(Unifesp 2007) Leia versos da primeira e da quarta estrofe de poema de Hilda Hilst, publicados no livro "Do desejo" em 1992.
I Porque há desejo em mim, é tudo cintilância. Antes, o cotidiano era um pensar alturas Buscando Aquele Outro decantado Surdo à minha humana ladradura. Visgo e suor, pois nunca se faziam. Hoje, de carne e osso, laborioso, lascivo Tomas-me o corpo. E que descanso me dás Depois das lidas. Sonhei penhascos Quando havia o jardim aqui ao lado. Pensei subidas onde não havia rastros.
IV ... Por que não posso Pontilhar de inocência e poesia Ossos, sangue, carne, o agora E tudo isso em nós que se fará disforme?
No texto "Os jovens e os dilemas da sexualidade", afirma-se que "a sexualidade tem sido discutida de forma mais 'aberta', nos discursos pessoais, nos meios de comunicação, na literatura e artes". Comparando os trechos do poema de Hilda Hilst àquele texto, é correto afirmar que seus versos
a) se apresentam numa linguagem pouco acessível ao leitor comum, negando a ideia de que a sexualidade, na literatura, é tratada de forma mais aberta.
b) degradam a literatura, banalizando, como se propõe no texto, temas universais ligados à sexualidade.
c) confirmam as informações do texto, pois trazem, de forma menos idealizada, o sexo à poesia, elaborando-a numa linguagem mais erotizada.
d) concebem o sexo de forma bastante diferente da apontada no texto, pois a sexualidade é sublimada e idealizada.
e) comprovam a ideia exposta no texto de haver muita repressão e preconceito, mas não a de ser discutida de forma mais aberta.