(UNESP - 2021- 1 fase - DIA 2) Para responder s questes de 07 a 10, leia a letra da cano Bom conselho, de Chico Buarque, composta em 1972. Oua um bom conselho Que eu lhe dou de graa Intil dormir que a dor no passa Espere sentado Ou voc se cansa Est provado: Quem espera nunca alcana Venha, meu amigo Deixe esse regao Brinque com meu fogo Venha se queimar Faa como eu digo Faa como eu fao Aja duas vezes antes de pensar Corro atrs do tempo Vim de no sei onde Devagar que no se vai longe Eu semeio vento na minha cidade Vou pra rua e bebo a tempestade (www.chicobuarque.com.br) Considerando-se o contexto histrico-social em que a cano foi composta, o verso Vou pra rua e bebo a tempestade (3a estrofe) sugere a ideia de manifestaes populares que ocorreram no Brasil por ocasio
(UNESP - 2021 - 1 FASE) Para responder s questes, leia o texto extrado da primeira parte, intitulada A terra, da obra Os sertes, de Euclides da Cunha. A obra resultou da cobertura jornalstica da Guerra de Canudos, realizada por Euclides da Cunha para o jornal O Estado de S.Paulo de agosto a outubro de 1897, e foi publicada apenas em 1902. Percorrendo certa vez, nos fins de setembro [de 1897], as cercanias de Canudos, fugindo monotonia de um canhoneio1frouxo de tiros espaados e soturnos, encontramos, no descer de uma encosta, anfiteatro irregular, onde as colinas se dispunham circulando um vale nico. Pequenos arbustos, icozeiros2virentes viando em tufos intermeados de palmatrias3de flores rutilantes, davam ao lugar a aparncia exata de algum velho jardim em abandono. Ao lado uma rvore nica, uma quixabeira alta, sobranceando a vegetao franzina. O sol poente desatava, longa, a sua sombra pelo cho e protegido por ela braos largamente abertos, face volvida para os cus um soldado descansava. Descansava... havia trs meses. Morrera no assalto de 18 de julho [de 1897]. A coronha da Mannlicher4estrondada, o cinturo e o bon jogados a uma banda, e a farda em tiras, diziam que sucumbira em luta corpo a corpo com adversrio possante. Cara, certo, derreando-se violenta pancada que lhe sulcara a fronte, manchada de uma escara preta. E ao enterrarem-se, dias depois, os mortos, no fora percebido. No compartira, por isto, a vala comum de menos de um cvado de fundo em que eram jogados, formando pela ltima vez juntos, os companheiros abatidos na batalha. O destino que o removera do lar desprotegido fizera-lhe afinal uma concesso: livrara-o da promiscuidade lgubre de um fosso repugnante; e deixara-o ali h trs meses braos largamente abertos, rosto voltado para os cus, para os sis ardentes, para os luares claros, para as estrelas fulgurantes... E estava intacto. Murchara apenas. Mumificara conservando os traos fisionmicos, de modo a incutir a iluso exata de um lutador cansado, retemperando-se em tranquilo sono, sombra daquela rvore benfazeja. Nem um verme o mais vulgar dos trgicos analistas da matria lhe maculara os tecidos. Volvia ao turbilho da vida sem decomposio repugnante, numa exausto imperceptvel. Era um aparelho revelando de modo absoluto, mas sugestivo, a secura extrema dos ares. (Os sertes, 2016.) 1 canhoneio: descarga de canhes. 2 icozeiro: arbusto de folhas coriceas, flores de tom verde-plido e frutos bacceos. 3 palmatria: planta da famlia das cactceas, de flores amarelo-esverdeadas, com a parte inferior vermelha, ou rseas, e bagas vermelhas. 4 Mannlicher: rifle projetado por Ferdinand Ritter von Mannlicher. Considerando o contexto histrico de produo do texto, o soldado abandonado e seu adversrio possante podem ser identificados, em termos polticos, como
(UNESP - 2021- 1 fase - DIA 2) Para responder s questes de 12 a 16, leia o trecho do romance Grande serto: veredas, de Guimares Rosa. Sei que estou contando errado, pelos altos. Desemendo. Mas no por disfarar, no pense. De grave, na lei do comum, disse ao senhor quase tudo. No crio receio. O senhor homem de pensar o dos outros como sendo o seu, no criatura de pr denncia. E meus feitos j revogaram, prescrio dita. Tenho meu respeito firmado. Agora, sou anta empoada, ningum me caa. Da vida pouco me resta s o deo-gratias; e o troco. Bobeia. Na feira de So Joo Branco, um homem andava falando: A ptria no pode nada com a velhice... Discordo. A ptria dos velhos, mais. Era um homem maluco, os dedos cheios de anis velhos sem valor, as pedras retiradas ele dizia: aqueles todos anis davam at choque eltrico... No. Eu estou contando assim, porque o meu jeito de contar. Guerras e batalhas? Isso como jogo de baralho, verte, reverte. Os revoltosos depois passaram por aqui, soldados de Prestes, vinham de Gois, reclamavam posse de todos os animais de sela. Sei que deram fogo, na barra do Urucuia, em So Romo, aonde aportou um vapor do Governo, cheio de tropas da Bahia. Muitos anos adiante, um roceiro vai lavrar um pau, encontra balas cravadas. O que vale, so outras coisas. A lembrana da vida da gente se guarda em trechos diversos, cada um com seu signo e sentimento, uns com os outros acho que nem no misturam. Contar seguido, alinhavado, s mesmo sendo as coisas de rasa importncia. De cada vivimento que eu real tive, de alegria forte ou pesar, cada vez daquela hoje vejo que eu era como se fosse diferente pessoa. Sucedido desgovernado. Assim eu acho, assim que eu conto. [...] Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras, de recente data. O senhor mesmo sabe. (Grande serto: veredas, 2015.) O evento histrico mencionado no texto est relacionado
(UNESP - 2021- 1 fase - DIA 2) A obra Priso de Tiradentes (datada de 1914), do pintor brasileiro Antnio Parreiras (1860-1937), remete a evento histrico relacionado ao seguinte movimento literrio brasileiro:
(UNESP 2021 - 2 fase) At o sculo XIV, houve uma doena muito disseminada e muito temida: a lepra. Nas cidades, foram construdos hospitais especializados para os leprosos. [] Como se pensava que a lepra era contagiosa, os leprosos que andavam pelas ruas deviam sacudir uma espcie de sineta, a matraca. (Jacques Le Goff. A Idade Mdia explicada aos meus filhos, 2007.) A lepra (ou hansenase) era temida na Idade Mdia porque
(UNESP - 2021 - 2 fase) Texto 1 Nenhum documento permite afirmar que Pedro lvares Cabral partira de Lisboa com o propsito de descobrir novas terras. A intencionalidade da descoberta no encontra fundamento em nenhuma das testemunhas, seja Pero Vaz de Caminha, Mestre Joo ou o piloto annimo. A armada partiu com destino ndia, e foi s isso. (Joaquim Romero de Magalhes. Quem descobriu o Brasil?. In: Luciano Figueiredo. Histria do Brasil para ocupados, 2013.) Texto 2 Quando Pedro lvares Cabral e seus homens chegaram costa da atual Bahia em 1500, no havia, obviamente, nem Brasil nem brasileiros. Pode ser, como querem muitos historiadores, que outros tenham andado por ali antes, mas disso no ficou registro consistente, e foram Pero Vaz de Caminha e Mestre Joo os autores das primeiras narrativas sobre a nova terra e seu cu. (Laura de Mello e Souza. O nome Brasil. In: Luciano Figueiredo. Histria do Brasil para ocupados, 2013.) Os dois textos referem-se expedio de Cabral, que aportou no litoral do futuro territrio do Brasil em 1500. A documentao citada nos textos , de acordo com os autores,
(UNESP 2021 - 2 fase) Leia os textos para responder s questes 22 e 23. Texto 1 Nenhum documento permite afirmar que Pedro lvares Cabral partira de Lisboa com o propsito de descobrir novas terras. A intencionalidade da descoberta no encontra fundamento em nenhuma das testemunhas, seja Pero Vaz de Caminha, Mestre Joo ou o piloto annimo. A armada partiu com destino ndia, e foi s isso. (Joaquim Romero de Magalhes. Quem descobriu o Brasil?. In: Luciano Figueiredo. Histria do Brasil para ocupados, 2013.) Texto 2 Quando Pedro lvares Cabral e seus homens chegaram costa da atual Bahia em 1500, no havia, obviamente, nem Brasil nem brasileiros. Pode ser, como querem muitos historiadores, que outros tenham andado por ali antes, mas disso no ficou registro consistente, e foram Pero Vaz de Caminha e Mestre Joo os autores das primeiras narrativas sobre a nova terra e seu cu. (Laura de Mello e Souza. O nome Brasil. In: Luciano Figueiredo. Histria do Brasil para ocupados, 2013.) A afirmao do texto 2 de que Quando Pedro lvares Cabral e seus homens chegaram costa da atual Bahia em 1500, no havia, obviamente, nem Brasil nem brasileiros correta, pois
(UNESP 2021 - 2 fase) O quilombo significou uma alternativa concreta ordem escravista e, por isso, tornou-se um problema real e bastante amedrontador para a sociedade colonial e para as autoridades, que precisavam combat-lo de modo sistemtico. Mas, ao mesmo tempo, o quilombo era parte da sociedade que o reprimia, em funo dos diversos vnculos que tinha com os diferentes setores desta. Tais vnculos, de natureza muito variada, incluam a criao de toda sorte de relaes comerciais com as populaes vizinhas, a formao de redes mais ou menos complexas para obteno de informaes e, como no poderia deixar de ser, o cultivo de um sem-nmero de laos afetivos e amorosos que se entrecruzavam nas periferias urbanas e nas fazendas. (Lilia M. Schwarcz e Heloisa M. Starling. Brasil: uma biografia, 2018.) Os quilombos existentes no Brasil colonial podem ser caracterizados como espaos
(UNESP 2021 - 2 fase) Observe as imagens e leia o texto. Projeto do panptico, novo modelo de vigilncia, proposto por Jeremy Bentham no final do sculo XVIII, para ser utilizado em presdios e outros espaos que exigissem controle rigoroso. Presdio da Ilha de Pinos, em Cuba, construdo no final da dcada de 1920, a partir do modelo do panptico, e hoje abandonado. (https://medium.com) O princpio : na periferia, uma construo em anel; no centro, uma torre; esta possui grandes janelas que se abrem para a parte interior do anel. A construo perifrica dividida em celas, cada uma ocupando toda a largura da construo. Estas celas tm duas janelas: uma abrindo-se para o interior, correspondendo s janelas da torre; outra, dando para o exterior, permite que a luz atravesse a cela de um lado a outro. Basta ento colocar um vigia na torre central e em cada cela trancafiar um louco, um doente, um condenado, um operrio ou um estudante. Devido ao efeito de contraluz, pode-se perceber da torre, recortando-se na luminosidade, as pequenas silhuetas prisioneiras nas celas da periferia. Em suma, inverte-se o princpio da masmorra; a luz e o olhar de um vigia captam melhor que o escuro que, no fundo, protegia. [] As mudanas econmicas do sculo XVIII tornaram necessrio fazer circular os efeitos do poder por canais cada vez mais sutis, chegando at os prprios indivduos, seus corpos, seus gestos, cada um de seus desempenhos cotidianos. Que o poder, mesmo tendo uma multiplicidade de homens a gerir, seja to eficaz quanto se ele se exercesse sobre um s. [] Bentham [] coloca o problema da visibilidade, mas pensando em uma visibilidade organizada inteiramente em torno de um olhar dominador e vigilante. Ele faz funcionar o projeto de uma visibilidade universal, que agiria em proveito de um poder rigoroso e meticuloso. (Michel Foucault. Microfsica do poder, 1979.) O projeto do panptico de Bentham associou-se, na origem,
(UNESP 2021 - 2 fase) As revolues inglesas do sculo XVII so consideradas, por alguns historiadores, as primeiras revolues burguesas, pois
(UNESP 2021 - 2 fase) A glorificao da guerra e do herosmo j era tema constante na literatura nacionalista []; os escritores nazistas s vieram repetir os clichs j surrados de exaltao dos valores militares, do sacrifcio, da fora da guerra como fator de soerguimento do orgulho nacional. [] Para o nazismo, a guerra era o cume de uma deciso de cuja verdade no se poderia escapar. Sabiam que tudo estava sendo jogado nela. (Alcir Lenharo. Nazismo: o triunfo da vontade, 1986.) No contexto histrico descrito,
(UNESP 2021 - 2 fase) Observe a charge de Ziraldo, originalmente publicada em 1968. (Renato Lemos (org.) Uma histria do Brasil atravs da caricatura: 1840-2006, 2006.) O dilogo entre o elefante e as cobras, associado decretao do Ato Institucional nmero 5, sugere
(UNESP - 2021 - 1 FASE) A expanso romana pelo mar Mediterrneo pode ser considerada um exemplo de globalizao em sociedades pr-modernas, pois envolveu
(UNESP - 2021- 1 fase - DIA 2) Leia o texto para responder s questes 31 e 32. Entende-se hoje que a civilizao medieval, apesar de limitada segundo os padres atuais, dava ao homem um sentido de vida. Ele se via desempenhando um papel, por menor que fosse, de alcance amplo, importante para o equilbrio do Universo. No sofria, portanto, com o sentimento de substituibilidade que atormenta o homem contemporneo. O medievo se sentia impotente diante da natureza, mas convivia bem com ela. O ocidental de hoje se sente a ponto de dominar a natureza, por isso se exclui dela. (Hilrio Franco Jnior. A Idade Mdia: nascimento do Ocidente, 1988.) O papel de alcance amplo, importante para o equilbrio, representado pelas pessoas que viviam na Idade Mdia, pode ser associado, entre outros fatores,
(UNESP - 2021- 1 fase - DIA 2) Leia o texto para responder s questes31e32. Entende-se hoje que a civilizao medieval, apesar de limitada segundo os padres atuais, dava ao homem um sentido de vida. Ele se via desempenhando um papel, por menor que fosse, de alcance amplo, importante para o equilbrio do Universo. No sofria, portanto, com o sentimento de substituibilidade que atormenta o homem contemporneo. O medievo se sentia impotente diante da natureza, mas convivia bem com ela. O ocidental de hoje se sente a ponto de dominar a natureza, por isso se exclui dela. (Hilrio Franco Jnior.A Idade Mdia: nascimento do Ocidente, 1988.) A afirmao do texto de que, diferentemente do medieval, o homem contemporneo se sente a ponto de dominar a natureza, por isso se exclui dela pode ser justificada pela