(ENEM - 2021)
Devagar, devagarinho
Desacelerar é preciso. Acelerar não é preciso. Afobados e voltados para o próprio umbigo, operamos, automatizados, falas robóticas e silêncios glaciais. Ilustra bem esse estado de espírito a música Sinal fechado (1969), de Paulinho da Viola. Trata-se da história de dois sujeitos que se encontram inesperadamente em um sinal de trânsito. A conversa entre ambos, porém, se deu rápida e rasteira. Logo, os personagens despedem, com a promessa de se verem em outra oportunidade. Percebe-se um registro de comunicação vazia e superficial, cuja tônica foi o contato ligeiro e superficial construído pelos interlocutores: "Olá, como vai? / Eu vou indo e você, tudo bem? / Tudo bem, eu vou indo correndo, / pegar meu lugar no futuro. E você? / Tudo bem, eu vou indo em busca de un sono / tranquilo, quem sabe? / Quanto tempo .. / Pois é, quanto tempo... / Me perdoa a pressa / é a alma dos nossos negócios / Oh¹ Não tem de quê. / Eu também só ando a cem".
O culto à velocidade, no contexto apresentado, se coloca como fruto de um imediatismo processual que celebra o alcance dos fins sem dimensionar a qualidade dos meios necessários para atingir determinado propósito. Tal conjuntura favorece a lei do menor esforço - a comodidade - e prejudica a lei do maior esforço - a dignidade.
Como modelo alternativo à cultura fast, temos o movimento slow life, cujo proposito, resumidamente, é conscientizar as pessoas de que a pressa é inimiga de perfeição e do prazer, buscando assim reeducar seus sentidos para desfrutar melhor os abores da vida.
SILVA, M. F, L Boletim UFMG, n 1749, set 2011 (adaptado)
Nesse artigo de opinião, a apresentação da letra da canção Sinal fechado é uma estratégia argumentativa que visa sensibilizar o leitor porque
adverte sobre os riscos que o ritmo acelerado da vida oferece.
exemplifica o fato criticado no texto com uma situação concreta.
contrapõe situações de aceleração e de serenidade na vida das pessoas.
questiona o clichê sobre a rapidez e a aceeração da vida moderna
apresenta soluções para a cultura da correria que as pessoas vivenciam hoje