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Questões de Português - ENEM 2009 | Gabarito e resoluções

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Questão 121
2009Português

(ENEM -2009) No decnio de 1870, Franklin Tvora defendeu a tese de que no Brasil havia duas literaturas independentes dentro da mesma lngua: uma do Norte e outra do Sul, regies segundo ele muito diferentes por formao histrica, composio tnica, costumes, modismos lingusticos etc. Por isso, deu aos romances regionais que publicou o ttulo geral de Literatura do Norte. Em nossos dias, um escritor gacho, Viana Moog, procurou mostrar com bastante engenho que no Brasil h, em verdade, literaturas setoriais diversas, refletindo as caractersticas locais. CANDIDO, A. A nova narrativa. A educao pela noite e outros ensaios. So Paulo: tica, 2003. Com relao valorizao, no romance regionalista brasileiro, do homem e da paisagem de determinadas regies nacionais, sabe-se que

Questão 122
2009Português

(ENEM - 2009) Quando eu falo com vocs, procuro usar o cdigo de vocs. A figura do ndio no Brasil de hoje no pode ser aquela de 500 anos atrs, do passado, que representa aquele primeiro contato. Da mesma forma que o Brasil de hoje no o Brasil de ontem, tem 160 milhes de pessoas com diferentes sobrenomes. Vieram para c asiticos, europeus, africanos, e todo mundo quer ser brasileiro. A importante pergunta que ns fazemos : qual o pedao de ndio que vocs tm? O seu cabelo? So seus olhos? Ou o nome da sua rua? O nome da sua praa? Enfim, vocs devem ter um pedao de ndio dentro de vocs. Para ns, o importante que vocs olhem para a gente como seres humanos, como pessoas que nem precisam de paternalismos, nem precisam ser tratadas com privilgios. Ns no queremos tomar o Brasil de vocs, ns queremos compartilhar esse Brasil com vocs. TERENA, M. Debate. MORIN, E. Saberes globais e saberes locais. Rio de Janeiro: Garamond, 2000 (adaptado). Na situao de comunicao da qual o texto foi retirado, a norma padro da lngua portuguesa empregada com a finalidade de

Questão 123
2009Português

(ENEM - 2009) Quando eu falo com vocs, procuro usar o cdigo de vocs. A figura do ndio no Brasil de hoje no pode ser aquela de 500 anos atrs, do passado, que representa aquele primeiro contato. Da mesma forma que o Brasil de hoje no o Brasil de ontem, tem 160 milhes de pessoas com diferentes sobrenomes. Vieram para c asiticos, europeus, africanos, e todo mundo quer ser brasileiro. A importante pergunta que ns fazemos : qual o pedao de ndio que vocs tm? O seu cabelo? So seus olhos? Ou o nome da sua rua? O nome da sua praa? Enfim, vocs devem ter um pedao de ndio dentro de vocs. Para ns, o importante que vocs olhem para a gente como seres humanos, como pessoas que nem precisam de paternalismos, nem precisam ser tratadas com privilgios. Ns no queremos tomar o Brasil de vocs, ns queremos compartilhar esse Brasil com vocs. TERENA, M. Debate. MORIN, E.Saberes globais e saberes locais.Rio de Janeiro: Garamond, 2000 (adaptado). Os procedimentos argumentativos utilizados no texto permitem inferir que o ouvinte/leitor, no qual o emissor foca o seu discurso, pertence

Questão 124
2009Português

(ENEM -2009) Oximoro, ou paradoxismo, uma figura de retrica em que se combinam palavras de sentido oposto que parecem excluir-se mutuamente, mas que, no contexto, reforam a expresso. Dicionrio Eletrnico Houaiss da Lngua Portuguesa. Considerando a definio apresentada, o fragmento potico da obra Cantares, de Hilda Hilst, publicada em 2004, em que pode ser encontrada a referida figura de retrica :

Questão 125
2009Português

(ENEM - 2009) Veja, 7 maio 1997. Na parte superior do anncio, h um comentrio escrito mo que aborda a questo das atividades lingusticas e sua relao com as modalidades oral e escrita da lngua. Esse comentrio deixa evidente uma posio crtica quanto a usos que se fazem da linguagem, enfatizando ser necessrio

Questão 126
2009Português

(ENEM - 2009) BRASIL. Ministrio da Sade. Revista Nordeste, Joo Pessoa, ano 3, n. 35, maio/jun. 2009. O texto exemplifica um gnero textual hbrido entre carta e publicidade oficial. Em seu contedo, possvel perceber aspectos relacionados a gneros digitais. Considerando-se a funo social das informaes geradas nos sistemas de comunicao e informao presentes no texto, infere-se que

Questão 127
2009Português

(ENEM - 2009) BRASIL. Ministrio da Sade. Revista Nordeste, Joo Pessoa, ano 3, n. 35, maio/jun. 2009. Diante dos recursos argumentativos utilizados, depreendese que o texto apresentado

Questão 128
2009Português

(ENEM - 2009) A partida Acordei pela madrugada. A princpio com tranquilidade, e logo com obstinao, quis novamente dormir. Intil, o sono esgotara-se. Com precauo, acendi um fsforo: passava das trs. Restava-me, portanto, menos de duas horas, pois o trem chegaria s cinco. Veio-me ento o desejo de no passar mais nem uma hora naquela casa. Partir, sem dizer nada, deixar quanto antes minhas cadeias de disciplina e de amor. Com receio de fazer barulho, dirigi-me cozinha, lavei o rosto, os dentes, penteei-me e, voltando ao meu quarto, vesti-me. Calcei os sapatos, sentei-me um instante beira da cama. Minha av continuava dormindo. Deveria fugir ou falar com ela? Ora, algumas palavras... Que me custava acord-la, dizer-lhe adeus? LINS, Osman. A partida. Melhores contos. Seleo e prefcio de Sandra Nitrini. So Paulo: Global, 2003. No texto, o personagem-narrador, na iminncia da partida, descreve a sua hesitao em separar-se da av. Esse sentimento contraditrio fica claramente expresso no trecho:

Questão 129
2009Português

(ENEM - 2009) Serafim da Silva Neto defendia a tese da unidade da lngua portuguesa no Brasil, entrevendo que no Brasil as delimitaes dialetais espaciais no eram to marcadas como as isoglossas1 da Romnia Antiga. Mas Paul Teyssier, na sua Histria da Lngua Portuguesa, reconhece que na diversidade socioletal essa pretensa unidade se desfaz. Diz Teyssier: A realidade, porm, que as divises dialetais‟ no Brasil so menos geogrficas que socioculturais. As diferenas na maneira de falar so maiores, num determinado lugar, entre um homem culto e o vizinho analfabeto que entre dois brasileiros do mesmo nvel cultural originrios de duas regies distantes uma da outra. SILVA, R. V. M. O portugus brasileiro e o portugus europeu contemporneo: alguns aspectos da diferena. Disponvel em: www.uniroma.it. Acesso em: 23 jun. 2008. 1isoglossa linha imaginria que, em um mapa, une os pontos de ocorrncia de traos e fenmenos lingusticos idnticos. FERREIRA, A. B. H. Novo dicionrio Aurlio da lngua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. De acordo com as informaes presentes no texto, os pontos de vista de Serafim da Silva Neto e de Paul Teyssier convergem em relao

Questão 130
2009Português

(ENEM - 2009) Nestes ltimos anos, a situao mudou bastante e o Brasil, normalizado, j no nos parece to mtico, no bem e no mal. Houve um mtuo reconhecimento entre os dois pases de expresso portuguesa de um lado e do outro do Atlntico: o Brasil descobriu Portugal e Portugal, em um retorno das caravelas, voltou a descobrir o Brasil e a ser, por seu lado, colonizado por expresses lingusticas, as telenovelas, os romances, a poesia, a comida e as formas de tratamento brasileiros. O mesmo, embora em nvel superficial, dele excludo o plano da lngua, aconteceu com a Europa, que, depois da dispora dos anos 70, depois da insero na cultura da bossa-nova e da msica popular brasileira, da problemtica ecolgica centrada na Amaznia, ou da problemtica social emergente do fenmeno dos meninos de rua, e at do libi ocultista dos romances de Paulo Coelho, continua todos os dias a descobrir, no bem e no mal, o novo Brasil. Se, no fim do sculo XIX, Slvio Romero definia a literatura brasileira como manifestao de um pas mestio, ser fcil para ns defini-la como expresso de um pas polifnico: em que j no determinante o eixo Rio-So Paulo, mas que, em cada regio, desenvolve originalmente a sua unitria e particular tradio cultural. esse, para ns, no incio do sculo XXI, o novo estilo brasileiro. STEGAGNO-PICCHIO, L. Histria da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2004 (adaptado). No texto, a autora mostra como o Brasil, ao longo de sua histria, foi, aos poucos, construindo uma identidade cultural e literria relativamente autnoma frente identidade europeia, em geral, e portuguesa em particular. Sua anlise pressupe, de modo especial, o papel do patrimnio literrio e lingustico, que favoreceu o surgimento daquilo que ela chama de estilo brasileiro. Diante desse pressuposto, e levando em considerao o texto e as diferentes etapas de consolidao da cultura brasileira, constata-se que

Questão 131
2009Português

(ENEM - 2009) Confidncia do Itabirano Alguns anos vivi em Itabira. Principalmente nasci em Itabira. Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro. Noventa por cento de ferro nas caladas. Oitenta por cento de ferro nas almas. E esse alheamento do que na vida porosidade e comunicao. A vontade de amar, que me paralisa o trabalho, vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes. E o hbito de sofrer, que tanto me diverte, doce herana itabirana. De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereo: esta pedra de ferro, futuro ao do Brasil, este So Benedito do velho santeiro Alfredo Duval; este couro de anta, estendido no sof da sala de visitas; este orgulho, esta cabea baixa... Tive ouro, tive gado, tive fazendas. Hoje sou funcionrio pblico. Itabira apenas uma fotografia na parede. Mas como di! ANDRADE, C. D. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003. Carlos Drummond de Andrade um dos expoentes do movimento modernista brasileiro. Com seus poemas, penetrou fundo na alma do Brasil e trabalhou poeticamente as inquietudes e os dilemas humanos. Sua poesia feita de uma relao tensa entre o universal e o particular, como se percebe claramente na construo do poema Confidncia do Itabirano. Tendo em vista os procedimentos de construo do texto literrio e as concepes artsticas modernistas, conclui-se que o poema acima

Questão 132
2009Português

(ENEM -2009) Texto I [...] j foi o tempo em que via a convivncia como vivel, s exigindo deste bem comum, piedosamente, o meu quinho, j foi o tempo em que consentia num contrato, deixando muitas coisas de fora sem ceder contudo no que me era vital, j foi o tempo em que reconhecia a existncia escandalosa de imaginados valores, coluna vertebral de toda ordem; mas no tive sequer o sopro necessrio, e, negado o respiro, me foi imposto o sufoco; esta conscincia que me libera, ela hoje que me empurra, so outras agora minhas preocupaes, hoje outro o meu universo de problemas; num mundo estapafrdio definitivamente fora de foco cedo ou tarde tudo acaba se reduzindo a um ponto de vista, e voc que vive paparicando as cincias humanas, nem suspeita que paparica uma piada: impossvel ordenar o mundo dos valores, ningum arruma a casa do capeta; me recuso pois a pensar naquilo em que no mais acredito, seja o amor, a amizade, a famlia, a igreja, a humanidade; me lixo com tudo isso! me apavora ainda a existncia, mas no tenho medo de ficar sozinho, foi conscientemente que escolhi o exlio, me bastando hoje o cinismo dos grandes indiferentes [...]. NASSAR, R. Um copo de clera. So Paulo: Companhia das Letras, 1992. Texto II Raduan Nassar lanou a novela Um Copo de Clera em 1978, fervilhante narrativa de um confronto verbal entre amantes, em que a fria das palavras cortantes se estilhaava no ar. O embate conjugal ecoava o autoritrio discurso do poder e da submisso de um Brasil que vivia sob o jugo da ditadura militar. COMODO, R. Um silncio inquietante. Isto. Disponvel em: http://www.terra.com.br. Acesso em: 15 jul. 2009. Considerando-se os textos apresentados e o contexto poltico e social no qual foi produzida a obra Um Copo de Clera, verifica-se que o narrador, ao dirigir-se sua parceira, nessa novela, tece um discurso

Questão 133
2009Português

(ENEM - 2009) Texto I [...] j foi o tempo em que via a convivncia como vivel, s exigindo deste bem comum, piedosamente, o meu quinho, j foi o tempo em que consentia num contrato, deixando muitas coisas de fora sem ceder contudo no que me era vital, j foi o tempo em que reconhecia a existncia escandalosa de imaginados valores, coluna vertebral de toda ordem; mas no tive sequer o sopro necessrio, e, negado o respiro, me foi imposto o sufoco; esta conscincia que me libera, ela hoje que me empurra, so outras agora minhas preocupaes, hoje outro o meu universo de problemas; num mundo estapafrdio definitivamente fora de foco cedo ou tarde tudo acaba se reduzindo a um ponto de vista, e voc que vive paparicando as cincias humanas, nem suspeita que paparica uma piada: impossvel ordenar o mundo dos valores, ningum arruma a casa do capeta; me recuso pois a pensar naquilo em que no mais acredito, seja o amor, a amizade, a famlia, a igreja, a humanidade; me lixo com tudo isso! me apavora ainda a existncia, mas no tenho medo de ficar sozinho, foi conscientemente que escolhi o exlio, me bastando hoje o cinismo dos grandes indiferentes [...]. NASSAR, R. Um copo de clera. So Paulo: Companhia das Letras, 1992. Texto II Raduan Nassar lanou a novela Um Copo de Clera em 1978, fervilhante narrativa de um confronto verbal entre amantes, em que a fria das palavras cortantes se estilhaava no ar. O embate conjugal ecoava o autoritrio discurso do poder e da submisso de um Brasil que vivia sob o jugo da ditadura militar. COMODO, R. Um silncio inquietante. Isto. Disponvel em: http://www.terra.com.br. Acesso em: 15 jul. 2009. Na novela Um Copo de Clera, o autor lana mo de recursos estilsticos e expressivos tpicos da literatura produzida na dcada de 70 do sculo passado no Brasil, que, nas palavras do crtico Antonio Candido, aliam vanguarda esttica e amargura poltica. Com relao temtica abordada e concepo narrativa da novela, o texto I

Questão 134
2009Português

(ENEM - 2009) Nunca se falou e se preocupou tanto com o corpo como nos dias atuais. comum ouvirmos anncios de uma nova academia de ginstica, de uma nova forma de dieta, de uma nova tcnica de autoconhecimento e outras prticas de sade alternativa, em sntese, vivemos nos ltimos anos a redescoberta do prazer, voltando nossas atenes ao nosso prprio corpo. Essa valorizao do prazer individualizante se estrutura em um verdadeiro culto ao corpo, em analogia a uma religio, assistimos hoje ao surgimento de novo universo: a corpolatria. CODO, W.; SENNE, W. O que corpo(latria). Coleo Primeiros Passos. Brasiliense, 1985 (adaptado). Sobre esse fenmeno do homem contemporneo presente nas classes sociais brasileiras, principalmente, na classe mdia, a corpolatria

Questão 135
2009Português

(ENEM - 2009) Compare os textos I e II a seguir, que tratam de aspectos ligados a variedades da lngua portuguesa no mundo e no Brasil. Texto I Acompanhando os navegadores, colonizadores e comerciantes portugueses em todas as suas incrveis viagens, a partir do sculo XV, o portugus se transformou na lngua de um imprio. Nesse processo, entrou em contato forado, o mais das vezes; amigvel, em alguns casos com as mais diversas lnguas, passando por processos de variao e de mudana lingustica. Assim, contar a histria do portugus do Brasil mergulhar na sua histria colonial e de pas independente, j que as lnguas no so mecanismos desgarrados dos povos que as utilizam. Nesse cenrio, so muitos os aspectos da estrutura lingustica que no s expressam a diferena entre Portugal e Brasil como tambm definem, no Brasil, diferenas regionais e sociais. PAGOTTO, E. P. Lnguas do Brasil. Disponvel em: http://cienciaecultura.bvs.br. Acesso em: 5 jul. 2009 (adaptado). Texto II Barbarismo vcio que se comete na escritura de cada uma das partes da construo ou na pronunciao. E em nenhuma parte da Terra se comete mais essa figura da pronunciao que nestes reinos, por causa das muitas naes que trouxemos ao jugo do nosso servio. Porque bem como os Gregos e Romanos haviam por brbaras todas as outras naes estranhas a eles, por no poderem formar sua linguagem, assim ns podemos dizer que as naes de frica, Guin, sia, Brasil barbarizam quando querem imitar a nossa. BARROS, J. Gramtica da lngua portuguesa. Porto: Porto Editora, 1957 (adaptado). Os textos abordam o contato da lngua portuguesa com outras lnguas e processos de variao e de mudana decorridos desse contato. Da comparao entre os textos, conclui-se que a posio de Joo de Barros (Texto II), em relao aos usos sociais da linguagem, revela

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