(FUVEST - 2008 - 1ª FASE)
A borboleta
Cada vez que o poeta cria uma borboleta, o leitor exclama: “Olha uma borboleta!” O crítico ajusta os nasóculos e, ante aquele pedaço esvoaçante de vida, murmura: Ah!, sim, um lepidóptero...
Mário Quintana, Caderno H.
asóculos = óculos sem hastes, ajustáveis ao nariz.
Depreende-se desse fragmento que, para Mário Quintana,
a crítica de poesia é meticulosa e exata quando acolhe e valoriza uma imagem poética.
uma imagem poética logo se converte, na visão de um crítico, em um referente prosaico.
o leitor e o poeta relacionam-se de maneira antagônica com o fenômeno poético.
o poeta e o crítico sabem reconhecer a poesia de uma expressão como “pedaço esvoaçante de vida”.
palavras como “borboleta” ou “lepidóptero” mostram que há convergência entre as linguagens da ciência e da poesia.