(UNESP - 2013 - 1a fase)
Software Livre, isto é, software que respeita as liberdades
dos usuários de executar o software para qualquer propósito,
de estudar o código fonte do software e adaptá-lo para que
faça o que o usuário deseje, de fazer e distribuir cópias do
software, e de melhorá-lo e distribuir as melhorias, permite
que pessoas usem computadores sem abrir mão de serem
livres e independentes, sem aceitar condições que os impeçam
de obter ou criar conhecimento desejado.
Software que priva o usuário de qualquer dessas liberdades
não é Livre, é privativo, e mantém usuários divididos,
dependentes e impotentes. Não é uma questão técnica, não tem
nada a ver com preço nem com a tarefa prática desempenhada
pelo software. Um mesmo programa de computador pode ser
Livre para alguns usuários e não-Livre para outros, e tanto os
Livres quanto os privativos podem ser grátis ou não. Mas além
do conhecimento que foram projetados para transmitir, um deles
ensinará liberdade, enquanto o outro ensinará servidão.
[...]
Se o usuário depender de permissão do desenvolvedor
do software para instalá-lo ou utilizá-lo num computador
qualquer, o desenvolvedor que decida negá-la, ou exija contrapartida
para permiti-la, efetivamente terá controle sobre
o usuário. Pior ainda se o software armazenar informação
do usuário de maneira secreta, que somente o fornecedor do
software saiba decodificar: ou o usuário paga o resgate imposto
pelo fornecedor, ou perde o próprio conhecimento que
confiou ao seu controle. Seja qual for a escolha, restarão menos
recursos para utilizar na educação.
Ter acesso negado ao código fonte do programa impede
o educando de aprender como o software funciona. Pode
parecer pouco, para alguém já acostumado com essa prática
que pretende também controlar e, por vezes, enganar o usuário:
de posse do código fonte, qualquer interessado poderia
perceber e evitar comportamento indesejável, inadequado ou
incorreto do software. Através dessa imposição de impotência,
o fornecedor cria um monopólio sobre eventuais adaptações
ao software: só poderão ser desenvolvidas sob seu controle.
Pior ainda: cerceia a curiosidade e a criatividade do educando.
Crianças têm uma curiosidade natural para saber como
as coisas funcionam. Assim como desmontam um brinquedo
para ver suas entranhas, poderiam querer entender o software
que utilizam na escola. Mas se uma criança pedir ao professor,
mesmo o de informática, que lhe ensine como funciona
um determinado programa privativo, o professor só poderá
confessar que é um segredo guardado pelo fornecedor do
software, que a escola aceitou não poder ensinar ao aluno.
Limites artificiais ao que os alunos poderão almejar descobrir
ou aprender são a antítese da educação, e a escolha de modelos
de negócio de software baseados numa suposta necessidade
de privação e controle desse conhecimento não deve ser incentivada
por ninguém, muito menos pelo setor educacional.
(Alexandre Oliva. Software privativo é falta de educação.
http://revista.espiritolivre.org)
Crianças têm uma curiosidade natural para saber como as coisas funcionam. No contexto em que surge, no último parágrafo, esta frase aponta um fato que reforça o argumento de Alexandre Oliva, segundo o qual
seria altamente educativo que as escolas utilizassem programas sem limitações de acesso a seu funcionamento.
a educação brasileira necessita, urgentemente, de teorias que estimulem ainda mais a curiosidade infantil.
tanto faz usar um tipo de programa como outro, desde que as crianças sejam consultadas primeiro.
tanto faz usar software privativo como livre, que as crianças sempre dão um jeito de desmontá-lo.
os programas privativos, apesar dos problemas que apresentam, são mais indicados para a educação.