(FUVEST - 2002 - 1a fase) Talvez parea excessivo o escrpulo do Cotrim, a quem no souber que ele possua um carter ferozmente honrado. Eu mesmo fui injusto com ele durante os anos que se seguiram ao inventrio de meu pai. Reconheo que era um modelo. Arguiam-no de avareza, e cuido que tinham razo; mas a avareza apenas a exagerao de uma virtude e as virtudes devem ser como os oramentos: melhor o saldo que o deficit. Como era muito seco de maneiras tinha inimigos, que chegavam a acus-lo de brbaro. O nico fato alegado neste particular era o de mandar com frequncia escravos ao calabouo, donde eles desciam a escorrer sangue; mas, alm de que ele s mandava os perversos e os fujes, ocorre que, tendo longamente contrabandeado em escravos, habituara-se de certo modo ao trato um pouco mais duro que esse gnero de negcio requeria, e no se pode honestamente atribuir ndole original de um homem o que puro efeito de relaes sociais. (Machado de Assis,Memrias pstumas de Brs Cubas) As relaes entre senhores e escravos, referidas no excerto,
(FUVEST - 2002 - 1a fase) Talvez parea excessivo o escrpulo do Cotrim, a quem no souber que ele possua um carter ferozmente honrado. Eu mesmo fui injusto com ele durante os anos que se seguiram ao inventrio de meu pai. Reconheo que era um modelo. Arguiam-no de avareza, e cuido que tinham razo; mas a avareza apenas a exagerao de uma virtude e as virtudes devem ser como os oramentos: melhor o saldo que o deficit. Como era muito seco de maneiras tinha inimigos, que chegavam a acus-lo de brbaro. O nico fato alegado neste particular era o de mandar com frequncia escravos ao calabouo, donde eles desciam a escorrer sangue; mas, alm de que ele s mandava os perversos e os fujes, ocorre que, tendo longamente contrabandeado em escravos, habituara-se de certo modo ao trato um pouco mais duro que esse gnero de negcio requeria, e no se pode honestamente atribuir ndole original de um homem o que puro efeito de relaes sociais. (Machado de Assis, Memrias pstumas de Brs Cubas) O efeito expressivo obtido em ferozmente honrado resulta de uma inesperada associao de advrbio com adjetivo, que tambm se verifica em:
(FUVEST - 2002 - 1a fase) Reflorestar as margens dos rios Pinheiros e Tiet, arborizar praas, ruas e escolas, criar novos parques, melhorar a qualidade do ar e da vida das pessoas, aumentar a conscincia ecolgica dos adultos e das futuras geraes. (...) Logo, logo voc vai ver o Pomar em cada canto da cidade. Projeto Pomar. Concreto aqui, s os resultados. (Adaptado de ISTO, 19/9/2001) Considerando-se o contexto deste anncio, o tipo de efeito de sentido que ocorre na expresso deixa no ar tambm se verifica em:
(FUVEST - 2002 - 1a fase) Reflorestar as margens dos rios Pinheiros e Tiet, arborizar praas, ruas e escolas, criar novos parques, melhorar a qualidade do ar e da vida das pessoas, aumentar a conscincia ecolgica dos adultos e das futuras geraes. (...) Logo, logo voc vai ver o Pomar em cada canto da cidade. Projeto Pomar. Concreto aqui, s os resultados. (Adaptado de ISTO, 19/9/2001) Considerada no contexto do anncio, a imagem pretende indicar, principalmente,
(FUVEST - 2002 - 1a fase) A caracterstica da relao do adulto com o velho a falta de reciprocidade que se pode traduzir numa tolerncia sem o calor da sinceridade. No se discute com o velho, no se confrontam opinies com as dele, negando-lhe a oportunidade de desenvolver o que s se permite aos amigos: a alteridade, a contradio, o afrontamento e mesmo o conflito. Quantas relaes humanas so pobres e banais porque deixamos que o outro se expresse de modo repetitivo e porque nos desviamos das reas de atrito, dos pontos vitais, de tudo o que em nosso confronto pudesse causar o crescimento e a dor! Se a tolerncia com os velhos entendida assim, como uma abdicao do dilogo, melhor seria dar-lhe o nome de banimento ou discriminao. (Ecla Bosi, Memria e sociedade Lembranas de velhos) Na avaliao da autora, o que habitualmente caracteriza a relao do adulto com o velho
(FUVEST - 2002 - 1a fase) A caracterstica da relao do adulto com o velho a falta de reciprocidade que se pode traduzir numa tolerncia sem o calor da sinceridade. No se discute com o velho, no se confrontam opinies com as dele, negando-lhe a oportunidade de desenvolver o que s se permite aos amigos: a alteridade, a contradio, o afrontamento e mesmo o conflito. Quantas relaes humanas so pobres e banais porque deixamos que o outro se expresse de modo repetitivo e porque nos desviamos das reas de atrito, dos pontos vitais, de tudo o que em nosso confronto pudesse causar o crescimento e a dor! Se a tolerncia com os velhos entendida assim, como uma abdicao do dilogo, melhor seria dar-lhe o nome de banimento ou discriminao. (Ecla Bosi,Memria e sociedade Lembranas de velhos) Considerando-se o sentido do conjunto do texto, correto afirmar que
(FUVEST - 2002 - 1a fase) A caracterstica da relao do adulto com o velho a falta de reciprocidade que se pode traduzir numa tolerncia sem o calor da sinceridade. No se discute com o velho, no se confrontam opinies com as dele, negando-lhe a oportunidade de desenvolver o que s se permite aos amigos: a alteridade, a contradio, o afrontamento e mesmo o conflito. Quantas relaes humanas so pobres e banais porque deixamos que o outro se expresse de modo repetitivo e porque nos desviamos das reas de atrito, dos pontos vitais, de tudo o que em nosso confronto pudesse causar o crescimento e a dor! Se a tolerncia com os velhos entendida assim, como uma abdicao do dilogo, melhor seria dar-lhe o nome de banimento ou discriminao. (Ecla Bosi,Memria e sociedade Lembranas de velhos) O termo alteridade liga-se, pelo radical e pelo sentido, a uma palavra que aparece no trecho:
(FUVEST - 2002 - 1a fase) A caracterstica da relao do adulto com o velho a falta de reciprocidade que se pode traduzir numa tolerncia sem o calor da sinceridade. No se discute com o velho, no se confrontam opinies com as dele, negando-lhe a oportunidade de desenvolver o que s se permite aos amigos: a alteridade, a contradio, o afrontamento e mesmo o conflito. Quantas relaes humanas so pobres e banais porque deixamos que o outro se expresse de modo repetitivo e porque nos desviamos das reas de atrito, dos pontos vitais, de tudo o que em nosso confronto pudesse causar o crescimento e a dor! Se a tolerncia com os velhos entendida assim, como uma abdicao do dilogo, melhor seria dar-lhe o nome de banimento ou discriminao. (Ecla Bosi,Memria e sociedade Lembranas de velhos) A frase em que a palavra sublinhada preserva o sentido com que foi empregada no texto :
(FUVEST - 2002 - 1a fase) Antnio. Assim se chamava meu pai, vindo de Piracicaba, cidade do interior de So Paulo. (...) Foi saco de pancada quando pequeno, pois meu av paterno levava ao exagero a filosofia do quem d o po d o ensino. No entanto nunca se referiu de maneira rancorosa a esses castigos, nem achou necessrio desforrar-se em mim do tanto que havia apanhado. Quando as coisas no lhe agradavam, preferia gargalhar num jeito muito seu, que lembrava bola de pingue-pongue descendo lentamente uma escada. Duas vezes apenas botou de lado esse tipo de reao. (Mrio Lago, Na rolana do tempo) Considere as seguintes afirmaes: I. A frase quem d o po d o ensino a que apresenta marcas mais visveis do gnero narrativo, ao qual pertence o texto. II. Em nem achou necessrio expressa-se juzo subjetivo do narrador. III. A expresso duas vezes apenas, na ltima frase, aponta para excees que confirmam a validade de uma regra habitual, formulada na frase anterior. Em relao ao texto, est correto somente o que se afirma em
(FUVEST - 2002 - 1a fase) Antnio. Assim se chamava meu pai, vindo de Piracicaba, cidade do interior de So Paulo. (...) Foi saco de pancada quando pequeno, pois meu av paterno levava ao exagero a filosofia do quem d o po d o ensino. No entanto nunca se referiu de maneira rancorosa a esses castigos, nem achou necessrio desforrar-se em mim do tanto que havia apanhado. Quando as coisas no lhe agradavam, preferia gargalhar num jeito muito seu, que lembrava bola de pingue-pongue descendo lentamente uma escada. Duas vezes apenas botou de lado esse tipo de reao. (Mrio Lago,Na rolana do tempo) O autor estabelece uma comparao entre
(FUVEST - 2002 - 1a fase) Considere as seguintes comparaes entre Vidas secas e A hora da estrela: I. Os narradores de ambos os livros adotam um estilo sbrio e contido, avesso a expanses emocionais, condizente com o mundo de escassez e privao que retratam. II. Em ambos os livros, a carncia de linguagem e as dificuldades de expresso, presentes, por exemplo, em Fabiano e Macaba, manifestam aspectos da opresso social. III. A personagem sinha Vitria (Vidas secas), por viver isolada em meio rural, no possui elementos de referncia que a faam aspirar por bens que no possui; j Macaba, por viver em meio urbano, possui sonhos tpicos da sociedade de consumo. Est correto apenas o que se afirma em
(FUVEST - 2002 - 2 FASE) E no h melhor resposta que o espetculo da vida: v-la desfiar seu fio, que tambm se chama vida, ver a fbrica que ela mesma, teimosamente, se fabrica, v-la brotar como h pouco em nova vida explodida; mesmo quando assim pequena a exploso, como a ocorrida; mesmo quando uma exploso como a de h pouco, franzina; mesmo quando a exploso de uma vida severina. (Joo Cabral de Melo Neto, Morte e vida severina) a) A fim de obter um efeito expressivo, o poeta utiliza, em a fbrica e se fabrica, um substantivo e um verbo que tm o mesmo radical. Cite da estrofe outro exemplo desse mesmo recurso expressivo. b) A expressividade dos seis ltimos versos decorre, em parte, do jogo de oposies entre palavras. Cite desse trecho um exemplo em que a oposio entre as palavras seja de natureza semntica.
(FUVEST - 2002 - 2 FASE) Nas frases abaixo, h falta de paralelismo sinttico. Reescreva-as, mantendo seu sentido e fazendo apenas as alteraes necessrias para que se estabelea o paralelismo. a) Funcionrios cogitam uma nova greve e isolar o governador. b) Essa reforma agrria, por um lado, fixa o homem no campo, mas no lhe fornece os meios de subsistncia e de produzir.
(FUVEST - 2002 - 2 FASE) Dilogo ultra-rpido Eu queria propor-lhe uma troca de idias ... Deus me livre! (Mrio Quintana) No dilogo acima, a personagem que responde: Deus me livre! cria um efeito de humor com o sentido implcito de sua frase fulminante. a) Continue a frase Deus me livre!, de modo que a personagem explicite o que estava implcito nessa frase. b) Transforme o dilogo acima em um nico perodo, utilizando apenas o discurso indireto e conservando o sentido do texto.
(FUVEST - 2002 - 2 FASE) O que di nem a frase (Quem paga seu salrio sou eu), mas a postura arrogante. Voc fala e o aluno nem presta ateno, como se voc fosse uma empregada. (Adaptado de entrevista dada por uma professora. Folha de S. Paulo, 03/06/01) a) A quem se refere o pronome voc, tal como foi usado pela professora? Esse uso prprio de que variedade lingstica? b) No trecho como se voc fosse uma empregada, fica pressuposto algum tipo de discriminao social? Justifique sua resposta.