 1a fase) Software Livre, isto , software que respeita as liberdades dos usurios de executar o software para qualquer propsito, de estudar o cdigo fonte do software e adapt-lo para que faa o que o usurio deseje, de fazer e distribuir cpias do software, e de melhor-lo e distribuir as melhorias, permite que pessoas usem computadores sem abrir mo de serem livres e independentes, sem aceitar condies que os impeam de obter ou criar conhecimento desejado. Software que priva o usurio de qualquer dessas liberdades no Livre, privativo, e mantm usurios divididos, dependentes e impotentes. No uma questo tcnica, no tem nada a ver com preo nem com a tarefa prtica desempenhada pelo software. Um mesmo programa de computador pode ser Livre para alguns usurios e no-Livre para outros, e tanto os Livres quanto os privativos podem ser grtis ou no. Mas alm do conhecimento que foram projetados para transmitir, um deles ensinar liberdade, enquanto o outro ensinar servido. [...] Se o usurio depender de permisso do desenvolvedor do software para instal-lo ou utiliz-lo num computador qualquer, o desenvolvedor que decida neg-la, ou exija contrapartida para permiti-la, efetivamente ter controle sobre o usurio. Pior ainda se o software armazenar informao do usurio de maneira secreta, que somente o fornecedor do software saiba decodificar: ou o usurio paga o resgate imposto pelo fornecedor, ou perde o prprio conhecimento que confiou ao seu controle. Seja qual for a escolha, restaro menos recursos para utilizar na educao. Ter acesso negado ao cdigo fonte do programa impede o educando de aprender como o software funciona. Pode parecer pouco, para algum j acostumado com essa prtica que pretende tambm controlar e, por vezes, enganar o usurio: de posse do cdigo fonte, qualquer interessado poderia perceber e evitar comportamento indesejvel, inadequado ou incorreto do software. Atravs dessa imposio de impotncia, o fornecedor cria um monoplio sobre eventuais adaptaes ao software: s podero ser desenvolvidas sob seu controle. Pior ainda: cerceia a curiosidade e a criatividade do educando. Crianas tm uma curiosidade natural para saber como as coisas funcionam. Assim como desmontam um brinquedo para ver suas entranhas, poderiam querer entender o software que utilizam na escola. Mas se uma criana pedir ao professor, mesmo o de informtica, que lhe ensine como funciona um determinado programa privativo, o professor s poder confessar que um segredo guardado pelo fornecedor do software, que a escola aceitou no poder ensinar ao aluno. Limites artificiais ao que os alunos podero almejar descobrir ou aprender so a anttese da educao, e a escolha de modelos de negcio de software baseados numa suposta necessidade de privao e controle desse conhecimento no deve ser incentivada por ningum, muito menos pelo setor educacional. (Alexandre Oliva. Software privativo falta de educao. http://revista.espiritolivre.org) Crianas tm uma curiosidade natural para saber como as coisas funcionam.No contexto em que surge, no ltimo pargrafo, esta frase aponta um fato que refora o argumento de Alexandre Oliva, segundo o qual
(UNESP - 2013 - 1a fase) Software Livre, isto , software que respeita as liberdades dos usurios de executar o software para qualquer propsito, de estudar o cdigo fonte do software e adapt-lo para que faa o que o usurio deseje, de fazer e distribuir cpias do software, e de melhor-lo e distribuir as melhorias, permite que pessoas usem computadores sem abrir mo de serem livres e independentes, sem aceitar condies que os impeam de obter ou criar conhecimento desejado. Software que priva o usurio de qualquer dessas liberdades no Livre, privativo, e mantm usurios divididos, dependentes e impotentes. No uma questo tcnica, no tem nada a ver com preo nem com a tarefa prtica desempenhada pelo software. Um mesmo programa de computador pode ser Livre para alguns usurios e no-Livre para outros, e tanto os Livres quanto os privativos podem ser grtis ou no. Mas alm do conhecimento que foram projetados para transmitir, um deles ensinar liberdade, enquanto o outro ensinar servido. [...] Se o usurio depender de permisso do desenvolvedor do software para instal-lo ou utiliz-lo num computador qualquer, o desenvolvedor que decida neg-la, ou exija contrapartida para permiti-la, efetivamente ter controle sobre o usurio. Pior ainda se o software armazenar informao do usurio de maneira secreta, que somente o fornecedor do software saiba decodificar: ou o usurio paga o resgate imposto pelo fornecedor, ou perde o prprio conhecimento que confiou ao seu controle. Seja qual for a escolha, restaro menos recursos para utilizar na educao. Ter acesso negado ao cdigo fonte do programa impede o educando de aprender como o software funciona. Pode parecer pouco, para algum j acostumado com essa prtica que pretende tambm controlar e, por vezes, enganar o usurio: de posse do cdigo fonte, qualquer interessado poderia perceber e evitar comportamento indesejvel, inadequado ou incorreto do software. Atravs dessa imposio de impotncia, o fornecedor cria um monoplio sobre eventuais adaptaes ao software: s podero ser desenvolvidas sob seu controle. Pior ainda: cerceia a curiosidade e a criatividade do educando. Crianas tm uma curiosidade natural para saber como as coisas funcionam. Assim como desmontam um brinquedo para ver suas entranhas, poderiam querer entender o software que utilizam na escola. Mas se uma criana pedir ao professor, mesmo o de informtica, que lhe ensine como funciona um determinado programa privativo, o professor s poder confessar que um segredo guardado pelo fornecedor do software, que a escola aceitou no poder ensinar ao aluno. Limites artificiais ao que os alunos podero almejar descobrir ou aprender so a anttese da educao, e a escolha de modelos de negcio de software baseados numa suposta necessidade de privao e controle desse conhecimento no deve ser incentivada por ningum, muito menos pelo setor educacional. (Alexandre Oliva. Software privativo falta de educao. http://revista.espiritolivre.org) No fragmento do artigo apresentado, em todas as referncias a software, a palavra Livre aparece com inicial maiscula e a palavra privativo com inicial minscula. Aponte a alternativa que explica essa diferena em funo do prprio contexto do artigo:
(UNESP - 2013/2 - 1a fase) Instruo: As questes de nmeros 16 a 20 tomam por base uma passagem de um livro de Jos Ribeiro sobre o folclore nacional. Curupira Na teogonia* tupi, o anhang, gnio andante, esprito andejo ou vagabundo, destinava-se a proteger a caa do campo. Era imaginado, segundo a tradio colhida pelo Dr. Couto de Magalhes, sob a figura de um veado branco, com olhos de fogo. Todo aquele que perseguisse um animal que estivesse amamentando corria o risco de ver Anhang e a viso determinava logo a febre e, s vezes, a loucura. O caapora o mesmo tipo mtico encontrado nas regies central e meridional e a representado por um homem enorme coberto de pelos negros por todo o rosto e por todo o corpo, ao qual se confiou a proteo da caa do mato. Tristonho e taciturno, anda sempre montado em um porco de grandes dimenses, dando de quando em vez um grito para impelir a vara. Quem o encontra adquire logo a certeza de ficar infeliz e de ser mal sucedido em tudo que intentar. Dele se originaram as expresses portuguesas caipora e caiporismo, como sinnimo de m sorte, infelicidade, desdita nos negcios. Bilac assim o descreve: Companheiro do curupira, ou sua duplicata, o Caapora, ora gigante, ora ano, montado num caititu, e cavalgando frente de varas de porcos do mato, fumando cachimbo ou cigarro, pedindo fogo aos viajores; frente dele voam os vaga-lumes, seus batedores, alumiando o caminho. Ambos representam um s mito com diferente configurao e a mesma identidade com o curupira e o jurupari, numes que guardam a floresta. Todos convergem mais ou menos para o mesmo fim, sendo que o curupira representado na regio setentrional por um pequeno tapuio com os ps voltados para trs e sem os orifcios necessrios para as secrees indispensveis vida, pelo que a gente do Par diz que ele msico. O Curupira ou Currupira, como chamado no sul, alis erroneamente, figura em uma infinidade de lendas tanto no norte como no sul do Brasil. No Par, quando se viaja pelos rios e se ouve alguma pancada longnqua no meio dos bosques, os romeiros dizem que o Curupira que est batendo nas sapupemas, a ver se as rvores esto suficientemente fortes para sofrerem a ao de alguma tempestade que est prxima. A funo do Curupira proteger as florestas. Todo aquele que derriba, ou por qualquer modo estraga inutilmente as rvores, punido por ele com a pena de errar tempos imensos pelos bosques, sem poder atinar com o caminho de casa, ou meio algum de chegar at os seus. Como se v, qualquer desses tipos a manifestao de um s mito em regies e circunstncias diferentes. (O Brasil no folclore, 1970.) (*) Teogonia, s.f.: 1. Filos. Doutrina mstica relativa ao nascimento dos deuses, e que frequentemente se relaciona com a formao do mundo. 2. Conjunto de divindades cujo culto forma o sistema religioso dum povo politesta. (Dicionrio Aurlio Eletrnico Sculo XXI.) Anhang e Caapora se identificam, segundo o texto, pelo fato de caracterizarem
(UNESP - 2013/2 - 1a fase) Instruo: As questes de nmeros 16 a 20 tomam por base uma passagem de um livro de Jos Ribeiro sobre o folclore nacional. Curupira Na teogonia* tupi, o anhang, gnio andante, esprito andejo ou vagabundo, destinava-se a proteger a caa do campo. Era imaginado, segundo a tradio colhida pelo Dr. Couto de Magalhes, sob a figura de um veado branco, com olhos de fogo. Todo aquele que perseguisse um animal que estivesse amamentando corria o risco de ver Anhang e a viso determinava logo a febre e, s vezes, a loucura. O caapora o mesmo tipo mtico encontrado nas regies central e meridional e a representado por um homem enorme coberto de pelos negros por todo o rosto e por todo o corpo, ao qual se confiou a proteo da caa do mato. Tristonho e taciturno, anda sempre montado em um porco de grandes dimenses, dando de quando em vez um grito para impelir a vara. Quem o encontra adquire logo a certeza de ficar infeliz e de ser mal sucedido em tudo que intentar. Dele se originaram as expresses portuguesas caipora e caiporismo, como sinnimo de m sorte, infelicidade, desdita nos negcios. Bilac assim o descreve: Companheiro do curupira, ou sua duplicata, o Caapora, ora gigante, ora ano, montado num caititu, e cavalgando frente de varas de porcos do mato, fumando cachimbo ou cigarro, pedindo fogo aos viajores; frente dele voam os vaga-lumes, seus batedores, alumiando o caminho. Ambos representam um s mito com diferente configurao e a mesma identidade com o curupira e o jurupari, numes que guardam a floresta. Todos convergem mais ou menos para o mesmo fim, sendo que o curupira representado na regio setentrional por um pequeno tapuio com os ps voltados para trs e sem os orifcios necessrios para as secrees indispensveis vida, pelo que a gente do Par diz que ele msico. O Curupira ou Currupira, como chamado no sul, alis erroneamente, figura em uma infinidade de lendas tanto no norte como no sul do Brasil. No Par, quando se viaja pelos rios e se ouve alguma pancada longnqua no meio dos bosques, os romeiros dizem que o Curupira que est batendo nas sapupemas, a ver se as rvores esto suficientemente fortes para sofrerem a ao de alguma tempestade que est prxima. A funo do Curupira proteger as florestas. Todo aquele que derriba, ou por qualquer modo estraga inutilmente as rvores, punido por ele com a pena de errar tempos imensos pelos bosques, sem poder atinar com o caminho de casa, ou meio algum de chegar at os seus. Como se v, qualquer desses tipos a manifestao de um s mito em regies e circunstncias diferentes. (O Brasil no folclore, 1970.) (*) Teogonia, s.f.: 1. Filos. Doutrina mstica relativa ao nascimento dos deuses, e que frequentemente se relaciona com a formao do mundo. 2. Conjunto de divindades cujo culto forma o sistema religioso dum povo politesta. (Dicionrio Aurlio Eletrnico Sculo XXI.) Tomando por base as informaes do texto, as aes de Anhang, Caapora e Curupira seriam consideradas, na atualidade,
(UNESP - 2013 - 1a fase) Software Livre, isto , software que respeita as liberdades dos usurios de executar o software para qualquer propsito, de estudar o cdigo fonte do software e adapt-lo para que faa o que o usurio deseje, de fazer e distribuir cpias do software, e de melhor-lo e distribuir as melhorias, permite que pessoas usem computadores sem abrir mo de serem livres e independentes, sem aceitar condies que os impeam de obter ou criar conhecimento desejado. Software que priva o usurio de qualquer dessas liberdades no Livre, privativo, e mantm usurios divididos, dependentes e impotentes. No uma questo tcnica, no tem nada a ver com preo nem com a tarefa prtica desempenhada pelo software. Um mesmo programa de computador pode ser Livre para alguns usurios e no-Livre para outros, e tanto os Livres quanto os privativos podem ser grtis ou no. Mas alm do conhecimento que foram projetados para transmitir, um deles ensinar liberdade, enquanto o outro ensinar servido. [...] Se o usurio depender de permisso do desenvolvedor do software para instal-lo ou utiliz-lo num computador qualquer, o desenvolvedor que decida neg-la, ou exija contrapartida para permiti-la, efetivamente ter controle sobre o usurio. Pior ainda se o software armazenar informao do usurio de maneira secreta, que somente o fornecedor do software saiba decodificar: ou o usurio paga o resgate imposto pelo fornecedor, ou perde o prprio conhecimento que confiou ao seu controle. Seja qual for a escolha, restaro menos recursos para utilizar na educao. Ter acesso negado ao cdigo fonte do programa impede o educando de aprender como o software funciona. Pode parecer pouco, para algum j acostumado com essa prtica que pretende tambm controlar e, por vezes, enganar o usurio: de posse do cdigo fonte, qualquer interessado poderia perceber e evitar comportamento indesejvel, inadequado ou incorreto do software. Atravs dessa imposio de impotncia, o fornecedor cria um monoplio sobre eventuais adaptaes ao software: s podero ser desenvolvidas sob seu controle. Pior ainda: cerceia a curiosidade e a criatividade do educando. Crianas tm uma curiosidade natural para saber como as coisas funcionam. Assim como desmontam um brinquedo para ver suas entranhas, poderiam querer entender o software que utilizam na escola. Mas se uma criana pedir ao professor, mesmo o de informtica, que lhe ensine como funciona um determinado programa privativo, o professor s poder confessar que um segredo guardado pelo fornecedor do software, que a escola aceitou no poder ensinar ao aluno. Limites artificiais ao que os alunos podero almejar descobrir ou aprender so a anttese da educao, e a escolha de modelos de negcio de software baseados numa suposta necessidade de privao e controle desse conhecimento no deve ser incentivada por ningum, muito menos pelo setor educacional. (Alexandre Oliva. Software privativo falta de educao. http://revista.espiritolivre.org) [...] cerceia a curiosidade e a criatividade do educando. A forma verbal cerceia, nesta frase do ltimo pargrafo, significa:
(UNESP - 2013 - 2a fase - Questo 25) Escrever Eu disse uma vez que escrever uma maldio. No me lembro por que exatamente eu o disse, e com sinceridade. Hoje repito: uma maldio, mas uma maldio que salva. No estou me referindo muito a escrever para jornal. Mas escrever aquilo que eventualmente pode se transformar num conto ou num romance. uma maldio porque obriga e arrasta como um vcio penoso do qual quase impossvel se livrar, pois nada o substitui. E uma salvao. Salva a alma presa, salva a pessoa que se sente intil, salva o dia que se vive e que nunca se entende a menos que se escreva. Escrever procurar entender, procurar reproduzir o irreproduzvel, sentir at o ltimo fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever tambm abenoar uma vida que no foi abenoada. Que pena que s sei escrever quando espontaneamente a coisa vem. Fico assim merc do tempo. E, entre um verdadeiro escrever e outro, podem-se passar anos. Lembro-me agora com saudade da dor de escrever livros. (Clarice Lispector. A descoberta do mundo, 1999.) Escrevendo o roteiro Escrever um roteiro um fenmeno espantoso, quase misterioso. Num dia voc est com as coisas sob controle, no dia seguinte sob o controle delas, perdido em confuso e incerteza. Num dia tudo funciona, no outro no; ningum sabe como ou por qu. o processo criativo; que desafia anlises; mgica e maravilha. Tudo o que foi dito ou registrado sobre a experincia de escrever desde o incio dos tempos resume-se a uma coisa escrever sua experincia particular, pessoal. De ningum mais. Muita gente contribui para a feitura de um filme, mas o roteirista a nica pessoa que se senta e encara a folha de papel em branco. Escrever trabalho duro, uma tarefa cotidiana, de sentar-se diariamente diante de seu bloco de notas, mquina de escrever ou computador, colocando palavras no papel. Voc tem que investir tempo. Antes de comear a escrever, voc tem que achar tempo para escrever. Quantas horas por dia voc precisa dedicar-se a escrever? Depende de voc. Eu trabalho cerca de quatro horas por dia, cinco dias por semana. John Millius escreve uma hora por dia, sete dias por semana, entre 5 e 6 da tarde. Stirling Silliphant, que escreveu The Towering Inferno (Inferno na Torre), s vezes escreve 12 horas por dia. Paul Schrader trabalha com a histria na cabea por meses, contando-a para as pessoas at que ele a conhea completamente; ento ele pula na mquina e a escreve em cerca de duas semanas. Depois ele gastar semanas polindo e consertando a histria. Voc precisa de duas a trs horas por dia para escrever um roteiro. Olhe para a sua agenda diria. Examine o seu tempo. Se voc trabalha em horrio integral, ou cuidando da casa e da famlia, seu tempo limitado. Voc ter que achar o melhor horrio para escrever. Voc o tipo de pessoa que trabalha melhor pela manh? Ou s vai acordar e ficar alerta no final da tarde? Tarde da noite pode ser um bom horrio. Descubra. (Syd Field. Manual do roteiro, 1995.) Clarice Lispector coloca inicialmente o processo da criao literria como uma maldio. Em seguida, ressalva que tambm uma salvao. Com base no texto da crnica, explique como a autora resolve essa diferena de conceitos sobre a criao literria.
(UNESP - 2013 - 2a fase - Questo 26) Escrever Eu disse uma vez que escrever uma maldio. No me lembro por que exatamente eu o disse, e com sinceridade. Hoje repito: uma maldio, mas uma maldio que salva. No estou me referindo muito a escrever para jornal. Mas escrever aquilo que eventualmente pode se transformar num conto ou num romance. uma maldio porque obriga e arrasta como um vcio penoso do qual quase impossvel se livrar, pois nada o substitui. E uma salvao. Salva a alma presa, salva a pessoa que se sente intil, salva o dia que se vive e que nunca se entende a menos que se escreva. Escrever procurar entender, procurar reproduzir o irreproduzvel, sentir at o ltimo fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever tambm abenoar uma vida que no foi abenoada. Que pena que s sei escrever quando espontaneamente a coisa vem. Fico assim merc do tempo. E, entre um verdadeiro escrever e outro, podem-se passar anos. Lembro-me agora com saudade da dor de escrever livros. (Clarice Lispector. A descoberta do mundo, 1999.) Escrevendo o roteiro Escrever um roteiro um fenmeno espantoso, quase misterioso. Num dia voc est com as coisas sob controle, no dia seguinte sob o controle delas, perdido em confuso e incerteza. Num dia tudo funciona, no outro no; ningum sabe como ou por qu. o processo criativo; que desafia anlises; mgica e maravilha. Tudo o que foi dito ou registrado sobre a experincia de escrever desde o incio dos tempos resume-se a uma coisa escrever sua experincia particular, pessoal. De ningum mais. Muita gente contribui para a feitura de um filme, mas o roteirista a nica pessoa que se senta e encara a folha de papel em branco. Escrever trabalho duro, uma tarefa cotidiana, de sentar-se diariamente diante de seu bloco de notas, mquina de escrever ou computador, colocando palavras no papel. Voc tem que investir tempo. Antes de comear a escrever, voc tem que achar tempo para escrever. Quantas horas por dia voc precisa dedicar-se a escrever? Depende de voc. Eu trabalho cerca de quatro horas por dia, cinco dias por semana. John Millius escreve uma hora por dia, sete dias por semana, entre 5 e 6 da tarde. Stirling Silliphant, que escreveu The Towering Inferno (Inferno na Torre), s vezes escreve 12 horas por dia. Paul Schrader trabalha com a histria na cabea por meses, contando-a para as pessoas at que ele a conhea completamente; ento ele pula na mquina e a escreve em cerca de duas semanas. Depois ele gastar semanas polindo e consertando a histria. Voc precisa de duas a trs horas por dia para escrever um roteiro. Olhe para a sua agenda diria. Examine o seu tempo. Se voc trabalha em horrio integral, ou cuidando da casa e da famlia, seu tempo limitado. Voc ter que achar o melhor horrio para escrever. Voc o tipo de pessoa que trabalha melhor pela manh? Ou s vai acordar e ficar alerta no final da tarde? Tarde da noite pode ser um bom horrio. Descubra. (Syd Field. Manual do roteiro, 1995.) Que pena que s sei escrever quando espontaneamente a coisa vem. Explique, com base no primeiro pargrafo do texto Escrevendo o roteiro, se Syd Field concorda com esta afirmao de Clarice Lispector.
(UNESP - 2013 - 2a fase - Questo 27) Escrever Eu disse uma vez que escrever uma maldio. No me lembro por que exatamente eu o disse, e com sinceridade. Hoje repito: uma maldio, mas uma maldio que salva. No estou me referindo muito a escrever para jornal. Mas escrever aquilo que eventualmente pode se transformar num conto ou num romance. uma maldio porque obriga e arrasta como um vcio penoso do qual quase impossvel se livrar, pois nada o substitui. E uma salvao. Salva a alma presa, salva a pessoa que se sente intil, salva o dia que se vive e que nunca se entende a menos que se escreva. Escrever procurar entender, procurar reproduzir o irreproduzvel, sentir at o ltimo fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever tambm abenoar uma vida que no foi abenoada. Que pena que s sei escrever quando espontaneamente a coisa vem. Fico assim merc do tempo. E, entre um verdadeiro escrever e outro, podem-se passar anos. Lembro-me agora com saudade da dor de escrever livros. (Clarice Lispector. A descoberta do mundo, 1999.) Escrevendo o roteiro Escrever um roteiro um fenmeno espantoso, quase misterioso. Num dia voc est com as coisas sob controle, no dia seguinte sob o controle delas, perdido em confuso e incerteza. Num dia tudo funciona, no outro no; ningum sabe como ou por qu. o processo criativo; que desafia anlises; mgica e maravilha. Tudo o que foi dito ou registrado sobre a experincia de escrever desde o incio dos tempos resume-se a uma coisa escrever sua experincia particular, pessoal. De ningum mais. Muita gente contribui para a feitura de um filme, mas o roteirista a nica pessoa que se senta e encara a folha de papel em branco. Escrever trabalho duro, uma tarefa cotidiana, de sentar-se diariamente diante de seu bloco de notas, mquina de escrever ou computador, colocando palavras no papel. Voc tem que investir tempo. Antes de comear a escrever, voc tem que achar tempo para escrever. Quantas horas por dia voc precisa dedicar-se a escrever? Depende de voc. Eu trabalho cerca de quatro horas por dia, cinco dias por semana. John Millius escreve uma hora por dia, sete dias por semana, entre 5 e 6 da tarde. Stirling Silliphant, que escreveu The Towering Inferno (Inferno na Torre), s vezes escreve 12 horas por dia. Paul Schrader trabalha com a histria na cabea por meses, contando-a para as pessoas at que ele a conhea completamente; ento ele pula na mquina e a escreve em cerca de duas semanas. Depois ele gastar semanas polindo e consertando a histria. Voc precisa de duas a trs horas por dia para escrever um roteiro. Olhe para a sua agenda diria. Examine o seu tempo. Se voc trabalha em horrio integral, ou cuidando da casa e da famlia, seu tempo limitado. Voc ter que achar o melhor horrio para escrever. Voc o tipo de pessoa que trabalha melhor pela manh? Ou s vai acordar e ficar alerta no final da tarde? Tarde da noite pode ser um bom horrio. Descubra. (Syd Field. Manual do roteiro, 1995.) Mas escrever aquilo que eventualmente pode se transformar num conto ou num romance. Ao empregar na frase apresentada o advrbio eventualmente, o que revela Clarice Lispector sobre a criao de um conto ou romance?
(UNESP - 2013 - 2a fase - Questo 28) Escrever Eu disse uma vez que escrever uma maldio. No me lembro por que exatamente eu o disse, e com sinceridade. Hoje repito: uma maldio, mas uma maldio que salva. No estou me referindo muito a escrever para jornal. Mas escrever aquilo que eventualmente pode se transformar num conto ou num romance. uma maldio porque obriga e arrasta como um vcio penoso do qual quase impossvel se livrar, pois nada o substitui. E uma salvao. Salva a alma presa, salva a pessoa que se sente intil, salva o dia que se vive e que nunca se entende a menos que se escreva. Escrever procurar entender, procurar reproduzir o irreproduzvel, sentir at o ltimo fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever tambm abenoar uma vida que no foi abenoada. Que pena que s sei escrever quando espontaneamente a coisa vem. Fico assim merc do tempo. E, entre um verdadeiro escrever e outro, podem-se passar anos. Lembro-me agora com saudade da dor de escrever livros. (Clarice Lispector. A descoberta do mundo, 1999.) Escrevendo o roteiro Escrever um roteiro um fenmeno espantoso, quase misterioso. Num dia voc est com as coisas sob controle, no dia seguinte sob o controle delas, perdido em confuso e incerteza. Num dia tudo funciona, no outro no; ningum sabe como ou por qu. o processo criativo; que desafia anlises; mgica e maravilha. Tudo o que foi dito ou registrado sobre a experincia de escrever desde o incio dos tempos resume-se a uma coisa escrever sua experincia particular, pessoal. De ningum mais. Muita gente contribui para a feitura de um filme, mas o roteirista a nica pessoa que se senta e encara a folha de papel em branco. Escrever trabalho duro, uma tarefa cotidiana, de sentar-se diariamente diante de seu bloco de notas, mquina de escrever ou computador, colocando palavras no papel. Voc tem que investir tempo. Antes de comear a escrever, voc tem que achar tempo para escrever. Quantas horas por dia voc precisa dedicar-se a escrever? Depende de voc. Eu trabalho cerca de quatro horas por dia, cinco dias por semana. John Millius escreve uma hora por dia, sete dias por semana, entre 5 e 6 da tarde. Stirling Silliphant, que escreveu The Towering Inferno (Inferno na Torre), s vezes escreve 12 horas por dia. Paul Schrader trabalha com a histria na cabea por meses, contando-a para as pessoas at que ele a conhea completamente; ento ele pula na mquina e a escreve em cerca de duas semanas. Depois ele gastar semanas polindo e consertando a histria. Voc precisa de duas a trs horas por dia para escrever um roteiro. Olhe para a sua agenda diria. Examine o seu tempo. Se voc trabalha em horrio integral, ou cuidando da casa e da famlia, seu tempo limitado. Voc ter que achar o melhor horrio para escrever. Voc o tipo de pessoa que trabalha melhor pela manh? Ou s vai acordar e ficar alerta no final da tarde? Tarde da noite pode ser um bom horrio. Descubra. (Syd Field. Manual do roteiro, 1995.) No stimo pargrafo do texto de Syd Field, que informao o autor passa ao aprendiz de roteirista com os diversos exemplos que apresenta?
(UNESP - 2013 - 2a fase - Questo 29) Cana Hoje disse Milkau quando chegaram a um trecho desembaraado da praia , devemos escolher o local para a nossa casa. Oh! no haver dificuldade, neste deserto, de talhar o nosso pequeno lote... desdenhou Lentz. Quanto a mim, replicou Milkau, uma ligeira inquietao de vago terror se mistura ao prazer extraordinrio de recomear a vida pela fundao do domiclio, e pelas minhas prprias mos... O que lamentvel nesta solenidade primitiva a interveno intil do Estado... O Estado, que no nosso caso o agrimensor Felicssimo... No seria muito mais perfeito que a terra e as suas coisas fossem propriedade de todos, sem venda, sem posse? O que eu vejo o contrrio disto. antes a venalidade de tudo, a ambio, que chama a ambio e espraia o instinto da posse. O que est hoje fora do domnio amanh ser a presa do homem. No acreditas que o prprio ar que escapa nossa posse ser vendido, mais tarde, nas cidades suspensas, como hoje a terra? No ser uma nova forma da expanso da conquista e da propriedade? Ou melhor, no vs a propriedade tornar-se cada dia mais coletiva, numa grande nsia de aquisio popular, que se vai alastrando e que um dia, depois de se apossar dos jardins, dos palcios, dos museus, das estradas, se estender a tudo?... O sentimento da posse morrer com a desnecessidade, com a supresso da ideia da defesa pessoal, que nele tinha o seu repouso... Pois eu ponderou Lentz , se me fixar na ideia de converter-me em colono, desejarei ir alargando o meu terreno, chamar a mim outros trabalhadores e fundar um novo ncleo, que signifique fortuna e domnio... Porque s pela riqueza ou pela fora nos emanciparemos da servido. O meu quinho de terra explicou Milkau ser o mesmo que hoje receber; no o ampliarei, no me abandonarei ambio, ficarei sempre alegremente reduzido situao de um homem humilde entre gente simples. Desde que chegamos, sinto um perfeito encantamento: no s a natureza que me seduz aqui, que me festeja, tambm a suave contemplao do homem. Todos mostram a sua doura ntima estampada na calma das linhas do rosto; h como um longnquo afastamento da clera e do dio. H em todos uma resignao amorosa... Os naturais da terra so expansivos e alvissareiros da felicidade de que nos parecem os portadores... Os que vieram de longe esqueceram as suas amarguras, esto tranquilos e amveis; no h grandes separaes, o prprio chefe troca no lar o seu prestgio pela espontaneidade niveladora, que o feliz gnio da sua raa. Vendo-os, eu adivinho o que todo este Pas um recanto de bondade, de olvido e de paz. H de haver uma grande unio entre todos, no haver conflitos de orgulho e ambio, a justia ser perfeita; no se imolaro vtimas aos rancores abandonados na estrada do exlio. Todos se purificaro e ns tambm nos devemos esquecer de ns mesmos e dos nossos preconceitos, para s pensarmos nos outros e no perturbarmos a serenidade desta vida... (Graa Aranha. Cana, 1996.) (Henfil. A volta do Fradim: uma antologia histrica: charges, 1994.) Em sua ltima fala no fragmento do romance Cana, coerentemente com o que manifestou nas falas anteriores, a personagem Milkau, ao informar o que pretende fazer com seu quinho de terra, acaba expressando sua prpria concepo de mundo. Releia essa fala e faa uma sntese dessa concepo da personagem.