(FUVEST - 2002 - 1a fase)
A característica da relação do adulto com o velho é a falta de reciprocidade que se pode traduzir numa tolerância sem o calor da sinceridade. Não se discute com o velho, não se confrontam opiniões com as dele, negando-lhe a oportunidade de desenvolver o que só se permite aos amigos: a alteridade, a contradição, o afrontamento e mesmo o conflito. Quantas relações humanas são pobres e banais porque deixamos que o outro se expresse de modo repetitivo e porque nos desviamos das áreas de atrito, dos pontos vitais, de tudo o que em nosso confronto pudesse causar o crescimento e a dor! Se a tolerância com os velhos é entendida assim, como uma abdicação do diálogo, melhor seria dar-lhe o nome de banimento ou discriminação.
(Ecléa Bosi, Memória e sociedade – Lembranças de velhos)
Considerando-se o sentido do conjunto do texto, é correto afirmar que
as palavras “crescimento” e “dor” são utilizadas de modo a constituírem um paradoxo.
as palavras “alteridade”, “contradição”, “afrontamento” e “conflito” encadeiam-se numa progressão semântica.
a expressão “abdicação do diálogo” tem significação oposta à da expressão “tolerância sem o calor da sinceridade”.
a expressão “o que só se permite” está empregada com o sentido de “o que nunca se faculta”.
a expressão “nos desviamos das áreas de atrito” está empregada com o sentido oposto ao da expressão “aparamos todas as arestas”.