(UNIFESP - 2018) Leia um trecho do artigo Reflexes sobre o tempo e a origem do Universo, do fsico brasileiro Marcelo Gleiser, para responder (s) questo(es). Qualquer discusso sobre o tempo deve comear com uma anlise de sua estrutura, que, por falta de melhor expresso, devemos chamar de temporal. comum dividirmos o tempo em passado, presente e futuro. O passado o que vem antes do presente e o futuro o que vem depois. J o presente o agora, o instante atual. Isso tudo parece bastante bvio, mas no . Para definirmos passado e futuro, precisamos definir o presente. Mas, segundo nossa separao estrutural, o presente no pode ter durao no tempo, pois nesse caso poderamos definir um perodo no seu passado e no seu futuro. Portanto, para sermos coerentes em nossas definies, o presente no pode ter durao no tempo. Ou seja, o presente no existe! A discusso acima nos leva a outra questo, a da origem do tempo. Se o tempo teve uma origem, ento existiu um momento no passado em que ele passou a existir. Segundo nossas modernas teorias cosmognicas, que visam explicar a origem do Universo, esse momento especial o momento da origem do Universo clssico. A expresso clssico usada em contraste com quntico, a rea da fsica que lida com fenmenos atmicos e subatmicos. [...] As descobertas de Einstein mudaram profundamente nossa concepo do tempo. Em sua teoria da relatividade geral, ele mostrou que a presena de massa (ou de energia) tambm influencia a passagem do tempo, embora esse efeito seja irrelevante em nosso dia a dia. O tempo relativstico adquire uma plasticidade definida pela realidade fsica sua volta. A coisa se complica quando usamos a relatividade geral para descrever a origem do Universo. (Folha de S.Paulo, 07.06.1998.) Em sua teoria da relatividade geral, ele mostrou que a presena de massa (ou de energia) tambm influencia a passagem do tempo, embora esse efeito seja irrelevante em nosso dia a dia. (4 pargrafo) Ao se converter o trecho destacado para a voz passiva, o verbo influencia assume a seguinte forma:
(UNIFESP/2018) Leia a crônica Premonitório, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), para responder à(s) questão(ões): Do fundo de Pernambuco, o pai mandou-lhe um telegrama: Não saia casa 3 outubro abraços. O rapaz releu, sob emoção grave. Ainda bem que o velho avisara: em cima da hora, mas avisara. Olhou a data: 28 de setembro. Puxa vida, telegrama com a nota de urgente, levar cinco dias de Garanhuns a Belo Horizonte! Só mesmo com uma revolução esse telégrafo endireita. E passado às sete da manhã, veja só; o pai nem tomara o mingau com broa, precipitara-se na agência para expedir a mensagem. Não havia tempo a perder. Marcara encontros para o dia seguinte, e precisava cancelar tudo, sem alarde, como se deve agir em tais ocasiões. Pegou o telefone, pediu linha, mas a voz de d. Anita não respondeu. Havia tempo que morava naquele hotel e jamais deixara de ouvir o pois não melodioso de d. Anita, durante o dia. A voz grossa, que resmungara qualquer coisa, não era de empregado da casa; insistira: como é?, e a ligação foi dificultosa, havia besouros na linha. Falou rapidamente a diversas pessoas, aludiu a uma ponte que talvez resistisse ainda uns dias, teve oportunidade de escandir as sílabas de arma virumque cano1, disse que achava pouco cem mil unidades, em tal emergência, e arrematou: Dia 4 nós conversamos. Vestiu-se, desceu. Na portaria, um sujeito de panamá bege, chapéu de aba larga e sapato de duas cores levantou-se e seguiu-o. Tomou um carro, o outro fez o mesmo. Desceu na praça da Liberdade e pôs-se a contemplar um ponto qualquer. Tirou do bolso um caderninho e anotou qualquer coisa. Aí, já havia dois sujeitos de panamá, aba larga e sapato bicolor, confabulando a pequena distância. Foi saindo de mansinho, mas os dois lhe seguiram na cola. Estava calmo, com o telegrama do pai dobrado na carteira, placidez satisfeita na alma. O pai avisara a tempo, tudo correria bem. Ia tomar a calçada quando a baioneta em riste advertiu: Passe de largo; a Delegacia Fiscal estava cercada de praças, havia armas cruzadas nos cantos. Nos Correios, a mesma coisa, também na Telefônica. Bondes passavam escoltados. Caminhões conduziam tropa, jipes chispavam. As manchetes dos jornais eram sombrias; pouca gente na rua. Céu escuro, abafado, chuva próxima. Pensando bem, o melhor era recolher-se ao hotel; não havia nada a fazer. Trancou-se no quarto, procurou ler, de vez em quando o telefone chamava: Desculpe, é engano, ou ficava mudo, sem desligar. Dizendo-se incomodado, jantou no quarto, e estranhou a camareira, que olhava para os móveis como se fossem bichos. Deliberou deitar-se, embora a noite apenas começasse. Releu o telegrama, apagou a luz. Acordou assustado, com golpes na porta. Cinco da manhã. Alguém o convidava a ir à Delegacia de Ordem Política e Social. Deve ser engano. Não é não, o chefe está à espera. Tão cedinho? Precisa ser hoje mesmo? Amanhã eu vou. É hoje e é já. Impossível. Pegaram-lhe dos braços e levaram-no sem polêmica. A cidade era uma praça de guerra, toda a polícia a postos. O senhor vai dizer a verdade bonitinho e logo disse-lhe o chefe. Que sabe a respeito do troço? Não se faça de bobo, o troço que vai estourar hoje. Vai estourar? Não sabia? E aquela ponte que o senhor ia dinamitar mas era difícil? Doutor, eu falei a meu dentista, é um trabalho de prótese que anda abalado. Quer ver? Eu tiro. Não, mas e aquela frase em código muito vagabundo, com palavras que todo mundo manja logo, como arma e cano? Sou professor de latim, e corrigi a epígrafe de um trabalho. Latim, hem? E a conversa sobre os cem mil homens que davam para vencer? São unidades de penicilina que um colega tomou para uma infecção no ouvido. E os cálculos que o senhor fazia diante do palácio? Emudeceu. Diga, vamos! Desculpe, eram uns versinhos, estão aqui no bolso. O senhor é esperto, mas saia desta. Vê este telegrama? É cópia do que o senhor recebeu de Pernambuco. Ainda tem coragem de negar que está alheio ao golpe? Ah, então é por isso que o telegrama custou tanto a chegar? Mais custou ao país, gritou o chefe. Sabe que por causa dele as Forças Armadas ficaram de prontidão, e que isso custa cinco mil contos? Diga depressa. Mas, doutor Foi levado para outra sala, onde ficou horas. O que aconteceu, Deus sabe. Afinal, exausto, confessou: O senhor entende conversa de pai pra filho? Papai costuma ter sonhos premonitórios, e toda a família acredita neles. Sonhou que me aconteceria uma coisa no dia 3, se eu saísse de casa, e telegrafou prevenindo. Juro! Dia 4, sem golpe nenhum, foi mandado em paz. O sonho se confirmara: realmente, não devia ter saído de casa. (70 historinhas, 2016.) 1arma virumque cano: canto as armas e o varão (palavras iniciais da epopeia Eneida, do escritor Vergílio, referentes ao herói Eneias). Falou rapidamente a diversas pessoas, aludiu a uma ponte que talvez resistisse ainda uns dias, teve oportunidade de escandir as sílabas de arma virumque cano (3 parágrafo) Os termos em destaque constituem, respectivamente,
(UNIFESP/2018) Para responder à(s) questão(ões), leia o trecho do livro Abolição, da historiadora brasileira Emília Viotti da Costa. Durante três séculos (do século XVI ao XVIII) a escravidão foi praticada e aceita sem que as classes dominantes questionassem a legitimidade do cativeiro. Muitos chegavam a justificar a escravidão, argumentando que graças a ela os negros eram retirados da ignorância em que viviam e convertidos ao cristianismo. A conversão libertava os negros do pecado e lhes abria a porta da salvação eterna. Dessa forma, a escravidão podia até ser considerada um benefício para o negro! Para nós, esses argumentos podem parecer cínicos, mas, naquela época, tinham poder de persuasão. A ordem social era considerada expressão dos desígnios da Providência Divina e, portanto, não era questionada. Acreditava-se que era a vontade de Deus que alguns nascessem nobres, outros, vilões, uns, ricos, outros, pobres, uns, livres, outros, escravos. De acordo com essa teoria, não cabia aos homens modificar a ordem social. Assim, justificada pela religião e sancionada pela Igreja e pelo Estado representantes de Deus na Terra , a escravidão não era questionada. A Igreja limitava-se a recomendar paciência aos escravos e benevolência aos senhores. Não é difícil imaginar os efeitos dessas ideias. Elas permitiam às classes dominantes escravizar os negros sem problemas de consciência. Os poucos indivíduos que no Período Colonial, fugindo à regra, questionaram o tráfico de escravos e lançaram dúvidas sobre a legitimidade da escravidão, foram expulsos da Colônia e o tráfico de escravos continuou sem impedimentos. Apenas os próprios escravos questionavam a legitimidade da instituição, manifestando seu protesto por meio de fugas e insurreições. Encontravam, no entanto, pouca simpatia por parte dos homens livres e enfrentavam violenta repressão. (A abolição, 2010.) De acordo com essa teoria, não cabia aos homens modificar a ordem social. (1 parágrafo) O trecho destacado exerce a função sintática de
Leia a crônica Premonitório, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), para responder à(s) questão(ões): Do fundo de Pernambuco, o pai mandou-lhe um telegrama: Não saia casa 3 outubro abraços. O rapaz releu, sob emoção grave. Ainda bem que o velho avisara: em cima da hora, mas avisara. Olhou a data: 28 de setembro. Puxa vida, telegrama com a nota de urgente, levar cinco dias de Garanhuns a Belo Horizonte! Só mesmo com uma revolução esse telégrafo endireita. E passado às sete da manhã, veja só; o pai nem tomara o mingau com broa, precipitara-se na agência para expedir a mensagem. Não havia tempo a perder. Marcara encontros para o dia seguinte, e precisava cancelar tudo, sem alarde, como se deve agir em tais ocasiões. Pegou o telefone, pediu linha, mas a voz de d. Anita não respondeu. Havia tempo que morava naquele hotel e jamais deixara de ouvir o pois não melodioso de d. Anita, durante o dia. A voz grossa, que resmungara qualquer coisa, não era de empregado da casa; insistira: como é?, e a ligação foi dificultosa, havia besouros na linha. Falou rapidamente a diversas pessoas, aludiu a uma ponte que talvez resistisse ainda uns dias, teve oportunidade de escandir as sílabas de arma virumque cano1, disse que achava pouco cem mil unidades, em tal emergência, e arrematou: Dia 4 nós conversamos. Vestiu-se, desceu. Na portaria, um sujeito de panamá bege, chapéu de aba larga e sapato de duas cores levantou-se e seguiu-o. Tomou um carro, o outro fez o mesmo. Desceu na praça da Liberdade e pôs-se a contemplar um ponto qualquer. Tirou do bolso um caderninho e anotou qualquer coisa. Aí, já havia dois sujeitos de panamá, aba larga e sapato bicolor, confabulando a pequena distância. Foi saindo de mansinho, mas os dois lhe seguiram na cola. Estava calmo, com o telegrama do pai dobrado na carteira, placidez satisfeita na alma. O pai avisara a tempo, tudo correria bem. Ia tomar a calçada quando a baioneta em riste advertiu: Passe de largo; a Delegacia Fiscal estava cercada de praças, havia armas cruzadas nos cantos. Nos Correios, a mesma coisa, também na Telefônica. Bondes passavam escoltados. Caminhões conduziam tropa, jipes chispavam. As manchetes dos jornais eram sombrias; pouca gente na rua. Céu escuro, abafado, chuva próxima. Pensando bem, o melhor era recolher-se ao hotel; não havia nada a fazer. Trancou-se no quarto, procurou ler, de vez em quando o telefone chamava: Desculpe, é engano, ou ficava mudo, sem desligar. Dizendo-se incomodado, jantou no quarto, e estranhou a camareira, que olhava para os móveis como se fossem bichos. Deliberou deitar-se, embora a noite apenas começasse. Releu o telegrama, apagou a luz. Acordou assustado, com golpes na porta. Cinco da manhã. Alguém o convidava a ir à Delegacia de Ordem Política e Social. Deve ser engano. Não é não, o chefe está à espera. Tão cedinho? Precisa ser hoje mesmo? Amanhã eu vou. É hoje e é já. Impossível. Pegaram-lhe dos braços e levaram-no sem polêmica. A cidade era uma praça de guerra, toda a polícia a postos. O senhor vai dizer a verdade bonitinho e logo disse-lhe o chefe. Que sabe a respeito do troço? Não se faça de bobo, o troço que vai estourar hoje. Vai estourar? Não sabia? E aquela ponte que o senhor ia dinamitar mas era difícil? Doutor, eu falei a meu dentista, é um trabalho de prótese que anda abalado. Quer ver? Eu tiro. Não, mas e aquela frase em código muito vagabundo, com palavras que todo mundo manja logo, como arma e cano? Sou professor de latim, e corrigi a epígrafe de um trabalho. Latim, hem? E a conversa sobre os cem mil homens que davam para vencer? São unidades de penicilina que um colega tomou para uma infecção no ouvido. E os cálculos que o senhor fazia diante do palácio? Emudeceu. Diga, vamos! Desculpe, eram uns versinhos, estão aqui no bolso. O senhor é esperto, mas saia desta. Vê este telegrama? É cópia do que o senhor recebeu de Pernambuco. Ainda tem coragem de negar que está alheio ao golpe? Ah, então é por isso que o telegrama custou tanto a chegar? Mais custou ao país, gritou o chefe. Sabe que por causa dele as Forças Armadas ficaram de prontidão, e que isso custa cinco mil contos? Diga depressa. Mas, doutor Foi levado para outra sala, onde ficou horas. O que aconteceu, Deus sabe. Afinal, exausto, confessou: O senhor entende conversa de pai pra filho? Papai costuma ter sonhos premonitórios, e toda a família acredita neles. Sonhou que me aconteceria uma coisa no dia 3, se eu saísse de casa, e telegrafou prevenindo. Juro! Dia 4, sem golpe nenhum, foi mandado em paz. O sonho se confirmara: realmente, não devia ter saído de casa. (70 historinhas, 2016.) 1 arma virumque cano: canto as armas e o varão (palavras iniciais da epopeia Eneida, do escritor Vergílio, referentes ao herói Eneias). Deliberou deitar-se, embora a noite apenas começasse. (4 parágrafo) Em relação à oração anterior, a oração destacada exprime ideia de
(UNIFESP -2018) Nesta obra, eu quis estudar temperamentos e no caracteres. Escolhi personagens soberanamente dominadas pelos nervos e pelo sangue, desprovidas de livre-arbtrio, arrastadas a cada ato de suas vidas pelas fatalidades da prpria carne. Comea-se a compreender que o meu objetivo foi acima de tudo um objetivo cientfico. (mile Zola apud Alfredo Bosi. Histria concisa da literatura brasileira, 1994. Adaptado.) Depreendem-se dessas consideraes do escritor francs mile Zola, a respeito de uma de suas obras, preceitos que orientam a corrente literria
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Para responder à(s) questão(ões), leia o trecho do livro Abolição, da historiadora brasileira Emília Viotti da Costa. Durante três séculos (do século XVI ao XVIII) a escravidão foi praticada e aceita sem que as classes dominantes questionassem a legitimidade do cativeiro. Muitos chegavam a justificar a escravidão, argumentando que graças a ela os negros eram retirados da ignorância em que viviam e convertidos ao cristianismo. A conversão libertava os negros do pecado e lhes abria a porta da salvação eterna. Dessa forma, a escravidão podia até ser considerada um benefício para o negro! Para nós, esses argumentos podem parecer cínicos, mas, naquela época, tinham poder de persuasão. A ordem social era considerada expressão dos desígnios da Providência Divina e, portanto, não era questionada. Acreditava-se que era a vontade de Deus que alguns nascessem nobres, outros, vilões, uns, ricos, outros, pobres, uns, livres, outros, escravos. De acordo com essa teoria, não cabia aos homens modificar a ordem social. Assim, justificada pela religião e sancionada pela Igreja e pelo Estado representantes de Deus na Terra , a escravidão não era questionada. A Igreja limitava-se a recomendar paciência aos escravos e benevolência aos senhores. Não é difícil imaginar os efeitos dessas ideias. Elas permitiam às classes dominantes escravizar os negros sem problemas de consciência. Os poucos indivíduos que no Período Colonial, fugindo à regra, questionaram o tráfico de escravos e lançaram dúvidas sobre a legitimidade da escravidão, foram expulsos da Colônia e o tráfico de escravos continuou sem impedimentos. Apenas os próprios escravos questionavam a legitimidade da instituição, manifestando seu protesto por meio de fugas e insurreições. Encontravam, no entanto, pouca simpatia por parte dos homens livres e enfrentavam violenta repressão. (A abolição, 2010.) Acreditava-se que era a vontade de Deus que alguns nascessem nobres, outros, vilões, uns, ricos, outros, pobres, uns, livres, outros, escravos. (1 parágrafo) No contexto em que se insere, o termo vilão deve ser entendido na seguinte acepção:
(UNIFESP - 2018) Talvez o aspecto mais evidente da novidade retrica e formal na composio dessa obra seja justamente a metalinguagem ou a autorreflexividade da narrativa, quer dizer, o narrador explica constantemente para o leitor o andamento e o modo pelo qual vai contando suas histrias. Essa autorreflexividade tem um importante efeito de quebra da iluso realista, pois lembra sempre o leitor de que ele est lendo um livro e que este, embora narre a respeito da vida de personagens, apenas um livro, ou seja, um artifcio, um artefato inventado. Pode-se dizer tambm que a reflexo do narrador, alm de revelar a potica que preside a composio de sua narrativa, revela tambm a exigncia dessa potica de contar com um novo tipo de leitor: o narrador como que pretende um leitor participante, ativo e no passivo. (Valentim Facioli. Um defunto estrambtico, 2008. Adaptado.) Tal comentrio aplica-se obra
(UNIFESP - 2018) Leia um trecho do artigo Reflexes sobre o tempo e a origem do Universo, do fsico brasileiro Marcelo Gleiser, para responder (s) questo(es). Qualquer discusso sobre o tempo deve comear com uma anlise de sua estrutura, que, por falta de melhor expresso, devemos chamar de temporal. comum dividirmos o tempo em passado, presente e futuro. O passado o que vem antes do presente e o futuro o que vem depois. J o presente o agora, o instante atual. Isso tudo parece bastante bvio, mas no . Para definirmos passado e futuro, precisamos definir o presente. Mas, segundo nossa separao estrutural, o presente no pode ter durao no tempo, pois nesse caso poderamos definir um perodo no seu passado e no seu futuro. Portanto, para sermos coerentes em nossas definies, o presente no pode ter durao no tempo. Ou seja, o presente no existe! A discusso acima nos leva a outra questo, a da origem do tempo. Se o tempo teve uma origem, ento existiu um momento no passado em que ele passou a existir. Segundo nossas modernas teorias cosmognicas, que visam explicar a origem do Universo, esse momento especial o momento da origem do Universo clssico. A expresso clssico usada em contraste com quntico, a rea da fsica que lida com fenmenos atmicos e subatmicos. [...] As descobertas de Einstein mudaram profundamente nossa concepo do tempo. Em sua teoria da relatividade geral, ele mostrou que a presena de massa (ou de energia) tambm influencia a passagem do tempo, embora esse efeito seja irrelevante em nosso dia a dia. O tempo relativstico adquire uma plasticidade definida pela realidade fsica sua volta. A coisa se complica quando usamos a relatividade geral para descrever a origem do Universo. (Folha de S.Paulo, 07.06.1998.) Em [Einstein] mostrou que a presena de massa (ou de energia) tambm influencia a passagem do tempo, embora esse efeito seja irrelevante em nosso dia a dia. (4 pargrafo), a conjuno destacada pode ser substituda, sem prejuzo para o sentido do texto, por:
(UNIFESP - 2018) TEXTO PARA A PRXIMA QUESTO: Para responder (s) questo(es), leia o trecho da obra Os sertes, de Euclides da Cunha (1866 1909), em que se narram eventos referentes a uma das expedies militares enviadas pelo governo federal para combater Antnio Conselheiro e seus seguidores sediados em Canudos. Oitocentos homens desapareciam em fuga, abandonando as espingardas; arriando as padiolas, em que se estorciam feridos; jogando fora as peas de equipamento; desarmando-se; desapertando os cintures, para a carreira desafogada; e correndo, correndo ao acaso, correndo em grupos, em bandos erradios, correndo pelas estradas e pelas trilhas que as recortam, correndo para o recesso das caatingas, tontos, apavorados, sem chefes... Entre os fardos atirados beira do caminho ficara, logo ao desencadear-se o pnico tristssimo pormenor! o cadver do comandante. No o defenderam. No houve um breve simulacro de repulsa contra o inimigo, que no viam e adivinhavam no estrdulo dos gritos desafiadores e nos estampidos de um tiroteio irregular e escasso, como o de uma caada. Aos primeiros tiros os batalhes diluram-se. Apenas a artilharia, na extrema retaguarda, seguia vagarosa e unida, solene quase, na marcha habitual de uma revista, em que parava de quando em quando para varrer a disparos as macegas traioeiras; e prosseguindo depois, lentamente, rodando, inabordvel, terrvel... [...] Um a um tombavam os soldados da guarnio estoica. Feridos ou espantados os muares da trao empacavam; torciam de rumo; impossibilitavam a marcha. A bateria afinal parou. Os canhes, emperrados, imobilizaram-se numa volta do caminho... O coronel Tamarindo, que volvera retaguarda, agitando-se destemeroso e infatigvel entre os fugitivos, penitenciando-se heroicamente, na hora da catstrofe, da tibieza anterior, ao deparar com aquele quadro estupendo, procurou debalde socorrer os nicos soldados que tinham ido a Canudos. Neste pressuposto ordenou toques repetidos de meia-volta, alto!. As notas das cornetas, convulsivas, emitidas pelos corneteiros sem flego, vibraram inutilmente. Ou melhor aceleraram a fuga. Naquela desordem s havia uma determinao possvel: debandar!. Debalde alguns oficiais, indignados, engatilhavam revlveres ao peito dos foragidos. No havia cont-los. Passavam; corriam; corriam doudamente; corriam dos oficiais; corriam dos jagunos; e ao verem aqueles, que eram de preferncia alvejados pelos ltimos, carem malferidos, no se comoviam. O capito Vilarim batera-se valentemente quase s e ao baquear, morto, no encontrou entre os que comandava um brao que o sustivesse. Os prprios feridos e enfermos estropiados l se iam, cambeteando, arrastando-se penosamente, imprecando os companheiros mais geis... As notas das cornetas vibravam em cima desse tumulto, imperceptveis, inteis... Por fim cessaram. No tinham a quem chamar. A infantaria desaparecera... (Os sertes, 2016.) Em Um a um tombavam os soldados da guarnio estoica. (4 pargrafo), o termo destacado um
(UNIFESP - 2018) O Surrealismo buscou a comunicao com o irracional e o ilgico, deliberadamente desorientando e reorientando a conscincia por meio do inconsciente. Fiona Bradley. Surrealismo, 2001 Verifica-se a influncia do Surrealismo nos seguintes versos: