(ENEM-2007) Leia: O canto do guerreiro Aqui na floresta Dos ventos batida, Faanhas de bravos No geram escravos, Que estimem a vida Sem guerra e lidar. Ouvi-me, Guerreiros, Ouvi meu cantar. Valente na guerra, Quem h, como eu sou? Quem vibra o tacape Com mais valentia? Quem golpes daria Fatais, como eu dou? Guerreiros, ouvi-me; Quem h, como eu sou? Gonalves Dias. Macunama (Eplogo) Acabou-se a histria e morreu a vitria. No havia mais ningum l. Dera tangolomngolo na tribo Tapanhumas e os filhos dela se acabaram de um em um. No havia mais ningum l. Aqueles lugares, aqueles campos, furos puxadouros arrastadouros meios-barrancos, aqueles matos misteriosos, tudo era solido do deserto... Um silncio imenso dormia beira do rio Uraricoera. Nenhum conhecido sobre a terra no sabia nem falar da tribo nem contar aqueles casos to panudos. Quem podia saber do Heri? Mrio de Andrade. Considerando-se a linguagem desses dois textos, verifica-se que
(Enem/2007) Sobre a exposição de Anita Malfatti, em 1917, que muito influenciaria a Semana de Arte Moderna, Monteiro Lobato escreveu, em artigo intitulado Paranoia ou Mistificação: Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que veem as coisas e em consequência fazem arte pura, guardados os eternos ritmos da vida, e adotados, para a concretização das emoções estéticas, os processos clássicos dos grandes mestres. (...) A outra espécie é formada dos que veem anormalmente a natureza e a interpretam à luz das teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica das escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. (...). Estas considerações são provocadas pela exposição da sra. Malfatti, onde se notam acentuadíssimas tendências para uma atitude estética forçada no sentido das extravagâncias de Picasso cia. O Diário de São Paulo, dez./1917. Em qual das obras a seguir identifica-se o estilo de Anita Malfatti criticado por Monteiro Lobato no artigo?
(ENEM 2007) A figura abaixo é parte de uma campanha publicitária. Com Ciência Ambiental, n.o 10, abr./2007. Essa campanha publicitária relaciona-se diretamente com a seguinte afirmativa:
(ENEM/2007) Texto I Agora Fabiano conseguia arranjar as ideias. O que o segurava era a famlia. Vivia preso como um novilho amarrado ao mouro, suportando ferro quente. Se no fosse isso, um soldado amarelo no lhe pisava o p no. (...) Tinha aqueles cambes pendurados ao pescoo. Deveria continuar a arrast-los? Sinha Vitria dormia mal na cama de varas. Os meninos eram uns brutos, como o pai. Quando crescessem, guardariam as reses de um patro invisvel, seriam pisados, maltratados, machucados por um soldado amarelo. Graciliano Ramos. Vidas Secas. So Paulo: Martins, 23 ed., 1969, p. 75. Texto II Para Graciliano, o roceiro pobre um outro, enigmtico, impermevel. No h soluo fcil para uma tentativa de incorporao dessa figura no campo da fico. lidando com o impasse, ao invs de fceis solues, que Graciliano vai criar Vidas Secas, elaborando uma linguagem, uma estrutura romanesca, uma constituio de narrador em que narrador e criaturas se tocam, mas no se identificam. Em grande medida, o debate acontece porque, para a intelectualidade brasileira naquele momento, o pobre, a despeito de aparecer idealizado em certos aspectos, ainda visto como um ser humano de segunda categoria, simples demais, incapaz de ter pensamentos demasiadamente complexos. O que Vidas Secas faz , com pretenso no envolvimento da voz que controla a narrativa, dar conta de uma riqueza humana de que essas pessoas seriam plenamente capazes. Lus Bueno. Guimares, Clarice e antes. In: Teresa. So Paulo: USP, n 2, 2001, p. 254. No texto II, verifica-se que o autor utiliza
(ENEM-2007) Antigamente Acontecia o indivíduo apanhar constipação; ficando perrengue, mandava o próprio chamar o doutor e, depois, ir à botica para aviar a receita, de cápsulas ou pílulas fedorentas. Doença nefasta era a phtísica, feia era o gálico.Antigamente, os sobrados tinham assombrações, os meninos, lombrigas (...) Carlos Drummond de Andrade. Poesia completa e prosa.Rio de Janeiro: Companhia José Aguilar, p. 1.184. ____________________________________________________________________________________________________________________________________ O texto acima está escrito em linguagem de uma época passada. Observe uma outra versão, em linguagem atual. Antigamente Acontecia o indivíduo apanhar um resfriado; ficando mal, mandava o próprio chamar o doutor e, depois, ir à farmácia para aviar a receita, de cápsulas ou pílulas fedorentas. Doença nefasta era a tuberculose, feia era a sífilis. Antigamente, os sobrados tinham assombrações, os meninos, vermes (...) _______________________________________________________________________________________ Comparando-se esses dois textos, verifica-se que, na segunda versão, houve mudanças relativas a
(ENEM - 2007) O acar O branco acar que adoar meu caf nesta manh de Ipanema no foi produzido por mim nem surgiu dentro do aucareiro por milagre. Vejo-o puro e afvel ao paladar como beijo de moa, gua na pele, flor que se dissolve na boca. Mas este acar no foi feito por mim. Este acar veio da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, [dono da mercearia. Este acar veio de uma usina de acar em Pernambuco ou no Estado do Rio e tampouco o fez o dono da usina. Este acar era cana e veio dos canaviais extensos que no nascem por acaso no regao do vale. () Em usinas escuras, homens de vida amarga e dura produziram este acar branco e puro com que adoo meu caf esta manh em Ipanema. Ferreira Gullar. Toda Poesia. Rio de Janeiro:Civilizao Brasileira, 1980, p. 227-8. A anttese que configura uma imagem da diviso social do trabalho na sociedade brasileira expressa poeticamente na oposio entre a doura do branco acar e