(ENEM - 2021)
Nem guerras, nem revoltas. Os incêndios eram o mais frequente tormento do Regnum Italicum. Entre 880 e 1080 as cidades estiveram completamente entregues ao apetite das chamas. A certa altura, a documentação parece vencer pela insistência do vocabulário, levando até o leitor mais crítico a cogitar que os medievais tinham razão ao tratar aqueles acontecimentos como castigos que antecederam o julgamento final. Como o quinto cavaleiro apocalíptico, o incêndio agia ao feitio da peste ou da fome: vagando mundo afora, retornava de tempos em tempos e expurgava justos e pecadores num tormanto derradeiro, como insistiam os texto do século X. O impacto acarretado sobre as relações sociais era imediato e prolongava-se para além da destruição material. As medidas proclamadas pelas autoridades faziam mais do que reparar os danos e reconstruir a paisagem: elas convertiam a devastação em uma ocasião para alterar e expandir não só a topografia urbana, mas as práticas sociais até então vigentes.
RUST, L. D. Uma Calamidade Insaciável. Rev. Bras. Hist, n 72, maio-ago. 2016 (adaptado)
De acordo com o texto, a catástrofe descrita impactava as sociedades medievais por proporcionar a :
correção dos métodos preventivos e das regras sanitárias
revelação do descaso público e das degradaçoes ambientais
transformação do imaginário popular e das crenças religiosas
remodelação dos espaços políticos e das administrações locais
reconfiguração dos espaços ocupados e das dinâmicas comunitárias