(UNIFESP - 2018)
Talvez o aspecto mais evidente da novidade retórica e formal na composição dessa obra seja justamente a metalinguagem ou a autorreflexividade da narrativa, quer dizer, o narrador “explica” constantemente para o leitor o andamento e o modo pelo qual vai contando suas histórias. Essa autorreflexividade tem um importante efeito de quebra da ilusão realista, pois lembra sempre o leitor de que ele está lendo um livro e que este, embora narre a respeito da vida de personagens, é apenas um livro, ou seja, um artifício, um artefato inventado.
Pode-se dizer também que a reflexão do narrador, além de revelar a poética que preside a composição de sua narrativa, revela também a exigência dessa poética de contar com um novo tipo de leitor: o narrador como que pretende um leitor participante, ativo e não passivo.
(Valentim Facioli. Um defunto estrambótico, 2008. Adaptado.)
Tal comentário aplica-se à obra
Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida.
O Ateneu, de Raul Pompeia.
O cortiço, de Aluísio Azevedo.
Iracema, de José de Alencar.
Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.