(UNICAMP - 2021 - 1 fase) Esses artifcios de montagem, mixagem e scratching do ao rap uma variedade de formas de apropriao que parecem to volveis e imaginativas quanto as das artes maiores como, digamos, as exemplificadas na Mona Lisa de bigode de Duchamp e nas mltiplas reduplicaes de imagens comerciais pr-fabricadas de Andy Warhol. O rap tambm apresenta uma variedade de contedos. No apenas utiliza trechos de canes populares, como tambm absorve ecleticamente elementos da msica clssica, de apresentaes de TV, de jingles de publicidade e da msica eletrnica de videogames. Ele se apropria at mesmo de contedos no musicais, como reportagens de jornais na TV e fragmentos de discursos de Malcom X e Martin Luther King. (Richard Shusterman, Vivendo a arte. So Paulo: Editora 34, 1998, p.149.) (Marcel Duchamp, Mona Lisa de Bigode, 1919.) A emergncia e a consolidao do rap como linguagem artstica foram cercadas de polmicas de natureza tica, poltica e cultural. Com base no excerto acima e no quadro de Marcel Duchamp, assinale a alternativa correta.
(UNICAMP - 2021 - 1 FASE - 2 dia de aplicao) GNESIS (INTRO) Deus fez o mar, as rvore, as criana, o amor O homem me deu a favela, o crack, a trairagem As arma, as bebida, as puta Eu? Eu tenho uma Bblia velha, uma pistola automtica Um sentimento de revolta Eu t tentando sobreviver no inferno (Racionais Mcs, Sobrevivendo no inferno. So Paulo: Companhia das Letras, 2018, p. 45.) Gnesis a segunda cano do lbum Sobrevivendo no Inferno. antecedida pela invocao de uma outra cano, intitulada Jorge da Capadcia, de Jorge Ben. correto afirmar que as evocaes dos elementos religiosos nesse lbum
(UNICAMP - 2021 - 2FASE) preciso tambm que nos questionemos sobre a finalidade ltima das obras que julgamos dignas de seremestudadas. Em regra geral, o leitor no profissional, tanto hoje quanto ontem, l essas obras para encontrar umsentido que lhe permita compreender melhor o homem e o mundo, para nelas descobrir uma beleza queenriquea sua existncia; ao faz-lo, ele compreende melhor a si mesmo. (Adaptado de T. Todorov, A literatura em perigo. So Paulo: Difel, 2009, p. 32-33.) FRMULA MGICA DA PAZ Essa porra um campo minado Quantas vezes eu pensei em me jogar daqui? Mas, a, minha rea tudo o que eu tenho A minha vida aqui e eu no consigo sair muito fcil fugir, mas eu no vou No vou trair quem eu fui, quem eu sou Eu gosto de onde eu t e de onde eu vim O ensinamento da favela foi muito bom para mim (...) A gente vive se matando, irmo, por qu? No me olhe assim, eu sou igual a voc Descanse o seu gatilho, descanse o seu gatilho Entre no trem da malandragem, meu rap o trilho (Racionais Mcs, Sobrevivendo no inferno. So Paulo: Companhia das Letras, 2018, p. 121 e 129.) a) Identifique, nos versos transcritos acima, uma expresso que se ope ao ttulo da cano e uma outra que oconfirma. Explique o ttulo da cano considerando o ltimo verso. b) Com base no trecho de Todorov e no excerto da cano, formule dois argumentos (um tico e um esttico)que justifiquem o estudo do rap.
(UNICAMP - 2021 - 1 fase) Certas imagens literrias podem tornar-se nucleares para uma cultura. Assim, por exemplo, a figura do marinheiro em Portugal. Ela adquire significados diferentes em perodos histricos distintos, mas conserva um elemento permanente. A semelhana entre a imagem do marinheiro em Cames e em Fernando Pessoa reside
(UNICAMP - 2021 - 1 FASE - 2 dia de aplicao) Tradicionalmente, o palco pode apresentar uma variedade de estilos cnicos, entre os quais se destacam o estilo realista (pe em evidncia detalhes ambientais para sugerir sensaes e emoes vividas pelas personagens), o estilo expressionista (os objetos so distorcidos ou estilizados, com o fim de sugerir, mais que mostrar, o ambiente de atuao das personagens), o estilo simbolista (os objetos concretos sugerem ideias abstratas, segundo associaes sinestticas tradicionais: o verde, vestido pelos mgicos, indica a esperana; o vermelho, a cor do demnio, sugere uma paixo violenta; a veste branca simboliza a candura, a castidade). (Adaptado de Salvatore DOnofrio, Teoria do texto 2: Teoria da lrica e do drama. So Paulo: tica, 1995, p. 138.) Sem identidade, hierarquias no cho, estilos misturados, a ps-modernidade isto e aquilo, num presente aberto pelo e. (Jair Ferreira dos Santos, O que o ps-moderno. So Paulo: Brasiliense, 2004, p. 110.) Com base nas indicaes cnicas (as didasclias) que abrem e fecham a pea O marinheiro, de Fernando Pessoa, correto afirmar que o seu estilo
(UNICAMP - 2021 - 2 Fase) Perorao, do latim perorātio, peroratiōnis, de perorāre, significa concluir, arrematar, acabar. Corresponde parte final do sermo, caracterizada geralmente pela recapitulao, pela amplificao de uma ideia e pela comoo do auditrio. Sua finalidade ltima comover e mover os ouvintes, isto , emocionar e mover o nimo do pblico para a ao. (Adaptado de Flvio Antnio Fernandes Reis, Perorao. Disponvel em www.edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/peroracao. Acessado em 06/10/2020.) Mortos, mortos, desenganai estes vivos! Dizei-nos que pensamentos e que sentimentos foram os vossos, quando entrastes e sastes pelas portas da morte. (...) Entre essas duas portas se acha subitamente o homem no momento da morte, sem poder tornar atrs, nem parar, nem fugir, nem dilatar, seno entrar para onde no sabe, e para sempre. Oh que transe to apertado! Oh que passo to estreito! Oh que momento to terrvel! (Antonio Vieira, Sermo de 1672. Sermes de Quarta-feira de Cinza. A arte de morrer: So Paulo: Nova Alexandria,1994, p. 65.) a) Identifique e explique as duas estratgias retricas utilizadas por Vieira ao encaminhar-se para a concluso do Sermo de 1672. b) Com que sentimentos o pregador busca sensibilizar os ouvintes? Que ao procura estimular nos cristos?
(UNICAMP - 2021 - 1 fase) Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Muda-se o ser, muda-se a confiana: Todo o mundo composto de mudana, Tomando sempre novas qualidades. Continuamente vemos novidades, Diferentes em tudo da esperana: Do mal ficam as mgoas na lembrana, E do bem (se algum houve) as saudades. O tempo cobre o cho de verde manto, Que j coberto foi de neve fria, E em mim converte em choro o doce canto. E afora este mudar-se cada dia, Outra mudana faz de mor espanto, Que no se muda j como soa*. (Lus Vaz de Cames) *soa: terceira pessoa do pretrito imperfeito do indicativo do verbo soer (costumar, ser de costume). (Lus de Cames, 20 sonetos. Campinas: Editora da Unicamp, p.91.) Indique a afirmao que se aplica ao soneto escrito por Cames.
(UNICAMP - 2021 - 1 FASE - 2 dia de aplicao) Leia o poema e responda questo que se segue. A fermosura desta fresca serra e a sombra dos verdes castanheiros, o manso caminhar destes ribeiros, donde toda a tristeza se desterra; o rouco som do mar, a estranha terra, o esconder do Sol pelos outeiros, o recolher dos gados derradeiros, das nuvens pelo ar a branda guerra; enfim, tudo o que a rara natureza com tanta variedade nos oferece, se est, se no te vejo, magoando. Sem ti, tudo me enoja e me aborrece; sem ti, perpetuamente estou passando, nas mores alegrias, mor tristeza. correto afirmar que, no soneto de Cames,
(UNICAMP - 2021 - 2 Fase) A literatura deve, portanto, ser lida e estudada porque oferece um meio de preservar e transmitir a experincia dos outros, aqueles que esto distantes de ns no espao e no tempo, ou que diferem de ns por suas condies de vida. Ela nos torna sensveis ao fato de que os outros so muito diversos e que seus valores se distanciam dos nossos. (Antoine Compagnon, Literatura para qu? Belo Horizonte: Editora UFMG, 2009, p. 46-47.) E tudo dela repugnava a Ruth: a estupidez, a humildade, a cor, a forma, o cheiro; mas percebera que tambm ali havia uma alma e sofrimento, e ento, com lgrimas nos olhos, perguntava a Deus, ao grande Pai misericordioso, por que a criara, a ela, to branca e to bonita, e fizera com o mesmo sopro aquela carne de trevas, aquele corpo feio da Sancha imunda? Que reparasse aquela injustia tremenda e alegrasse em felicidade perfeita o corao da negra. ─ Sim, o corao dela deve ser da mesma cor que o meu, cismava Ruth, confusa, com os olhos no altar. (Jlia Lopes de Almeida, A falncia. Campinas: Editora da Unicamp, 2018, p. 235.) a) Indique duas palavras do texto de A falncia que marcam a tenso entre matria e esprito. Explique como essa tenso vivida pela personagem. b) Relacione as duas ltimas frases da passagem do romance com as reflexes de Compagnon, considerando as condies de trabalho na sociedade brasileira ao final do sculo XIX.
(UNICAMP - 2021 - 1 fase) No conto O espelho, de Machado de Assis, uma personagem assume a palavra e narra uma histria. Assinale a alternativa que explicita sua interlocuo com os cavalheiros presentes.
(UNICAMP - 2021 - 1 FASE - 2 dia de aplicao) O conto O espelho, de Machado de Assis, apresenta o esboo de uma teoria sobre a alma humana. A tese apresentada defende a existncia de duas almas (interior e exterior), que completam o homem. Contudo, o narrador faz uma distino entre as almas que mudam de natureza e estado e aquelas que so enrgicas. Escolha a alternativa que ilustra, no conto, a mutabilidade da alma exterior.
(UNICAMP - 2021 - 2 Fase) Leia a definio abaixo e a transcrio de parte do vdeo feito por Regina Cas e a filha Benedita no dia do surdo. Essa aqui a Benedita, minha filha. Ela tem uma perda auditiva severa. Ela teve essa perda quando era muito bebezinha. Desde ento, eu vi que as pessoas tm muita dificuldade de se comunicar com ela. Ficam agoniadas quando percebem que ela no escuta ou que ela usa aparelho. Ento, ns duas resolvemos ajudar um pouquinho, com nossa experincia, nessa comunicao com situaes do dia a dia. Por exemplo: no d para falar de costas para a pessoa, porque muitas vezes ela depende da leitura labial para entender. Outro exemplo: no precisa gritar porque volume (alto-baixo) uma coisa completamente diferente de frequncia (agudograve). Outra coisa que acontece direto: em vez de falarem com a pessoa surda, perguntam para a pessoa que est do lado. E para terminar, uma loucura quando algum fala: `Nossa, mas ela to linda! Ningum diz que ela surda. Procure saber o que capacitismo e daqui para frente seja anticapacitista! Ela linda. E surda! (Adaptado de Regina Cas. Disponvel em https://www.instagram.com/ tv/CFmrEqylXpI/?utm_source=ig_embed.) a) Considerando as noes de capacitismo e anticapacitismo, explique o uso de mas e de e nas frases Nossa, mas ela to linda! Ela linda. E surda!. b) Apontando as dificuldades de comunicao com uma pessoa surda, Regina Cas observa que uma situao frequente o interlocutor dirigir-se a quem est ao lado da pessoa. Nesse caso, trata-se de uma atitude capacitista ou anticapacitista? Explique.
(UNICAMP - 2021 - 1 fase) Era Noca, que vinha toda alterada. ─ Nossa Senhora! Quebrou-se o espelho grande do salo! ─ Quem foi que o quebrou? Perguntou Nina, para dizer alguma coisa. ─ Ningum sabe. Veja s, que desgraa estar para acontecer! Espelho quebrado: morte ou runa. ─ Morte! Se fosse a minha... (Jlia Lopes de Almeida, A Falncia. Campinas: Editora da Unicamp, 2018, p. 257.) O dilogo apresenta a reao das personagens femininas ao incidente domstico com o objeto de decorao no palacete de Botafogo. Assinale a alternativa que justifica a fala final de Nina.
(UNICAMP - 2021 - 1 FASE - 2 dia de aplicao) O vento da vida, por mais que cresa, nunca pode chegar a ser bonana; o vento da fortuna pode chegar a ser tempestade, e to grande tempestade, que se afogue nela o mesmo vento da vida. (Antnio Vieira, Sermo de quarta-feira de cinza do ano de 1672, em A Arte de Morrer. So Paulo: Nova Alexandria, 1994, p. 56.) No sermo proferido na Igreja de Santo Antnio dos Portugueses, em Roma, Vieira recorre a uma metfora para chamar a ateno dos fiis sobre a morte. Assinale a alternativa que expressa a mensagem veiculada pela imagem do vento.
(UNICAMP - 2021 - 1 fase - 2 dia de aplicao) Reputao! Ora, mame, e a senhora quem me fala nisso! Camila estacou, sem atinar com a resposta, compreendendo o alcance das palavras do filho. A surpresa paralisou-lhe a lngua; o sangue arrefeceu-selhe nas veias; mas, de repente, a reao sacudiu-a e ento, num desatino, ferida no corao, ela achou para o Mrio admoestaes mais speras. Percebeu que a lngua mais dizia que a sua vontade; mas no poderia cont-la. A dor atirava-a para diante, contra aquele filho, at ento poupado. (Jlia Lopes de Almeida, A falncia. Campinas: Editora da Unicamp, 2018, p. 123.) A passagem apresenta a reao de Camila s palavras de seu filho. Assinale a alternativa que explica corretamente o comentrio de Mrio.