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(FUVEST -2010 - 1 FASE )[Jos Dias] Teve um pequeno

Português | Interpretação de texto | narração | elementos da narrativa | personagem na narrativa
Português | Literatura | realismo e naturalismo | realismo no Brasil | Machado de Assis
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(FUVEST -  2010 - 1 FASE )

[José Dias] Teve um pequeno legado no testamento, uma apólice e quatro palavras de louvor. Copiou as palavras, encaixilhou-as e pendurou-as no quarto, por cima da cama. “Esta é a melhor apólice”, dizia ele muita vez. Com o tempo, adquiriu certa autoridade na família, certa audiência, ao menos; não abusava, e sabia opinar obedecendo. Ao cabo, era amigo, não direi ótimo, mas nem tudo é ótimo neste mundo. E não lhe suponhas alma subalterna; as cortesias que fizesse vinham antes do cálculo que da índole. A roupa durava-lhe muito; ao contrário das pessoas que enxovalham depressa o vestido novo, ele trazia o velho escovado e liso, cerzido, abotoado, de uma elegância pobre e modesta. Era lido, posto que de atropelo, o bastante para divertir ao serão e à sobremesa, ou explicar algum fenômeno, falar dos efeitos do calor e do frio, dos polos e de Robespierre. Contava muita vez uma viagem que fizera à Europa, e confessava que a não sermos nós, já teria voltado para lá; tinha amigos em Lisboa, mas a nossa família, dizia ele, abaixo de Deus, era tudo.

Machado de Assis, Dom Casmurro.

No texto, o narrador diz que José Dias “sabia opinar obedecendo”. Considerada no contexto da obra, essa característica da personagem é motivada, principalmente, pelo fato de José Dias ser

A

um homem culto, porém autodidata.

B

homeopata, mas usuário da alopatia.

C

pessoa de opiniões inflexíveis, mas também um homem naturalmente cortês.

D

um homem livre, mas dependente da família proprietária.

E

católico praticante e devoto, porém perverso.