(UNICAMP - 2004 - 2 fase - Questo 1) Em matria recentemente publicada no Caderno Sinapse da Folha de S. Paulo, apresentada uma definio de media training: ensinar profissionais a lidarem com a imprensa e se sarem bem nas entrevistas. Na parte final da reportagem, o jornalista faz a seguinte ressalva: O media training no se restringe a corporaes. A Universidade X distribui para seus profissionais uma cartilha com dicas para que professores e mdicos possam ter um bom relacionamento com a imprensa. Ironicamente intitulado de Corra que a Imprensa vem a, o manual aponta gafes cometidas e d dicas sobre a melhor forma de atender um reprter. (Adaptado de Vincius Queiroz Galvo, Treinamento antigafe, Caderno Sinapse, 30/09/2003, p. 32). a) No trecho acima, as aspas so utilizadas em dois momentos diferentes. Transcreva as passagens entre aspas e explique seu uso em cada uma delas. b) Podemos relacionar o ttulo da cartilha com o ttulo em portugus da conhecida comdia norte-americana Corra que a polcia vem a, que trata de um inspetor de polcia atrapalhado. Explicite os sentidos da palavra correr nos ttulos do filme e do manual.
(UNICAMP - 2004 - 2 fase - Questo 2) Em sua coluna na Folha Ilustrada, Mnica Bergamo comenta sobre o curta-metragem previsto para ser lanado em novembro de 2003 Um Caff com o Micio. Transcrevemos parte da coluna a seguir: (...) Quando ouvia a trilha sonora do curta Um Caff com o Micio, que Carlos Adriano finaliza sobre o caricaturista, colecionador de discos e estudioso Micio Caff (1920-2003), Caetano Veloso se encantou por uma msica especfica. Era a desconhecida marchinha A Voz do Povo, de Malfitano e Frazo, que Orlando Silva gravou em 1940, cuja letra diz que raiva danada que eu tenho do povo, que no me deixa ser original. um manifesto, como sua obra, disse o msico baiano ao cineasta paulistano. (Adaptado de Mnica Bergamo, Folha de S. Paulo, 11/10/2003, p. E2). a) Explique o ttulo do curta-metragem. b) Identifique pelo menos duas possibilidades de leitura de sua obra e justifique cada uma delas. c) As trs ocorrncias da partcula que destacadas em negrito estabelecem relaes de natureza lingstica diversa. Explicite-as. d) Os dois trechos sublinhados retomam elementos anteriormente apresentados no texto de maneira diferente dos recursos analisados nos itens b e c. Como funciona esse processo de retomada?
(UNICAMP - 2004 - 2 fase - Questo 3) Folha de S. Paulo, 8/10/2003, p. F8. Jogos de imagens e palavras so caractersticos da linguagem de histria em quadrinhos. Alguns desses jogos podem remeter a domnios especficos da linguagem a que temos acesso em nosso cotidiano, tais como a linguagem dos mdicos, a linguagem dos economistas, a linguagem dos locutores de futebol, a linguagem dos surfistas, dentre outras. o que ocorre na tira de Laerte, acima apresentada. a) Transcreva as passagens da tira que remetem a domnios especficos e explicite que domnios so esses. b) Levando em considerao as relaes entre imagens e palavras, identifique um momento de humor na tira e explique como produzido
(UNICAMP - 2004 - 2 fase - Questo 4) Em setembro de 2003, uma universidade brasileira veiculou um convite-propaganda para a palestra Desenvolvimento da sade e seus principais problemas, que seria proferida por Jos Serra, ex-ministro da sade. Do convite-propaganda fazia parte uma foto de Jos Serra sobre a qual foi colocada uma tarja branca com o seguinte enunciado: A Universidade X ADVERTE: ESSA PALESTRA FAZ BEM SADE a) Esse enunciado faz aluso a um outro. Qual? b) Compare os dois enunciados. c) O convite-propaganda situa a Universidade X em um lugar de autoridade. Explique como isso acontece.
(UNICAMP - 2004 - 2 fase - Questo 5) Em 28/11/2003, quando muito se noticiava sobre a reforma ministerial, a Folha de S. Paulo publicou uma matria intitulada Lula sugere que Walfrido e Agnelo ficam.. Considerando as relaes entre as palavras que compem o ttulo da matria, justifique o uso do verbo ficar no presente do indicativo.
(UNICAMP - 2004 - 2 fase - Questo 6) Por ocasio da comemorao do dia dos professores, no ms de outubro de 2003, foi veiculada a seguinte propaganda, assinada por uma grande corporao de ensino: a) Observe os itens 1 e 2 do verbete Parabns no interior do quadro. H diferenas entre eles. Aponte-as. b) Levando em conta o enunciado que est abaixo do quadro, a quem se dirige essa propaganda? c) Diferentes imagens da educao escolar sustentam essa propaganda. Indique pelo menos duas dessas imagens.
(UNICAMP - 2004 - 2 fase - Questo 7) Leia a seguinte passagem da pea O demnio familiar (ato II, cena IV), que estreou em 1857. EDUARDO E que lucras tu com isto! Sou to pobre que te falte aquilo de que precisas? No te trato mais como amigo do que como escravo? PEDRO Oh! Trata muito bem, mas Pedro queria que senhor tivesse muito dinheiro e comprasse carro bem bonito para... EDUARDO Para... Dize! PEDRO Para Pedro ser cocheiro de senhor! EDUARDO Ento a razo nica de tudo isto o desejo que tens de ser cocheiro? PEDRO Sim, senhor. (Jos de Alencar, Obras Completas. v. IV, Rio de Janeiro: Aguilar, 1960, p. 100). a) A que acontecimentos se refere Eduardo com a expresso tudo isto? b) Qual a relao entre esses acontecimentos e o ttulo da pea? c) Na passagem citada acima, Eduardo pergunta a Pedro: No te trato mais como amigo do que como escravo? No final da pea lhe diz: Toma: a tua carta de liberdade, ela ser a tua punio de hoje em diante (...). Que contradies as falas de Eduardo revelam a respeito da abolio?
(UNICAMP - 2004 - 2 fase - Questo 8) Considere a seguinte passagem, que se encontra em um dos ltimos captulos do romance A Brasileira de Prazins: So impenetrveis os segredos revelados no tribunal da penitncia por Marta ao seu diretor espiritual. O padre Osrio, no obstante, suspeitava que a penitente revelasse, com escrupulosa conscincia, solicitada por midas averiguaes do missionrio, saudades, reminiscncias sensualistas, carnalidades que se lhe formalizavam no esprito dementado, enfim, vises e sonhos com Jos Dias. (Camilo Castelo Branco, A Brasileira de Prazins. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995). a) Por que Marta fica conhecida como a senhora Brasileira de Prazins? b) Qual a relao entre Marta e Jos Dias quando ela se confessa ao missionrio? c) Padre Osrio e Frei Joo, o missionrio confessor, tinham explicaes diferentes para o fato de Marta ter um esprito dementado. Quais so elas e o que indicam sobre o pensamento da poca?
(UNICAMP - 2004 - 2 fase - Questo 9) O poema abaixo pertence ao Cancioneiro de Fernando Pessoa. 1 Ah, quanta vez, na hora suave 2 Em que me esqueo, 3 Vejo passar um vo de ave 4 E me entristeo! 5 Por que ligeiro, leve, certo 6 No ar de amavio? 7 Por que vai sob o cu aberto 8 Sem um desvio? 9 Por que ter asas simboliza 10 A liberdade 11 Que a vida nega e a alma precisa? 12 Sei que me invade 13 Um horror de me ter que cobre 14 Como uma cheia 15 Meu corao, e entorna sobre 16 Minhalma alheia 17 Um desejo, no de ser ave, 18 Mas de poder 19 Ter no sei qu do vo suave 20 Dentro em meu ser. Amavio: feitio, encanto (Fernando Pessoa, Obra Potica. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995, p.138). a) Identifique o recurso lingstico que representa a ave tanto no plano sonoro quanto no imagtico. b) Que relao o eu lrico estabelece entre a tristeza e a liberdade? c) Interprete o fato de que as trs interrogaes (do verso 5 ao 11) so respondidas, a partir do verso 12, em uma nica e longa frase.
(UNICAMP - 2004 - 2 fase - Questo 10) Considera-se a estria da pea Vestido de noiva (1943), de Nelson Rodrigues, um marco na renovao do teatro brasileiro. a) Cite a principal novidade estrutural da pea e comente. b) Por que no encerramento da pea uma rubrica indica que a Marcha Nupcial e a Marcha Fnebre devem ser executadas simultaneamente?
(UNICAMP - 2004 - 2 fase - Questo 11) Leia a seguinte passagem do Conto de escola, de Machado de Assis. (...) E l fora, no cu azul, por cima do morro, o mesmo eterno papagaio, guinando a um lado e outro, como se me chamasse a ir ter com ele. Imaginei-me ali, com os livros e a pedra embaixo da mangueira, e a pratinha no bolso das calas, que eu no daria a ningum, nem que me serrassem; guard-la-ia em casa, dizendo a mame que a tinha achado na rua. Para que me no fugisse, iaa apalpando, roando-lhe os dedos pelo cunho, quase lendo pelo tacto a inscrio, com uma grande vontade de espi-la. (Machado de Assis, Vrias histrias. Obra completa, v. II. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1979, p. 552-553). a) Como o narrador personagem conseguiu a pratinha que estava em seu bolso? b) Qual o destino final da pratinha? c) Nessa passagem, h uma oposio entre o espao da rua (L fora, no cu azul) e o espao em que acontece a ao, oposio que tambm comparece no incio e no final do conto. Em que medida tal oposio contribui para caracterizar a personagem que narra?
(UNICAMP - 2004 - 2 fase - Questo 12) Considere o seguinte poema de Hilda Hilst: Passar Tem passado Passa com a sua fina faca. Tem nome de ningum. No faz rudo. No fala. Mas passa com a sua fina faca. Fecha feridas, ungento. Mas pode abrir a tua mgoa Com a sua fina faca. Estanca ventura e voz Silncio e desventura. Imvel Garrote Algoz No corpo da tua gua passar Tem passado Passa com a sua fina faca. (Hilda Hilst, Da morte. Odes mnimas. So Paulo: Globo, 2003, p. 72). a) Tendo em vista que esse poema faz parte de uma srie intitulada Tempo-morte, indique de que maneira a primeira estrofe exprime certo sentido de absoluto associado ao ttulo. b) Nesse poema h pronomes de segunda e terceira pessoas. Transcreva uma estrofe em que constem ambas as pessoas pronominais e diga a que se referem.