(ENEM - 2019) Dizem que Humboldt, naturalista do sculo XIX, maravilhado pela geografia, flora e fauna da regio sul-americana, via seus habitantes como se fossem mendigos sentados sobre um saco de ouro, referindo-se a suas incomensurveis riquezas naturais no exploradas. De alguma maneira, o cientista ratificou nosso papel de exportadores de natureza no que seria o mundo depois da colonizao ibrica: enxergou-nos como territrios condenados a aproveitar os recursos naturais existentes. ACOSTA, A. Bem viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos. So Paulo: Elefante, 2016 (adaptado). A relao entre ser humano e natureza ressaltada no texto refletia a permanncia da seguinte corrente filosfica:
(ENEM - 2019) A hospitalidade pura consiste em acolher aquele que chega antes de lhe impor condies, antes de saber e indagar o que quer que seja, ainda que seja um nome ou um documento de identidade. Mas ela tambm supe que dirija a ele, de maneira singular, chamando-o portanto e reconhecendo-lhe um nome prprio: Como voc se chama? A hospitalidade consiste em fazer tudo para se dirigir ao outro, em lhe conceder, at mesmo perguntar seu nome, evitando que essa pergunta se torne uma condio, um inqurito policial, um fichamento ou um simples controle das fronteiras. Uma arte e uma potica, mas tambm toda uma poltica dependem disso, toda uma tica se decide a. DERRIDA, J. Papel-mquina. So Paulo: Estao Liberdade, 2004 (adaptado). Associado ao contexto migratrio contemporneo, o conceito de hospitalidade proposto pelo autor impe a necessidade de
(ENEM - 2019) Em sentido geral e fundamental, Direito a tcnica da coexistncia humana, isto , a tcnica voltada a tornar possvel a coexistncia dos homens. Como tcnica, o Direito se concretiza em um conjunto de regras (que, nesse caso, so leis ou normas); e tais regras tm por objeto o comportamento intersubjetivo, isto , o comportamento recproco dos homens entre si. ABBAGNANO, N. Dicionrio de Filosofia. So Paulo: Martins Fontes, 2007. O sentido geral e fundamental do Direito, conforme foi destacado, refere-se
(ENEM - 2019) De fato, no porque o homem pode usar a vontade livre para pecar que se deve supor que Deus a concedeu para isso. H, portanto, uma razo pela qual Deus deu ao homem esta caracterstica, pois sem ela no poderia viver e agir corretamente. Pode-se compreender, ento, que ela foi concedida ao homem para esse fim, considerando-se que se um homem a usa para pecar, recairo sobre ele as punies divinas. Ora, isso seria injusto se a vontade livre tivesse sido dada ao homem no apenas para agir corretamente, mas tambm para pecar. Na verdade, porque deveria ser punido aquele que usasse sua vontade para o fim para o qual ela lhe foi dada? AGOSTINHO. O livre-arbtrio. ln: MARCONDES, D. Textos bsicos de tica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008. Nesse texto, o filsofo cristo Agostinho de Hipona sustenta que a punio divina tem como fundamento o(a)
(ENEM - 2019) Para Maquiavel, quando um homem decide dizer a verdade pondo em risco a prpria integridade fsica, tal resoluo diz respeito apenas a sua pessoa. Mas se esse mesmo homem um chefe de Estado, os critrios pessoais no so mais adequados para decidir sobre aes cujas consequncias se tomam to amplas, j que o prejuzo no ser apenas individual, mas coletivo. Nesse caso, conforme as circunstncias e os fins a serem atingidos, pode-se decidir que o melhor para o bem comum seja mentir. ARANHA, M. L. Maquiavel: a lgica da fora. So Paulo: Moderna, 2006 (adaptado). O texto aponta uma inovao na teoria politica na poca moderna expressa na distino entre:
(ENEM - 2019) TEXTO 1 Considero apropriado deter-me algum tempo na contemplao deste Deus todo perfeito, ponderar totalmente vontade seus maravilhosos atributos, considerar, admirar e adorar a incomparvel beleza dessa imensa luz. DESCARTES, R. Meditaes. So Paulo: Abril Cultural, 1980. TEXTO 2 Qual ser a forma mais razovel de entender como o mundo? Existir alguma boa razo para acreditar que o mundo foi criado por uma divindade todo-poderosa? No podemos dizer que a crena em Deus apenas uma questo de f. RACHELS, J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009. Os textos abordam um questionamento da construo da modernidade que defende um modelo
(ENEM - 2019) Penso que no h um sujeito soberano, fundador, uma forma universal de sujeito que poderamos encontrar em todos os lugares. Penso, pelo contrrio, que o sujeito se constitui atravs das prticas de sujeio ou, de maneira mais autnoma, atravs de prticas de liberao, de liberdade, como na Antiguidade a partir, obviamente, de um certo nmero de regras, de estilos, que podemos encontrar no meio cultural. FOUCAULT, M. Ditos e escritos V: tica, sexualidade, poltica. Rio de Janeiro: Forense Universitria, 2004. O texto aponta que a subjetivao se efetiva numa dimenso:
(ENEM - 2019) TEXTO 1 Os segredos da natureza se revelam mais sob a tortura dos experimentos do que no seu curso natural. BACON, F. Novum Organum, 1620.1n: HADOT, P. O vu de Isis: ensaio sobre a histria da ideia de natureza. So Paulo: Loyola, 2006. TEXTO II O ser humano, totalmente desintegrado do todo, no percebe mais as relaes de equilbrio da natureza. Age de forma totalmente desarmnica sobre o ambiente, causando grandes desequilbrios ambientais. GUIMARES, M. A dimenso ambiental na educao. Campinas: Papirus, 1995. Os textos indicam uma relao da sociedade diante da natureza caracterizada pela
(ENEM - 2019) Essa atmosfera de loucura e irrealidade, criada pela aparente ausncia de propsitos, a verdadeira cortina de ferro que esconde dos olhos do mundo todas as formas de campos de concentrao. Vistos de fora, os campos e o que neles acontece s podem ser descritos com imagens extraterrenas, como se a vida fosse neles separada das finalidades deste mundo. Mais que o arame farpado, a irrealidade dos detentos que ele confina que provoca uma crueldade to incrvel que termina levando aceitao do extermnio como soluo perfeitamente normal. ARENDT, H. Origens do totalitarismo. So Paulo: Cia. das Letras, 1989 (adaptado). A partir da anlise da autora, no encontro das temporalidades histricas, evidencia-se uma crtica naturalizao do(a):
(ENEM - 2019) TEXTO l Duas coisas enchem o nimo de admirao e venerao sempre crescentes: o cu estrelado sobre mim e a lei moral em mim. KANT, I. Crtica da razo prtica. Lisboa: Edies 70 , s/d (adaptado) TEXTO ll Duas coisas admiro: a dura lei cobrindo-me e o estrelado cu dentro de mim. FONTELA, O. Kant (relido). In: Poesia completa.So Paulo, Hedra, 2015. A releitura realizada pela poeta inverte as seguintes ideias centrais do pensamento kantiano: